30 agosto 2012

Fafe Nos Media



Depois de vários meses de leitura assídua do Blog Montelongo, surgiu a oportunidade de pertencer à equipa de colaboradores que regularmente escreve para este prestigiado espaço na blogosfera fafense. A oportunidade apareceu e escrevo então o meu primeiro texto. Sou João Marques, estudante de direito e resido em Fafe. Apesar da minha tenra idade sou um orgulhoso Fafense e faço sempre por falar da minha terra, lembrando aos menos atentos as valências que ele nos oferece. Em razão disso, vi com muito bons olhos mais uma chegada da volta a Fafe, assim como vi com grande entusiasmo as três páginas que a revista visão dedicou à aldeia de Aboim, aqui há dois meses atrás. A meu ver são excelentes cartões-de-visita do concelho que têm necessariamente de ser aproveitados, nomeadamente a nível de comércio e turismo. Muitas são as razões para saudarmos o que de bom se faz no concelho, e pode-las transmitir através de tão ilustres meios de comunicação é, sem dúvida, um privilégio que não deve ser desperdiçado.
Oxalá que mais iniciativas se sucedam, levando o nosso concelho além-fronteiras.

João Marques

28 agosto 2012

Humor e Verdade


Este post num blog suscitou muita reacção bairrista. Compreende-se, hoje em dia são poucas as ocasiões em que nos podemos orgulhar de pertencer a algum sítio, quer porque somos cada vez mais cidadãos do mundo, quer porque pensamos que não vale a pena. Perante as reacções, depressa o seu autor pediu desculpas, afirmando que não passava de um texto humorístico. Obviamente que está desculpado. Contudo, devemos estar atentos às mensagens humorísticas. Fui aprendendo que o humor é a forma mais séria de comunicação: é destituído de emoções e revela, por isso, mais verdades do que julgamos, isto é, mostra o que realmente o autor do texto pensa, ou será que criou uma realidade virtual? Terá tanta imaginação? Pois é… A desculpa inscreve-se em gestos, palavras e atitudes, servindo para identificar o responsável, mas ninguém pede desculpas por aquilo que pensa. Agora sou eu a pedir desculpa aos fafenses, mas tenho de dizer isto. Quando o autor do texto escreveu, a responsabilidade é sua; sobre aquilo que pensou, a responsabilidade é nossa. Infelizmente, infundada ou não, corresponde à ideia que muito boa gente tem sobre Fafe.

António Daniel

26 agosto 2012

Agosto dos Emigrantes


Permitam-me que comece por explicar que, independentemente do número de textos que aqui forem publicados em meu nome, farei questão de enaltecer as qualidades desta bela cidade que considero como o meu lar. Mais do que o local onde habito, mais do que o local onde nasci, é verdadeiramente o meu lar. Para questões políticas ou de problemas que eventualmente surjam na cidade, entendo que existem pessoas bem mais informadas do que eu, e deixo então essas crónicas aos competentes da matéria.
Agosto, se para muitos é apenas sinónimo de férias, para todos os fafenses também representa emigrantes.  Para muitos implica uma maior confusão nas estradas, nos supermercados, nas ruas e o caos total nas feiras semanais.  Principalmente, a língua francesa faz competição com a língua de Camões nos passeios, a cidade ganha movimento como só este mês conhece, os cafés ficam lotados, a vida noturna agitada e em todo este cenário os comerciantes e empresários ficam  agradecidos.
 Há no entanto o outro lado, a genuína faceta de quem parte para terras longínquas e regressa durante umas semanas ao local que chamam “a terra”. Sim, porque passam anos a viver em países distantes, criam famílias e grupos de amigos, mas para todos, esta é a terra onde o coração diz que pertencem.
Atravessamos um período a que chamam de “novos emigrantes”, jovens bem formados que procuram uma qualidade de vida e reconhecimento que infelizmente o nosso país não proporciona, mas não é destes que falo. Falo sim, da geração que partiu em décadas passadas e que se concentra essencialmente em França e Suíça, onde lá mesmo criaram comunidades portuguesas para enganar as saudades. Estes emigrantes, que enchem a mala do carro de sacos e bagagens, que atravessam países atolados num carro, que passam dias, semanas ou meses a contar os dias para regressarem a Fafe . Regressar a Fafe... regressar à casa que conta muitas vezes toda a história de uma infância longínqua,  abraçar saudosamente a família que por cá fica, sentar pela primeira vez na mesa para ser servido um jantar especialmente feito para quem chega de uma longa viagem, ir à igreja da aldeia e ouvir uma missa na língua materna, entrar no café e rever as caras conhecidas e pedir o primeiro café. Isto é a maior compensação que um emigrante pode ter, isto é o verdadeiro regresso.
O tempo passa a voar para quem tem os dias contados e depressa começa a aproximar-se o dia da partida. O transito na cidade começa a regressar ao fluxo normal, o número de pessoas das ruas diminui e a cidade começa a perder a energia que a acompanhou nas últimas semanas. Despedem-se com um “até para o ano” e a cidade responde “assim será, cá ficarei à espera”.
Hoje, ao fazer a autoestrada de Fafe para o interior do país, foi notória a quantidade de automóveis com matrículas francesas pelas quais passei, e não consegui deixar de imaginar a tristeza com que muitas dessas pessoas regressam ao país onde trabalham. Perdão, elas não regressam a esses países, elas vão para esses países, porque o verdadeiro regressar, regressam ao nosso, e regressam a Fafe, à terra...
 A todos que irão embarcar em milhares de quilómetros pelo asfalto, só posso desejar o seguinte: Façam boa viagem.

Clara Magalhães

PS: Apesar de viver em Fafe, por vários motivos ausento-me da cidade por períodos de tempo significativos, embora nada comparável a estes emigrantes. Ainda assim,  não consigo deixar de esboçar um sincero sorriso quando chego à minha terra, seja quando venho na estrada que liga a Guimarães e avisto o monte de Santo Ovídio tão familiar ao meu ser, seja quando regresso pela autoestrada e vejo a sinalização a indicar “Fafe”. Se me comovem estes pequenos regressos, a um emigrante deve ser uma sensação colossal. Dito isto, fica aqui o meu sincero agradecimento por voltarem todos os anos, mas acima de tudo, pela coragem de quando partem.

22 agosto 2012

A Força da Juventude




Nos tempos de hoje, é crucial que exista uma mudança de paradigma. Uma mudança no sentido da responsabilização cada vez maior dos cidadãos e, naturalmente, também da classe politica.
Naquilo que diz respeito aos cidadãos, urge o culto de uma cidadania mais participativa, mais proactiva, responsável e estruturante. Qualquer pessoa não deve deixar que os outros por ela decidam, não se deve alhear, de uma forma por vezes bastante duradoira, do seu exercício cívico de ser o ator principal da sua vida. A base da democracia é a participação, daqueles que votam nos que foram eleitos para por eles decidirem! O incremento destes níveis de intervenção no viver quotidiano, faz com que as decisões tomadas sejam partilhadas, responsabilizantes e que englobem em si uma aceitação e empenho do maior número de pessoas. Nestes tempos de grave crise, os jovens principalmente, devem ser enunciadores de uma nova era de comunicação presente nas decisões que afetam todas as pessoas!
Essencial também a implementação da maior exigência no cultivo das boas práticas políticas. São os jovens o meio para dar voz aos anseios, ideias e motivações das gentes. Nós jovens temos de acreditar e também sonhar com um ciclo de esperança. Fazer as coisas bem será sempre, o caminho a seguir.
Dessa divisória que nos separa do mistério das coisas, a que chamamos vida, com saúde e amizade, a melhor obra que fazemos é fazer o bem, e continuando a fazer o bem, do fundo do coração acredito, que a alegria do nosso espirito continuará a ser o indício da nossa força, por mais que os tempos de hoje sejam de grave crise e de enormes problemas! Nesse sentido, aquelas que forem práticas políticas mais nublosas devem ser condenadas de forma veemente. O nosso país precisa de processos facilmente percetíveis, atendíveis pelo seu conteúdo justo e igualitário.
Vemos que as desigualdades entre classes sociais vão sofrendo um incremento e sendo assim esse caminho, é um mau caminho! Uma sociedade só é estável e vai-se desenvolvendo de forma gradual quando o fosso entre os mais ricos e os mais pobres for progressivamente diminuindo. É com esta finalidade que devem ser tomadas as medidas políticas necessárias!
Este é o desafio a que os jovens se devem propor. Construir, o nosso projeto individual e coletivo, pelas nossas mãos, com a energia, empenho, irreverência e entusiasmo tão próprios da juventude, a sociedade do futuro!

João Castro

19 agosto 2012

Concurso de Fotografia


O Núcleo de Artes e Letras de Fafe acaba de instituir, pela primeira vez, um prémio de fotografia, como forma de homenagear, promover e divulgar este género criativo e artístico, bem como descobrir fotógrafos que se distingam pela qualidade e inovação do seu trabalho.
É tema genérico deste concurso "Fafe: o quotidiano, o trabalho, a festa, uma visão do património imaterial".
O prazo para entrega de portefólios concorrentes decorre até 31 de Outubro de 2012.
A inscrição é gratuita, sendo a participação aberta a todos os fotógrafos profissionais e amadores residentes em Portugal, com idade igual ou superior a 16 anos.
O dossiê de candidatura deve conter Portefólio, Memória Descritiva, Biografia do Autor, Identificação Pessoal e a Ficha de Inscrição devidamente preenchida e assinada. 
O dossiê de candidatura deve ser enviado em correio registado ou entregue pessoalmente, até ao dia 31 de Outubro.
O júri dará especial atenção à qualidade, excelência técnica e coerência da escrita fotográfica. A originalidade da abordagem do assunto, a sua singularidade ou a sua universalidade, são igualmente determinantes aquando da seleção final do Júri, que integrará um representante do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, um representante do Museu da Imagem – Braga, um profissional da área do fotojornalismo e um professor de história da arte e/ou de Audiovisuais.
Estão previstos dois prémios: 500 € para o vencedor e 250 € para a fotografia classificada em segundo lugar. Além disso, estão previstas menções honrosas, bem como a produção e itinerância da exposição que vier a resultar do concurso.
O regulamento completo está disponível no blogue do Núcleo de Artes e Letras de Fafe http://nalf-olhares.blogspot.pt/. Informações e esclarecimentos podem ser solicitados através do endereço electrónico: nalf@sapo.pt.

14 agosto 2012

Bichos





Apesar do título ser o mesmo, não pretendo fazer uma incursão pelos textos de Torga. Os seus eram transmontanos, os meus eram minhotos. Sob a alçada do título joga-se a universalidade mas, convenhamos, e desculpem a presunção, há particularidades regionais. Um cão transmontano não ladra, morde. Um minhoto ladra, mas não morde. Assim eram os meus bichos. Todos tinham em comum a designação de Pelé assim como a ausência de título nobliárquico.
Vamos ao primeiro Pelé. Foi uma existência fugaz. Pelo curto, mancha sobranceira castanha, rasteiro no cheiro e estridente no afecto, acompanhava sempre as andanças, mas rapidamente deu a conhecer ao puto, seu dono, a efemeridade da existência. Não latiu, caiu. O poder paternal rapidamente quis apaziguar a angústia do juvenil. Um novo quadrúpede já vinha a caminho. Também com pelo curto, também com a mancha castanha, também a mesma forma estridente das afeições. Quase, quase que a sua existência era fugaz. Ficou-se pela perna partida. Toda a sua longa vida foi marcada pelos saltinhos, com a pata direita a baloiçar como se continuasse a agradecer a sorte que lhe coube. Sempre foi de um agradecimento estonteante. A chegada de alguém a casa era presenteada por uma correria trípode, com um sonoro e histriónico ladrar e com a arrependida lambidela sequente. A velhice chegou, sempre com o mesmo andar trípode, mas cada vez mais trôpego. Enquanto o primeiro Pelé deu ao puto a noção da morte, o segundo deu-lhe a noção da velhice. A sua sonora presença foi substituída por um monossílabo, beneficiando contudo pela cada vez maior definição carinhosa do seu olhar. Foi assim que o Pelé II morreu, a olhar.Abro um parêntesis para falar de um outro Pelé, contemporâneo deste último e seu grande rival no que diz respeito às necessárias partilhas. Este Pelé, para diferenciar, era o Pelé Preto. Vagabundo, era de todos e de ninguém. Tinha a sua caminhada definida pelo ritmo quotidiano da minha mãe ou de outro familiar, desde que isso significasse passar pelo Talho Novo onde um delicioso bife o esperava. O Pelé Preto deu ao puto a lição da vida. Finalmente, o último Pelé. Nascido de uma relação proibida, pelo cruzamento de uma caniche bem nutrida e de um pouco nutrido rafeiro, veio ao mundo filho único, como único era o seu estar e ser. A sua vida era correr, ladrar e beijar, se bem que esta última característica se sobrepusesse às restantes, mesmo para os desconhecidos. Caracterizava-se por uma espécie de romaria de Agosto, muito foguetório e muita generosidade. Aliás, generosidade é pouco, pois era superlativo na dádiva e no gosto que tinha pelo puto que entretanto se tornara homem. Este Pelé deu ao homem a lição da eterna juventude. Morreu e o homem não viu. Mostrou ao homem que a morte é uma grande puta.

António Daniel

09 agosto 2012

Um Triste Roubo

Regressei a Fafe depois de gozar uns bons dias de férias. Ao ler a blogosfera local, num artigo do Sr. Artur Coimbra no seu blog, leio a triste notícia que os cinco pequenos cisnes do Jardim do Calvário foram roubados. É triste, lamentável e um ato cobarde, de desrespeito pelo bem público e pelos animais. Ainda há pouco aqui cheguei e já me apetece ir embora outra vez...

Rui Silva