27 julho 2011

Ser Solidário

O programa “Ser Solidário”, visa ocupar os jovens do concelho com actividades de carácter ocupacional e didáctico, possibilitando ainda um primeiro contacto com a realidade profissional, uma valorização da responsabilidade pessoal e compromisso com a sociedade, fomentando ainda o espírito de equipa e organização, recebendo os jovens pelo desempenho das suas funções durante os oito meses de vigência do programa, ou seja um ano lectivo, uma bolsa mensal de 200€.
Trata-se de um programa dinamizado pelo Município de Fafe específico para jovens que não concluíram o 12.º ano, deixando no máximo três disciplinas em atraso e matriculado para a sua conclusão, e para jovens que não tenham conseguido ingressar no Ensino Superior.
Todos os interessados em aderir ao programa “Ser Solidário” em 2011/2012, podem fazer a sua inscrição no Serviço Social do Município, de 1 a 15 de setembro, munidos de toda a sua documentação identificativa e o IRS do agregado familiar que integram.
O prazo de candidatura para as Instituições é o mesmo, devendo a mesma ser efetuada através de ofício dirigido ao Presidente do Município.

23 julho 2011

O Intelectual e o Político

Daniel Bastos, de quem sou «amigo» numa rede social, publicou no seu mural a referência a uma entrevista concedida ao Povo de Fafe. Não conheço pessoalmente Daniel Bastos, como começo a desconhecer muitas das personalidades que vão promovendo Fafe, mas reconheço-lhe dinamismo suficiente para o considerar o futuro vereador da Cultura, caso, obviamente, o PS continue a ser hegemónico em Fafe. Esta entrevista demarca muito bem o modus operandi intelectual do político. Se no plano intelectual Daniel Bastos acrescenta o rigor da análise das fontes à objectividade histórica, no plano político já não será bem assim.
Nesta entrevista esconde-se o político. Com um discurso «redondo», parece lá tudo caber. Quando afirma que é do PS por defender «uma ética republicana, inspiradora de valores solidários fraternais» aplica uma fórmula muito comum nos políticos: dizer tudo para nada dizer. Um elemento PSD pode muito bem defender tal máxima, assim como o mais ortodoxo do Comité Central. Aliás, sabemos que na primeira República pouca ou nenhuma foi a execução destes ideários. É certo que os podemos encontrar desde a Geração de 70, mas também é evidente que tudo isso não passou disso mesmo. A certa altura Daniel Bastos afirma que a Juventude Socialista é uma escola de cidadania. Ora, há que esclarecer muito bem este conceito. Pelos seus estudos pós-graduados em filosofia é importante que antes de aplicar um conceito o saiba caracterizar muito bem. Creio mesmo que a forma produtiva de pastorícia predominante nos partidos políticos é um exemplo de má cidadania. Na Pólis a Ágora é um espaço que exige um desprendimento e distanciamento face ao poder, onde os ideais racionais, e não propriamente dito republicanos, devem imperar. Não é o que faz Bastos. Numa pergunta feita pelo autor da entrevista (que parece ser Dr. tal como Daniel Bastos o é) sobre o defunto governo, responde de uma forma redonda, não demonstrando qualquer distanciamento crítico e mostrando como é que os jotas devem responder a uma pergunta: procurando uma forma de nos sentirmos surpreendidos com aquilo que já estávamos à espera. Efectivamente, a resposta dada poderia ser fornecida por qualquer pessoa do aparelho, pelo menos por aqueles que frequentam as tais escolas de cidadania.
Termina a entrevista, depois de inúmeros Drs, dizendo que apoia Seguro. Curiosamente Seguro sempre foi um crítico de Sócrates, pelo menos por detrás das cortinas de Ferro. Temos aqui um potencial vereador.

António Daniel

18 julho 2011

Uma Arquitectura a Preservar!

Qualquer cidadão, sem formação técnica ou alguma qualificação no domínio da arquitectura, consegue identificar, com facilidade, os erros urbanísticos cometidos na nossa cidade. Ao passearmos no centro, qualquer leigo repara na singularidade de um “Royal Center” ou nos novos edifícios “modernistas” ao lado da Câmara Municipal. Estranha que uma torre que dizem ser um centro comercial ladeie com exemplares térreos de casas brasileiras. Edifícios de elevado valor municipal foram, lamentavelmente, destruídos com a conivência de políticos pouco visionários. Os novos ventos da modernidade trazidos após 25 de Abril originaram uma lamentável devastação de edifícios de valor histórico inquestionável. Embora este fenómeno tenha atingido grande parte das urbes deste país, no caso de Fafe esta situação assume particular gravidade.
Recordar a inépcia com que se abateram exemplares únicos de arquitectura brasileira é olhar para um passado sem retorno, é olhar para um património e para uma marca identitária que valorizaria Fafe, valorizaria as sucessivas gerações de fafenses e promoveria mais turismo e outra economia urbana. (Custa mesmo a perceber que responsáveis do turismo tivemos ao longo dos tempos que nunca levantaram, nem levantam, qualquer celeuma perante o lapidar do nosso património cultural e arquitectónico...)
Sem termos a história ou a monumentalidade de uma cidade como Guimarães, poderíamos hoje ter a identidade da “Cidade dos Brasileiros” em vez de nos andarmos a equivocar com o “Amor de Cidade” ou uma suposta “Sala de Visitas” que tão bem recebe mas tão mal trata o seu património.
Uma das formas de prevenir erros futuros no planeamento urbanístico de Fafe é olhar para as asneiras do passado para que as mesmas não se repitam. Por isso, é errado pensar que o modo como construímos e planeamos uma cidade esteja reservado, apenas, a supostos técnicos na área e às autoridades políticas e autárquicas. Pensar a cidade de Fafe, pensar o espaço urbano, requer a intervenção de todos os fafenses que se preocupam com a qualificação e a organização de Fafe. Actualmente, temos uma sociedade mais esclarecida, outra educação patrimonial e consciências mais despertas. Apontamos o dedo mais facilmente à incompetência técnica, à demagogia política e conhecemos melhor o mercado da especulação imobiliária e sua ligação com a corrupção, o tráfico de influências ou o financiamento partidário.
Por isso, a salvaguarda deste património compete-nos a nós! Que saibamos, todos, honrar a memória, o trabalho e o exemplo de Miguel Monteiro na preservação desta nossa arquitectura ímpar.

Pedro Fernandes

08 julho 2011

Para Onde os Fafenses vão Levar a AD Fafe?

Participei no jantar de comemoração do 53º aniversário da AD Fafe. Fi-lo na qualidade de sócio e vogal da direcção que estava a 3 dias de terminar o mandato.
Saí daquele jantar completamente desiludido e a pensar no estado a que as pessoas de Fafe estão a deixar chegar o nosso clube. Creio que a sala não tinha 30 pessoas. A maior parte eram directores e convidados de honra.
Mas vamos por partes:
Este ano há 47 sócios que completam 25 anos de filiação clubista e, por esse facto, o clube agraciou-os com o emblema de prata e o diploma correspondente de Sócio de Mérito. Tiveram os serviços do clube a diligência de entregar em mãos os convites a essas 47 pessoas. Foi triste olhar para aquela sala e ver que dessa quase meia centena de associados, apenas 8 compareceram. Sim, apenas 8 tiveram a dignidade de dizer presente para receber uma oferta que muito custa ao clube mas que a entrega com todo o prazer. É certo que alguns destes sócios tinham razões plausíveis para falhar ao jantar mas acredito que a maioria não foi por “falta de vontade”. Como disse o presidente da Câmara Municipal de Fafe durante o seu discurso, esses sócios demonstraram uma grande falta de respeito pelo clube e não tiveram a dignidade de receber o emblema de prata e o diploma.
A certa altura, o sócio nº6, que tem 53 anos de filiação ao clube, confessava-me: “O Fafe não merece o que os sócios lhe estão a fazer. Este clube representa muitas gerações de fafenses que com ele tiveram grandes alegrias”. Eu acrescento: “São os fafenses que vão deixar morrer o nosso clube”.
Outros sinais me levaram a questionar o que estará por trás de tanto afastamento. Como é possível que o jornal com mais tiragem no concelho, simplesmente tenha ignorado a festa? Ninguém do Correio de Fafe lá apareceu. Ao que nós chegamos! Valha-nos que apareceu o sempre voluntarioso João Carlos Lopes que, a título gracioso, é hoje o grande informador desportivo do concelho. Também esteve presente o Povo de Fafe já que o seu director é também presidente da AG da AD Fafe.
Ultimamente, graças ao advento das redes sociais, têm aparecido muitos fafenses com “juras de amor eterno” ao clube, carregados de novas ideias e, aparentemente, cheios de vontade de trabalhar em prol de um único objectivo. Sou da opinião que quantos mais melhor. Mas imaginem que os mais de mil “amigos” da AD Fafe no facebook oficial do clube e outros que são “amigos” do Grupo AD Fafe se faziam sócios da colectividade. Isso sim, seria uma prova de amor ao clube. Só assim conseguiremos ultrapassar as dificuldades..
Ser sócio da AD Fafe, pelo preço mínimo, significa, hoje, menos do que um maço de tabaco por mês. Por 4 euros mensais (sócio superior) ou 6 euros (sócio bancada) podem contribuir para o engrandecimento da colectividade.
Sinceramente, não gostaria de ver mais um aniversário da AD Fafe com tão pouca gente como esteve neste 53º.
A época desportiva do futebol está prestes a começar, o clube passa por dificuldades e precisa de gente que o apoie. O Fafe não precisa de adeptos que se lembram que o clube existe quando vão à 2ª feira ao jornal para ver se ganhou ou perdeu. Precisa de adeptos que sejam sócios e participem de forma activa na vida do clube.
A AD Fafe está a definhar e acho que está na hora de ajudarmos a inverter esta tendência. A culpa do fracasso do clube não será de A ou de B, será de todos os fafenses que dizem gostar do clube e nada fazem por ele. A mim, modéstia à parte, não me pesa nada na consciência.

Carlos Rui Ribeiro Abreu
Sócio nº 1240

04 julho 2011

Censos

A edição do Expresso de 2 de Julho mostra um mapa de oscilação demográfica a partir do Censos de Março último. Fafe encontra-se agrupado nos concelhos que perderam entre 2 a 10 % da população. São dados que merecem uma reflexão.
1. Fafe é o único Concelho do litoral minhoto que perde população. Há, inclusive, concelhos mais interiores que obtiveram melhores resultados (Celorico de Basto ); assim como há outros concelhos com as mesmas características de Fafe que alcançaram níveis superiores.
2. 2 a 10% corresponde objectivamente a uma população que oscila entre os mil e cinco mil pessoas.
3. Braga é o «eucalipto» do Minho, seca tudo à sua volta.
Será natural apresentar como principal justificação uma diminuição da natalidade. É um facto que os índices de fecundidade têm decrescido em todo o país, nomeadamente no interior, assim como tem aumentado a população idosa. Mas este dado não explica tudo. Numa fase concorrencial entre cidades, Fafe saiu a perder. Não consegue promover investimentos que captem jovens quadros para o seu interior, possui um conjunto de infraestruturas de lazer, de educação e saúde, factores que mais determinam a escolha de uma cidade para viver, com óbvio atraso na sua consecução. Nos próximos anos não vislumbro grandes melhorias. Convenhamos que não será também interessante captar pessoas «para dormirem cá».
Quanto a Braga, é outra conversa.
Pompeu Martins, por que não uma tertúlia menos soft e mais hard?

António Daniel