13 novembro 2009

Quinta feira no Cine Teatro

Na passada Quinta-feira fui ao Cine Teatro pela segunda vez. O virtuosismo de Andy Mckee na guitarra suscitou-me alguma curiosidade, embora admita que não pagaria para o ver noutro lado. Era no Cine Teatro que o queria ver, em Fafe...
Como, neste momento, depois de alguns anos fora, me encontro em Fafe, comprei o bilhete antecipadamente. O preço apelativo de 7 euros era um bom chamariz. No entanto, dado que o concerto era numa Quinta-feira, também era uma aposta de risco.
O concerto foi bom. Andy deslumbrou na guitarra, tocou velhas e novas músicas, alguns clássicos e ainda teve uma atitude bastante comunicativa com o público, mesmo em Inglês. Mostrou-se contente por regressar a Portugal, de ter sido bem recebido em Fafe e destacou-se a sua faceta mais bem humorada. No final, distribuiu autógrafos.
Quando imaginava o Cine Teatro aberto, esta sala pequena e intimista no mais profundo recanto do Verde Minho, imaginava algo assim. Uma empatia maior entre público e artista, coisa que não acontece tanto em salas maiores e imaginava as gentes de Fafe rendidas a um qualquer artista que pisasse aquele palco e que trouxesse uma lufada de ar fresco cultural e momentos da mais pura cultura urbana no meio da ruralidade. Porque Fafe já foi assim...
A sala esteve composta mas longe de encher. Grande percentagem de pessoas vieram dos arredores. E isso é bom. É sinal que temos um espaço cultural que já recebe com dignidade as gentes de fora. Sinto-me feliz por isso mas sentir-me-ia mais feliz se visse nestes espectáculos a meio da semana a juventude que tanto apregoa que "em Fafe não se faz nada". Mais uma vez, faltou à chamada. Obviamente que a programação do Cine Teatro também tem culpa porque ainda não foi capaz de elaborar na Internet um site, um Blog que seja...um serviço de informação que fizesse passar a mensagem de uma forma mais eficaz. Talvez não saibam o que significa ainda uma newsletter...
Por outro lado, ainda é difícil desenraizar a mentalidade de cafés que teima em reinar em Fafe.
Mas, esta sala merecia estar cheia para receber Andy Mckee. O cine teatro merecia, também, que a sala de cinema não estivesse fechada por não haver público para as sessões durante a semana. Porque é a juventude que muda este cinzentismo de Fafe... E há juventude em Fafe. Juventude dos partidos, juventude das associações, juventude estudante e jovens casais...Essa mesma juventude que lutou pela abertura do mesmo em abaixo assinados e reinvindicações tem o dever de fazer mais por Fafe... Mas esta juventude parece-me conservadora em Fafe e liberal em Guimarães...

Pedro Fernandes

10 comentários:

António Daniel disse...

Pedro, excelente texto. Acertou na essência do problema. Gostei quando disse «Mas esta juventude parece-me conservadora em Fafe e liberal em Guimarães...». Inscreve-se muito bem no post anterior.

António Daniel disse...

O problema é a falta de afirmação das pessoas. Sempre foi assim. Funcionamos como um rebanho. Falta-nos a afirmação da individualidade. Quando se apregoa a juventude esquecemo-nos que funciona da mesma forma.

Pedro Fernandes disse...

Caro António
Foi o seu texto que me inspirou a escrever este. Veio a calhar e a nossa identidade, ou falta de afirmação dela, encontra-se nestes pequenos momentos quotidianos que presenciamos em Fafe.

Gil Von Doellinger disse...

Concordo consigo quando diz que os responsáveis pelo Cine-Teatro deviam saber passar melhor a informação. Um problema de divulgação que acredito de fácil resolução. O senhor diz que "Fafe já foi assim". Acredito. Mas não será do meu tempo talvez. Quanto à falta de afirmação por parte da juventude fafense, e gosto de pensar que ainda no incluo nela apesar dos meus 32 anos, não nos podemos esquecer que durante muito tempo Fafe não teve por onde cativar culturalmente essa mesma juventude e talvez essa mesma juventude tenha procurado alternativas fora da cidade. Isso terá provocado hábitos de consumo cultural difíceis de quebrar. Difíceis, mas não impossíveis. Com tempo e sapiência acredito que os jovens fafenses reconhecerão a qualidade dos artistas que preenchem a agenda cultural do Cine-Teatro. Temos também que reconhecer que essa qualidade, infelizmente, não tem sido nota dominante no que diz respeito à agenda cultural do Cine-Teatro. Há falta de divulgação sim. Talvez tenha a ver com falta de capacidade dos responsáveis pelo Cine-Teatro. Mas essa falta de qualidade também se traduz, talvez, na baixa qualidade dos artistas com que até à data se tem tentado chamar pessoas ao Cine-Teatro. Não é com qualquer um que eu me irei deslocar ao Cine-Teatro. Cultura sim, sem dúvida. Falta é riqueza cultural.
P.S, - Também assisti ao concerto do Andy Mckee.

Gil Von Doellinger disse...

A falta de qualidade da agenda cultural do Cine-Teatro a que me referi no meu comentário anterior refere-se à generalidade dos artistas. Não a todos. Rodrigo Leão e Andy Mckee, por exemplo, não se incluem, obviamente, nessa generalidade

Anónimo disse...

eu acho que fafe já recebeu bons espectaculos no cine teatro
rodrigo leão, andymckee, carmina burana, bons especaculos de teatro como o morgado de fafe em lisboa, saia curta e consequencias,os maias, etc.
ha sempre espaço para mais e melhor mas pelo menos o espaço esta aberto, ha espectaculos, esta bonita a recuperação
eu tambem acho que a juventude podia marcar presença.a juventude e os politicos. parece que em fafe ainda os politicos da oposição tambem tem medo de ir ver coisas culturais. parece que tem medo de pactuar com o estado decoisas. não percebo isto mas ouvi um comentario num sitio em fafe ultimamente por causa disso. acho que tambemnão se coloca o problema de falta de habitos culturais porque hoje toda gente tem grande mobilidadee vao p porto, braga, guimaraes ver coisas mas em fafe nem por isso.
parece que ha uma certa ideia que em fafe tudo o que sefaz é mau e qualquer um consegue fazer melhor 3e so é culto quem vai parafora.
e depois existem outros como a alienproduções de fafe e mais que queriam ficar comprogramação do cineteatro. pelos vistos alguém nas eleições lhes prometeu isso e desde o inicio que fazem campanha contra espectaculos em fafe.

António Daniel disse...

Caro anónimo, curiosa essa sua afirmação sobre os políticos. Concordo consigo. Há uma excessiva partidarização da política, inculcando nas pessoas a máxima: quem não é dos meus é contra mim. Sempre encontrei uma maneira muito reverencial dos fafenses face a quem detém o poder ou face a quem tem as rédeas de qualquer partido político. Há muito espírito de rebanho e pouca afirmação individual. Mas não se esqueçam que a este nível Fafe não é muito diferente do resto do país. Vivi já em várias terras e a realidade é, talvez, pior. Não façamos disto uma realidade exclusiva, embora também devamos lutar contra este estado de coisas.

António Daniel disse...

Caro «quem sou eu», não me trate por senhor. «Só» tenho mais dez anos que o «quem sou eu». Portanto, não estamos assim tão afastados...

Anónimo disse...

O problema, é a falta de habitos culturais e não é de um dia para o outro que isso muda.O que de melhor se faz não merece destaque, quando alguma coisa não corre tão bem é propagandeado. Você quer ajudar? Então, vá falar com com os responsaveis e apresente as suas ideias. Esquecem-se, que somos todos passageiros do mesmo barco.

Anónimo disse...

De Rodrigo Leão, Andy Mckee, Carmina Burana, Os Maias, Saia Curta e Consequências, Orquestra do Norte, Companhia de Bailado do Porto, Tozé Martinho a Nova Comédia Bracarense, julgo que Fafe não tem muito por onde se queixar dados os parcos recursos existentes.
Devemos também lembrar-nos que a cultura não é feita só pelos grandes nomes. A variedade e a riqueza e valor do amadorismo devem ser apreciadas e não cingir unicamente a cultura à cultura de massas.
Podia ser melhor? Sem dúvida. Com os recursos existentes, duvido. E a preços tão baixos tenho a certeza que não.
A maioria dos fafenses deve queixar-se de si mesmo, em vez da maledicência pura e dura a que se limita.
Cultura a preços de saldo não existe em todos os cantos...