Tenho uma solicitação de amizade de uma página Facebook titulada "Costinha Fafe" que vou recusar.
Para quem não sabe, o Costinha é uma pessoa especial, figura emblemática das ruas de Fafe, igual a tantos outros de outras tantas terras portuguesas, que noutros tempos caía na categoria dos loucos da terra e que agora, muito mais justamente, apelidamos de pessoas com deficiência, embora as mais recentes abordagens recusem esta designação optando pela diferença. Pessoa diferente portanto!
Diferente pelo menos ao ponto de não conseguir dominar as ferramentas necessárias ao registo e à manutenção de uma página pessoal no Facebook. Incapaz de compreender as subtilezas da vida moderna, analfabeto e certamente, muito seguramente, ignorante do funcionamento, e da utilidade pessoal, destas e outras redes sociais com plataforma na internet.
Sei que tudo é, quase tudo, permitido na rede, mas exijo para mim e para com quem me relaciono um respeito profundo pelo ser humano. Senão bloqueio e denuncio!
Também aqui há que haver sanções ao mau comportamento, ao desvio e ao desrespeito pelos outros. E é isso que nesta construção não cabe o respeito que o Costinha nos merece. Não faço a mínima ideia de quem foi a originalidade desta página, nem a motivação que o(s) anima, que até pode ser perfeitamente benévola, de simpatia pela pessoa em causa, mas lembro ao arquitecto de tal página que o Costinha, tal como todos nós, é detentor de pleno direitos relativos à integridade da sua imagem, personalidade e identidade. Tudo aspectos que são violados pela página em questão!
Deixo aqui um apelo ao autor de tal mau gosto, ponha-lhe um fim em nome dos princípios que enunciei, e que são garantidos legalmente para mim, para si e para os seus, como quero que sejam para o Costinha.
Para consulta rápida, para se perceber do que estou a falar:
http://pt-pt.facebook.com/people/Costinha-Fafe/100001483511154
http://www.facebook.com/terms.php?ref=pf
Albino Costa
1 comentário:
Este texto do Albino Costa revelou algo que começa a escassear: bom senso. Desde há muito se tem verificado que a net é um grande caldo, onde tudo e parece ter legitimidade para se expressar. Ora, por um lado democratiza, por outro abandalha. O problema está na ilusão de que, quem participa nos mecanismos sociais da net está a revelar-se culturalmente evoluído, seja qual for o conteúdo. O que o Albino mostrou é que não é bem assim. Primeiro porque o eterno «fun» inerente à tentativa de agrado social é vazio e a pseudo-liberdade sentida pode muito bem colocar em causa o nosso papel de ser humano que nos remete para uma leitura iluminista e que tantos anos levou a construir. O que não se deve esquecer é a responsabilidade e o bom senso, palavra cada vez mais esquecida, que deve presidir a tudo o que escrevemos, porque se torna rapidamente global, o que torna ainda mais urgente a ideia de que não podemos usar os outros nem coarctar a sua liberdade. Parabéns pelo texto.
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