03 julho 2013

Solidariedade e a Política

Um artigo de Hernâni Von Doellinger despertou-me para uma característica dos executivos camarários em geral e do de Fafe em particular. Próprio de um qualquer preceito comunicacional, tudo o que se executa deve ser publicitado sob pena de tudo ser omisso. A Câmara Municipal de Fafe, numa iniciativa positiva, comparticipa a presença de crianças carenciadas do Concelho num campo de férias e apoia a recuperação de habitações degradadas. Até aqui, concordo com a ajuda. Mas quando a notícia destas iniciativas se transfigura numa espécie de exibição, a solidariedade torna-se um meio. Não é que seja ingénuo e não perceba que a notícia do que se faz - até para a avaliação se efectivar - não deva ser partilhada. Mas, o que menoriza o processo político é essa mesquinhez representada quando se pretende mostrar para além do que deve ser mostrado,  tornando a solidariedade num apelo de bem-feitoria bacoca.

Acrescente-se o erro da fotografia no que se refere à entrega dos cheques para a recuperação de habitações degradadas. O mais elementar manual das boas práticas de comunicação rejeitaria a fotografia presente no site da Câmara. Quero acreditar não haver aí qualquer tipo de intenção ao colocar o Presidente da Câmara numa espécie de palanque. A dignidade ainda é um valor a prezar.

António Daniel

1 comentário:

Miguel Summavielle disse...

Caro António Daniel,
O texto citado é absolutamente pertinente, assim como os seus comentários.
Deixe-me acrescentar, ajudando a sublinhar o "tique governativo", que é habitual o Sr. Presidente da Câmara e demais comissários políticos estarem presentes no Jantar para os Idosos, na Quinta da Malafaia e, aproveitando o ensejo, discursar, até porque pode sempre algum esquecer-se…