29 junho 2012

A Entrevista a Antero Barbosa


Não conheço pessoalmente Antero Barbosa, mas reconheço-lhe algumas qualidades. Quando muitas vezes pergunto aos meus conterrâneos quem é Antero Barbosa, as respostas confluem para um epíteto: é um tipo porreiro. Pelas suas intervenções, não é difícil constatar estarmos perante alguém humilde na forma como se vê no espelho do poder autárquico. Ora, isto tem o valor que tem, ou seja, um valor residual que dificilmente alcança qualquer objectvidade. Porém, pergunto-me se assim será. Vamos encetar uma breve reflexão a partir daquilo que Antero disse para descobrir o que pensa mas não disse. Houve três expressões que me chamaram a atenção: «…queremos ir de encontro ao partido» relativamente à escolha do candidato, a alusão ao café «Império» no que respeita ao convite formulado por José Ribeiro e «algum desenvolvimento» referindo-se a Fafe.
1.  Comecemos pela primeira. Vislumbro nessa expressão um óbvio «acto falhado», partindo do princípio que Antero quereria dizer «ir ao encontro…». «Ir de encontro…» é ir contra. Talvez Antero pense isso mesmo, ir contra aquilo que o partido já pensa que irá fazer, ou seja, quanto ao candidato a apresentar. Será? Antero sabe que, como havíamos referido num texto anterior, é o candidato de Ribeiro e, possivelmente, do partido, mas está um pouco enfraquecido pela ausência de obra, nada expectável pelo pelouro que lhe foi destinado. Não é por acaso que começa a justificar-se pelo fim das parcerias público-privadas.
2. O café «Império», pelo menos aquele que conhecíamos, já não existe. Por que razão Antero Barbosa o nomeou? Para mostrar uma proximidade à terra (será que alguma vez teve?) e para dizer que nunca esqueceu tal acontecimento… à atenção de José Ribeiro. Mas cuidado, que os impérios são passageiros.
3. Paradoxalmente, Antero Barbosa, qualificou Fafe como uma terra com «algum desenvolvimento». Esta expressão é própria de alguém que nunca foi de Fafe. Faz-me lembrar aqueles que, por vários motivos, vivem fora e olham para a sua terra de origem com alguma sobranceria, promovendo a ideia que sabem o que é desenvolvimento. Convenhamos que Peniche ou Vieira do Minho não são paradigmas  de desenvolvimento, por muito que goste de caldeirada, das Berlengas ou da Barragem do Ermal.
Obviamente que Antero Barbosa não utilizou as expressões de uma forma racional e calculista, mas a matriz está lá. 

António Daniel

19 junho 2012

Sugestão Musical - Novos Talentos Fnac 2012


A iniciativa Novos Talentos FNAC tem como premissas a liberdade artística e a promoção da diversidade cultural, à margem das correntes, desprendida de estilos e de modas. A colectânea Novos Talentos FNAC Música pretende ser um retrato fiel dos projectos emergentes da cena musical portuguesa. Após o sucesso atingido com as edições de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 nas quais se destacaram os então desconhecidos Deolinda, Mazgani, Rita Redshoes, Sean Riley & The Slowriders, Anaquim, Samuel Úria, B Fachada, Os Pontos Negros, Orelha Negra, Paus, We Trust capitão Fausto e Best Youth,  a FNAC volta a lançar, este ano, uma nova edição que integra 60 temas inéditos, de 60 novos talentos, num CD triplo e onde se inclui o tema "Pensei que fosse fácil" do fafense Valter Lobo. O CD Novos Talentos FNAC 2012 que pode ser adquirido por 4 Euros, revela o futuro da música portuguesa, a nova geração de músicos portugueses que aposta, cada vez mais, numa mistura de linguagens na qual se cruzam estéticas e discursos inovadores. A totalidade das receitas deste CD reverte para o projeto de responsabilidade social Infotecas FNAC/AMI – Contra a Infoexclusão que visa construir espaços de acesso às Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), proporcionando às pessoas carenciadas uma nova oportunidade de participação na sociedade da informação e do conhecimento e, consequentemente, de inclusão social e de integração profissional.

15 junho 2012

A Discussão Pública



A Câmara Municipal colocou em discussão pública a mudança de localização da estátua da justiça e do projeto do parque da cidade. Bonito, dizem uns; democrático e correcto, dizemos todos nós. Pois, mas dá para desconfiar. Se a localização da dita justiça é justificável através de critérios puramente estéticos e, sinceramente, sem grande pertinência temporal, já o parque merece uma atenção especial, pois corresponde ao grande calcanhar de Aquiles deste executivo. Deste modo, o executivo está a desviar as atenções, está a atribuir poder ao cidadão de decidir aquilo que nunca decidiu. Convenhamos que a estratégia é interessante e esperta. O cidadão comum pensará que existe, julgará que é uma peça fundamental na gestão política da Câmara e esquecerá, na altura do voto, o fracasso do projeto inicial do parque. Boa oportunidade de reler Maquiavel.
Na mesma semana, o recém-criado Notícias de Fafe colocava em manchete o monumento da justiça e a respectiva discussão pública. Num pequeno espaço no quanto superior esquerdo uma notícia de somenos importância: desemprego sobe em Fafe. Sim, realmente de desemprego estamos habituados, ao passo que a mudança do monumento deve cativar todas as atenções, pois daí irão surgir grandes transformações. E assim vamos nós. Espero que a moca nunca caia.

António Daniel

10 junho 2012

O Crescimento Económico e Social do País


Pois bem, é certo e sabido que não há receitas infalíveis, métodos perfeitos ou procedimentos imbatíveis. Mas o que o nosso País atravessa é também uma crise de confiança. Quem se nortear por índole de tecnocracia, certamente que terá um grande sucesso na matemática, mas de Pessoas e da condução eficiente do destino individual e coletivo das mesmas, não será a sua especialidade certamente.
Assim, o nosso país precisa de medidas que coadunem padrões de comportamento. Não podemos nem devemos continuar a gastar mais do que ganhamos, continuar a fazer da fuga aos impostos um jogo quotidiano, pensar em comprar tudo de fora. É necessário produzir mais para nós mesmos, diminuindo a proporcionalidade negativa da nossa balança comercial. Menos importações e mais exportações. Ganha-se em dinheiro, em qualidade de produtos e aumentam-se a criam-se mais postos de trabalho.
Em consonância com tudo isto é fulcral investir no acréscimo de um Estado Social. O pior que pode suceder a uma sociedade no seu caminho de desenvolvimento é o acréscimo das desigualdades. Não pode continuar a aumentar o fosso entre os que são pobres e os que são ricos. Uma classe média estável é o garante de uma sociedade. Assim, é preciso um mínimo que garanta a dignidade da pessoa humana. O combate à pobreza deve ser essencial e muito atuante. O acesso à educação, ao ensino, aos cuidados de saúde para todos deve ser prioridade. Só uma sociedade informada, bem cuidada pode progredir. Sem despesismos, investir nestas áreas tem retorno garantido. A população assim estará muito melhor preparada para fazer face às dificuldades que existem.
E muito importante, é necessário criar emprego, seja no apoio aos privados que deem condições dignas e corretas aos seus trabalhadores, seja no apoio aos cidadãos proactivos e com grande capacidade de superação, a criação de novos postos de trabalho é essencial. Investir em áreas de futuro, cimentar a boa prática de pagamentos, a tempo e horas, de modo a que o dinheiro continue o seu fluxo de circulação é primordial!
E é crucial ter esperança, acreditar e muita vontade! Pensamento positivo, o importante numa maratona não é de onde se parte, mas em que lugar se chega, e nós, como povo temos capacidades enormes!

João Castro

05 junho 2012

A Justiça de Fafe


Apesar de pouco relevante e escusada, a discussão à volta da possível deslocação do monumento da Justiça de Fafe pode suscitar algum interesse intelectual. Por isso, aqui procurarei apresentar as razões, creio que um pouco diferentes daquelas que têm surgido, pelas quais não considero pertinente a deslocação do monumento.
A justiça, numa acepção abrangente, consiste em atribuir às pessoas aquilo que merecem. Sem querer entrar em discussões mais ideológicas sobre as questões de igualdade ou até de igualdade de oportunidades – até porque não é o lugar apropriado – o certo é que o conceito de justiça está intimamente ligado à própria natureza humana. Um dos conceitos mais susceptíveis de reação por parte das crianças é a justiça e todos nós, independentemente das origens e credos, estamos predispostos a falar de justiça. Mesmo não sabendo explicitar o conceito, todos o conhecem e todos são muito sensíveis aos seus efeitos. Portanto, o Estado não fez mais que formalizar a justiça que, em virtude da nossa racionalidade, faz parte das nossas idiossincrasias mais nucleares.
A Justiça de Fafe significa mesmo isto, significa a lei natural na sua maior manifestação, na defesa da honra que, por vezes, a justiça positiva, própria de um estado de direito, não consegue vislumbrar de imediato. Portanto, a Justiça de Fafe perpetua e vincula-nos a pensar na verdadeira natureza humana e, por esse motivo, possui uma dignidade universal, não particular como muitos, levianamente, querem fazer crer.
O facto do monumento se situar por detrás do Palácio da Justiça não o desmerece, antes pelo contrário, pode proporcionar um bom motivo para pensar nos fundamentos da própria justiça.

António Daniel