01 março 2011

Outras Pessoas, Outras Ideias

“Dicionário dos Fafenses”, de Artur Coimbra, é um excelente livro que nos permite conhecer as personalidades que, de algum modo, contribuíram para o enriquecimento da nossa terra. Nos mais diversos domínios, no passado e no presente, esta obra reúne mais de duzentas pessoas que se evidenciaram em Fafe, em Portugal e por esse mundo fora.
Pessoas que grande parte da população fafense desconhece mas que carregam um trajecto profissional e pessoal bastante rico e vasto. Muitas pessoas que, na minha opinião, poderão ajudar a uma reflexão mais aprofundada sobre o nosso concelho.
Estou a ver, por exemplo, o contributo de académicos conceituados como Alberto Amaral (ex reitor da Univ. do Porto) ou Domingos Silva (presidente do ISMAI), docentes universitários nas mais diversas áreas em Universidades Portuguesas como Vasco Freitas (prof. FEUP), Laurinda Leite (prof. Univ. Minho) Armindo Magalhães (prof. na Univ. Fernando Pessoa), Fernando Mendes (prof do Instituto de Ciências Médicas Abel Salazar), Paula Nogueira (prof. na Univ Minho), João Nogueira (prof. do Instituto de Estudos Superiores Militares), Jorge Pamplona (prof. na Univ. Minho), João Silva (prof da Faculdade de Filosofia de Braga), ou até mesmo em Universidades Estrangeiras como Maria Teixeira (prof no Brasil) e Albano Fraga (prof. na Alemanha), até ao contributo de pessoas como Helena Alves (presidente do IPJ e da Movijovem), Francisco Castro (conselheiro financeiro de Portugal junto da UE), e até mesmo, José Ribeiro (coronel do exército e o militar mais condecorado nas Forças armadas portuguesas). Poderia enumerar um sem número de indivíduos que poderiam ajudar a uma reflexão mais abrangente sobre a nossa terra.
É opinião quase geral que Fafe precisa de mais ideias, de mais dinamismo. Fafe precisa de alargar o debate à sociedade civil. Precisamos, enquanto cidadãos, de ouvir pessoas sem interesses políticos. Com o devido respeito, Fafe precisa de ouvir mais gente do que apenas os responsáveis políticos da autarquia, da oposição ou da assembleia.
Fafe tem pessoas, fora dos circuitos políticos, com inequívocas provas de valor, capacidade, inovação e empreendedorismo. São a prova cabal que há mais vida na sociedade civil para além dos políticos e dos partidos.
Não seria interessante, de algum modo, poder reunir essas pessoas, realizar umas jornadas de diálogo e reflexão, alargar o debate às associações, às empresas, ao cidadão comum e, com isso, fomentar o conhecimento, a partilha de experiências e a análise deste concelho e, quem sabe, concertar uma estratégia futura para um melhor desenvolvimento de Fafe?!

Pedro Fernandes

7 comentários:

pedromiguelsousa disse...

Na minha opinião, que vale o que vale, esse é um caminho possível e que deveria ser tomado em conta. Contudo, apesar de subscrever o que disse, não posso deixar de deixar algumas questões: Será que o poder político está disposto a isso? Será que há humildade suficiente para ouvir 'outras pessoas e outras ideias'?
Embora seja importante chamar pessoas fora do círculo político, o certo é que existem condicionalismos que atrapalham...
A sua ideia tem fundamento, mas parece que 'os bastidores' ditam outras regras...
Não sei se sou utópico, mas 'pode ser que um dia uma 'geração parva'( a nossa) desperte e aproveite estas ideias...

Alex disse...

Há aqui uma coisa que eu não percebi... Essas tais "personalidades" são "pessoas sem interesses políticos". E vamos convidá-las a falar sobre ... política.

Ou vamos chamá-los para falar sobre as aulas que dão nas suas universidades?

(eu desconfio que essas pessoas terão certamente as suas próprias posições políticas. Poderão não ter interesse "partidários", mas serão partidários desta ou daquela posição política)

Não vejo mal nenhum, até acho bem, que se chamem essas "personalidades" para debates. Não vamos é dizer que não são debates políticos e que elas não têm posições políticas.

Ou "concertar uma estratégia futura para um melhor desenvolvimento de Fafe" não é política?

Pedro Fernandes disse...

E, pelo facto de aqui expressarmos as nossas opiniões e ideias, não seremos, nós também, políticos?!

Alex disse...

Exactamente Pedro Fernandes. É política sim. Por isso é que para mim não faz sentido "despolitizar" os debates sobre Fafe.

Por isso é que dizer que "Precisamos, enquanto cidadãos, de ouvir pessoas sem interesses políticos" não me parece ter muita lógica.

Pedro Fernandes disse...

Caro Alex,
Talvez me tenha feito entender mal. Referia-me a querer ouvir pessoas sem interesses em cargos políticos.

Miguel Summavielle disse...

A relevância intelectual e a experiência pessoal das pessoas referidas no texto do Pedro Fernandes (ou de muitas outras que poderíamos enumerar) seria motivo suficiente para procurar recolher as suas opiniões e contributos para uma estratégia de desenvolvimento para o Concelho.
A sua visão seria, seguramente, como a de todos nós, política. Quem sabe se não seria mesmo partidarizada.
Este facto não diminui, de qualquer forma, a importância que teria aumentar o universo de opiniões. Sendo pessoas que não residem em Fafe, teriam a vantagem de avaliar as coisas com mais distanciamento, provavelmente com mais objectividade. Têm, isso é certo, por necessidade profissional e formativa, opiniões moldadas por horizontes alargados, alicerçados em vivência fortemente cosmopolitas. Todos os contributos seriam, certamente, valiosos.
Como alguns saberão, faço parte de um Grupo de Cidadãos Independentes que resolveu assumir uma posição política e promover uma candidatura autárquica. Posso garantir-lhes que não é fácil motivar as pessoas a participar activamente na definição dos destinos conjuntos.
Estamos apenas a começar a aprendizagem, e não é fácil combater as barreiras colocadas à participação cívica. Acreditem!

Alex disse...

Concordo, Miguel, que "não é fácil combater as barreiras colocadas à participação cívica", mas uma das principais barreiras é a "diabolização" da política.
Ao referir como positivo que essas pessoas "não são políticas" está a dizer-se que se fossem "políticas" era uma coisa negativa.

Há esse estigma. O estigma de que "A política é uma coisa suja". Vai-se então chamar os "puros", os que não estão "sujos com política".
E isso é estigmatizar a política.

(pela mesma razão é que alguns partidos não usam a palavra "partido" mas sim "bloco", por exemplo, e alguns grupos políticos usam a palavra "independente")