20 setembro 2010

Literacia e Iliteracia


Aconteceu ler quase em simultâneo dois textos. Um do presente blogue, que mostrava um trabalho desenvolvido no âmbito da disciplina de Área de Projecto da turma 12º M da Escola Secundária e um outro texto que, embora não se refira directamente a Fafe, difunde uma realidade não muito diferente. Ambos os textos se referem à mesma problemática: a educação. Não me estou a referir, obviamente, a questões cívicas mas ao ensino, ao conhecimento. Se o post do blogue que dá conta do trabalho desenvolvido pelas alunas Sofia Rodrigues, Rita Marinho, Cidália Cunha, Joana Gonçalves e Patrícia Silva, nos enche de orgulho, o outro texto remete-nos para uma realidade que está aí ao «virar da esquina». Por muita responsabilidade que os executivos camarários possuam, pouco podem fazer quando existe uma óbvia resistência ao conhecimento. Contudo, podem aligeirar as assimetrias. Se exceptuarmos uma percentagem mínima de pessoas, a grande maioria da população de Fafe possui habilitações muito abaixo da média nacional. O «chico-espertismo» é um valor predominante face ao que realmente seria necessário: o rasgo do conhecimento. O conhecimento abre horizontes. Não torna as pessoas melhores, o intelectualismo moral não se justifica, mas difunde uma perspectiva englobante que pode muito bem fomentar melhores soluções para o nosso atraso. Não falo de conhecimento superficial, falo em literacia científica. A Câmara Municipal, juntamente com as escolas do Concelho, pode e deve fazer mais. A cultura também é ciência e a ciência é cultura.

António Daniel

P.S. - http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Braga&Concelho=Celorico%20de%20Basto&Option=Interior&content_id=1603879

2 comentários:

Pedro Fernandes disse...

O envolvimento conjunto da autarquia e das escolas é vital para esse fim. Eu não tenho muito conhecimento dos projectos dos Agrupamentos de Escolas do concelho, assim como do trabalho (menos visível) desenvolvido pelo sector de educação da autarquia com esses mesmos agrupamentos escolares. No entanto, existem em muitos locais interessantes iniciativas de combate ao insucesso escolar,de promoção concelhia e de participação juvenil através de projectos comuns entre escolas e autarquias.
Se alguém estiver mais dentro desse assunto, era interessante lançar esse debate no Blog.

António Daniel disse...

Obrigado, Pedro, pelo comentário. A Câmara faz o que pode, embora haja outras iniciativas que, como mais ou menos imaginação, podem espevitar... Também aqui Fafe é uma espécie de microcosmos nacional. Fui estudante durante em Fafe como, creio, a grande maioria dos leitores deste blog, por isso sei que o desinteresse e a indisciplina são os dois factores de insucesso. Se relativamente ao segundo, as razões que lhe estão subjacentes podem ser solucionadas com certas medidas, até pelo castigo que pode tomar várias nuances excluindo, obviamente, a violência, já no que respeita ao segundo factor pode surgir motivação com simples iniciativas. Contudo, reconheço que seja difícil, nomeadamente quando o adolescente se processa pelo grupo e por aquilo que o grupo promove. Ora, o problema está aí. Geralmente, o que o grupo promove é a ignorância para fazer face às fragilidades. Sempre me mereceram muito respeito as pessoas que, em virtude de uma projecção da sua liberdade individual, enveredaram pelo conhecimento. Poderá ser por aí que a possibilidade de sucesso poderá passar. Não falo em chico-espertismo, mas uma personalidade eivada de valores verdadeiramente liberais. Pelo panorama civilizacional que se aproxima, haverá outra saída?