27 fevereiro 2012

Laços Eternos

Aquando da altura de se criarem laços, nessa ponte área de empatia e de bonomia, importante é apostar nas pessoas e na possibilidade de se juntarem afectos! Quando há um primeiro contacto, uma abordagem iniciativa, a primeira pedra filosofal é a imagem. Aparência é o alicerce de uma construção mental, de um retrato robot, desde logo apreendido na memória das gentes. Será e é para ver e ser vista como a capa que protege o corpo, o embrulho que encerra a prenda. A aparência trabalhasse e controlasse e a breve prazo é profundamente válida.
Neste ponto, uma relação superficial está criada! Tal como na ciência exacta que alguém ousou chamar de matemática, 2 mais 2 são quatro, e boa aparência com boa imagem, formam um casamento feliz.
Depois, com o tempo, esse irmão gémeo inseparável na vida de qualquer pessoa, a aparência vai se esbatendo em grau de preponderância. Ela parece que já não chega, que falta algo mais, um passo em frente, uma construção sustentada ou um sonho enriquecido.
Então, o comportamento e a atitude começam a ser tidos em conta. Um gesto, uma palavra, algo que saiu e não se cria, aos poucos ou de forma célere, tais são as circunstâncias da vida, as afinidades intelectuais podem vir ao de cima e dai criar-se uma amizade. Essa relação perfeita, duradoira e com a possibilidade de se tornar imutável. Ter um amigo é um verdadeiro tesouro, um terceiro pulmão, um segundo coração, um querer polvilhado de felicidade.
Mas tal como numa maratona, a meta quando está ao alcance de forma quase inconsciente até faz com que o cansaço repouse de uma forma um tanto ao quanto natural. Ulteriormente a algum tempo, deparamos nos com a diferença, a subtil dissemelhança entre amizade e amor. Esse sentimento tão definido quando indefinido, esse pulsar de uma não razão feito que é na sua essência uma nobreza compactada de um altruísmo desmedido.
Poderia ser esta uma breve resenha da condição humana, esse caminho do Homem enquanto age deixando de ser escravo das necessidades para finalmente ser livre. As condições humanas variam de acordo com o lugar e o momento histórico onde nos inserimos. Nesse sentido todos somos condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros. Pois são também condicionados pelo próprio movimento de condicionar.
Daí a importância da confiança! Esse fio condutor que faz com que nos importemos com o inicio e o fim mas não com o processo de chegada. Quando se deixa de analisar se um facto é ou não verdadeiro e se entrega essa análise à fonte de onde provém a informação e simplesmente a considera como aprovada em plenitude. Viver e saber viver com abrangência e veracidade são a chave que abre o portão da qualidade de vida humana.
Poderá ser este o nosso juízo em relação ao nosso Concelho! Com responsabilidade, abrangência, convicção e sensibilidade, devemos cada um de nós sermos actores principais do nosso destino, por uma cidadania activa!

João Castro

23 fevereiro 2012

A Reforma Administrativa em Fafe

Este é, sem dúvida, um tema delicado e controverso não só em Fafe, como em todo o país. Recentemente, a necessidade de elaboração de um projecto de grupo universitário fez-me compreender que, em Fafe, estamos longe de uma solução no que diz respeito à reforma administrativa. Sobretudo se tivermos em conta que o Partido Socialista, actualmente no poder, não concorda com esta reestruturação do território.
O projecto de grupo referido incluía um estudo do território relativo ao concelho de Fafe, seguido de uma proposta de reforma administrativa. Partindo da opinião do Engenheiro Miguel Summavielle (cujo parecer sobre este tema já foi, de resto, emitido no Blog Montelongo), a proposta final de reestruturação do território do concelho encontrada remete para sete agregações:
- Agrela, Serafão, Monte, Vila Cova, Freitas e Travassós
- Gontim, Aboim, Felgueiras, Queimadela, Pedraído, Várzea Cova, Ribeiros e Moreira de Rei
- Passos, Vinhós, Revelhe e Estorãos
- Golães, Fornelos, Medelo, Fafe, Cepães e Antime
- Arões S. Romão e Arões St.ª Cristina
- S. Gens, Quinchães, Seidões, Ardegão e Arnozela
- Fareja, Armil, Silvares (S. Clemente), Silvares (S. Martinho) e Regadas
Teríamos desta forma uma diminuição do número de freguesias em cerca de 81%, valor bastante significativo, sobretudo se tivermos em conta o propósito da reforma administrativa. Na base desta proposta estão critérios “ligados ao urbanismo e à realidade actual das unidades ocupadas pelas pessoas no terreno”, bem como “a dimensão relativa das freguesias dentro do próprio concelho e aquilo que é a estrutura da malha urbana existente”. Estes são critérios enunciados pelo Engenheiro Miguel Summavielle, que acabámos por inevitavelmente adoptar, uma vez que a sua proposta de reforma administrativa esteve na base daquele que foi o resultado do projecto em questão. A estes critérios acrescentámos o do equilíbrio entre a população total das freguesias, sua área e densidade populacional, bem como a proximidade geográfica e alguns factores históricos.
A reforma administrativa deveria seguir, na minha opinião, uma análise local, evitando pareceres vindos da parte do Estado (aquilo que provavelmente acontecerá se não se chegar a acordo a nível concelhio), sob o risco de uma proposta menos personalizada e adequada à realidade de Fafe e às suas populações.

Sofia Rodrigues

17 fevereiro 2012

Nostalgia De Uma Vila Que Me Adotou

Corria o ano de 1980, quando em 18 de maio cheguei a Fafe, mais precisamente ao lugar de Santo Ovídio. Integrado numa equipa técnica da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, acabei por ficar ligado a Fafe, onde durante cinco anos consecutivos participei nas campanhas de escavação do povoado castrejo de Santo Ovídio.
Quis o “destino” que por cá encontrasse companheira, consumando o enlace na “acrópole” do povoado, na capela barroca de Santo Ovídio.
Na época, Fafe era uma vila pacata, como tantas outras do interior minhoto, tinha um ambiente sossegado, à exceção das quartas-feiras com o bulício da feira semanal; tinha linha férrea de ligação via Guimarães, esquadra da PSP, posto da EDP e um Centro de Artesanato; tinha um Teatro-cinema “moribundo” onde ainda assisti a várias fitas, aproveitando o intervalo para queimar pouco mais de dois tostões de tabaco sem ter de sair da sala.
Pouco depois surgiu o Estúdio Fénix, a sala de cinema, espetáculos e outros eventos da Vila; tinha o Rali de Portugal que deu a Fafe uma visibilidade internacional. Realizavam-se duas grandes Festas Culturais: a do livro e do Artesanato. No Zé da Menina degustei a genuína vitela à moda de Fafe e no verão, o Jardim do Calvário era concorrido, talvez pela existência de um bar junto ao coreto.
Lembro-me dos corsos carnavalescos organizados pelo Grupo Nun’ Álvares que povoavam o centro cívico com centenas de foliões e milhares de populares.
As tradicionais corridas de Maio faziam-se em plena praça 25 de Abril, e o povo delirava com as peripécias da emblemática prova.
Não havia grandes superfícies comerciais, nem “chinesices”, o comércio, agora designado tradicional, era uma feira contínua onde os produtos eram expostos, bem à vista, no exterior das lojas.
Os automóveis escasseavam a contrastar com o movimento de transeuntes. Na guarda em ferro da Arcada, dezenas de homens “controlavam” o centro da Vila, enquanto “lavavam roupa suja”, qual “lavadouro transvestido”.
Existiam tascos, cafés, casas de pasto e pensões que viram a forte concorrência dos “snacks” furtar-lhes a clientela… na época, alguns fechavam cedo, depois das quatro da madrugada...
As Festas do Concelho e as Feiras Francas ocupavam o espaço central da Vila que fervilhava ao receber o negócio ambulante e os milhares de fafenses e forasteiros, que ainda não tinham de pagar para ver.
Fafe da primeira metade dos anos 80 do século passado era uma Vila plácida mas encantadora, era a “Sala de Visitas do Minho” onde a sua “justiça” era um mito espalhado pelo mundo, que lhe conferia popularidade.
Os fafenses da Vila de antanho eram bairristas, gostavam e defendiam as suas tradições, o seu património, a memória coletiva deste rincão que um dia soube acolher-me, ocupando um lugar muito especial neste meu peito que continuará exposto às “balas” em defesa dos valores genuínos da Cultura desta Terra, cada vez mais descaracterizada, aparentemente rendida a uma globalização cujos interesses económicos vão, gradualmente, destruindo as nossas raízes em proveito de um desenvolvimento cada vez mais contestado, onde o cidadão comum é o “elo mais fraco”.

Jesus Martinho

14 fevereiro 2012

Dia de S.Valentim

A Biblioteca Municipal de Fafe assinalou esta terça-feira, 14 de Fevereiro, o Dia de S. Valentim, mais conhecido como “Dia dos Namorados”.
O átrio de entrada esteve engalanado com balões vermelhos e brancos, alguns em forma de coração, os quais se estenderam a outros espaços, como as salas de leitura e o espaço polivalente. Também no átrio, esteve patente uma exposição de livros sobre a temática do amor, de autores portugueses e estrangeiros.
Em todo o espaço, foram colocados e pendurados cartões vermelhos com poemas de autores locais, como Artur Coimbra, Pompeu Martins, Acácio Almeida, Nuno Pinto Bastos, João Ricardo Lopes, José Salgado Leite, Ruy Monte, Maria Aurora Guimarães e Ana Martins, entre outros, alguns dos quais alunos de escolas da cidade.
Ao longo do dia, os leitores da Biblioteca foram obsequiados com balões e cartões com os referidos poemas de poetas locais, que poderam assim levar para casa e oferecer aos namorados.

10 fevereiro 2012

A Capital Europeia da Cultura e a Promoção Cultural

O dia inaugural de «Guimarães Capital Europeia da Cultura» mostrou aspectos interessantes relativamente ao modo como se promove, como se vive e se assiste à cultura, pormenores que deveremos atentar quando pretendemos organizar eventos em cidades pequenas, como Fafe.
A promoção: não querendo entrar em pormenores quanto à publicitação a nível nacional da iniciativa, a Capital Europeia da Cultura mostrou que, como em tudo, o desenvolvimento cultural faz-se pela procura de identidade. Obviamente que em Guimarães é fácil, em virtude da identificação da cidade com as suas gentes, mas não deixa de ser curiosa a paixão (simbolizada pelo coração) identitária e o orgulho associado. De onde provém este orgulho? Na afirmação da qualidade. A cultura, que começa a ser uma inegável indústria, pelo seu modo expressivo e reivindicativo, só é realizável se aberta a todos e todos merecem o melhor. Por este motivo, não basta «encher chouriços» para mostrar que se faz, é necessário acrescentar a preocupação pelas pessoas, dando-lhes, não o que querem, mas o que merecem.
Como se vive: Vive-se na rua. Os espaços fechados, apesar de serem imprescindíveis em certas realizações, podem inverter a democraticidade. O espaço aberto, desde que comportando actividades proporcionais ao espaço disponível, resulta num compromisso por todos e não por alguns, o que ajuda a fomentar o objectivo mais óbvio do efeito catártico da cultura: tornar-nos melhores.
Como se assiste: Indissociável do modo como se vive, está a predisposição das pessoas por acolherem a diferença. Nunca como agora, se anseia pelo diferente. Na falência do comum, urge pensar o diferente. Não existe melhor veículo, na medida em que abre mundos possíveis, do que a concretização do pensamento nos seus mais variados meios. Daí que, ao apresentar a diferença, os promotores culturais desenvolvem o chamado bem comum, condição fundamental para as pessoas acolherem aquilo que realmente merecem.
Eu sei que Pompeu está atento.

António Daniel

07 fevereiro 2012

Cine Teatro FEVEREIRO

EM DESTAQUE: Áurea
Dia 25, 21:30H, Preço 10 Eur

Áurea nasceu a 7 de Setembro em Santiago do Cacém. Foi considerada a revelação do ano em Portugal no ano passado. Já deu mais de 70 concertos, incluindo nos coliseus do Porto e Lisboa, onde gravou o seu 2º album "Aurea ao vivo no coliseu dos recreios". É conhecida por cantar descalça. O álbum de estreia homónimo foi lançado a 27 de Setembro de 2010,tendo já atingido o primeiro lugar da tabela em Portugal, destronando o álbum ao vivo de Pearl Jam, Live on Ten Legs.
Aurea recebeu o Globo de Ouro de "Melhor Intérprete Individual" e foi anunciado a 19 de setembro de 2011 que Aurea estava nomeada para os prémios MTV Europe Music Awards, na categoria "Best Portuguese Act", tendo ganho o referido prémio. De entre as suas influências estão nomes como Aretha Franklin, Joss Stone, John Mayer, Amy Winehouse, James Morrison e ainda Zero 7.

02 fevereiro 2012

Estúdio Fénix: O Fim Anunciado

Não me lembro da última vez que fui ao Estúdio Fénix. Teria sido há cinco, seis, sete ou mais anos... não sei! Não guardo grandes recordações da última fase de vida daquela sala. Mais cedo ou mais tarde anunciava-se o fim que agora se confirma! Mas as recordações permanecem! Por lá fizeram-se grandes amizades, namoricos e relações que ainda hoje perduram. No escuro da sala trocavam-se cumplicidades, mãos entrelaçadas e gestos de paixão adolescentes. Nos intervalos, no bar dos bombeiros, compravam-se rebuçados para ir saboreando ao longo do filme. O Estúdio Fénix era uma porta de entrada para outras realidades que chegavam muito lentamente a Fafe. A bravura do Stallone no Assalto Infernal ou os grandes planos do Spielgberg no Jurassic Park eram um pretexto mais que justificável para juntar os amigos da escola em sessões de tarde ou nas primeiras saídas noturnas. Lá se comemoravam as festas da escola, o final do ano escolar e, por tantas razões, o estúdio fénix irá ser lembrado pelos melhores motivos. E, como fazem falta a Fafe esses locais simbólicos... O estúdio Fénix vai marcar uma geração como marcou o cinema outra geração no cine teatro. Muito haveria a dizer sobre esta sala. Muitas histórias ficarão para ser contadas mais tarde. O Estúdio Fénix vai desaparecer! O seu espaço simbólico ficará guardado, para sempre, na memória coletiva de Fafe.

Rui Silva