23 abril 2008

"Jóia da cidade volta a brilhar"


Foi este o título que o diário "Correio do Minho" escolheu para um artigo acerca da recuperação do Cine-Teatro que entrou recentemente em obras de restauração.
A sua reconstrução e ampliação trará à cidade uma nova centralidade cultural, com um conjunto de obras dedicadas à cultura. O projecto global estará pronto dentro de três anos.

"Nasceu pelo impulso de um ilustre fafense e durante 58 anos foi palco de espectáculos de teatro, música e cinema. Importantes reuniões e decisões foram tomadas pelas individualidades da época neste imóvel, que caiu no ‘esquecimento’ durante os últimos 27 anos. Foi em 1923 que José Summavielle Soares mandou erguer o Teatro-Cinema de Fafe, um dos principais motivos de interesse arquitectónico da cidade, constituindo para a época da sua abertura um importante marco cultural, tendo sido considerado um dos melhores teatros do norte do país.
A peça de teatro ‘O Grande Amor’, pela Companhia Aura Abranches, marcou a inauguração do belo edifício em 10 de Janeiro de 1924. Com o passar do tempo, o edifício foi-se degradando e deixou de ter condições para a exibição cinematográfica, pelo que foi encerrado ao público em 1981, por determinação da Direcção Geral de Espectáculos, por ameaçar ruína.
Depois de longas negociações, a Câmara Municipal de Fafe conseguiu adquirir o imóvel em 2001 por 2,5 milhões de euros. O processo para a recuperação concluiu-se em 2007 e, no princípio deste ano, a empreitada de recuperação e ampliação foi adjudicada à empresa Casais por 4.175.111 euros.“A realização desta obra traz uma grande satisfação a este executivo”, disse em entrevista ao ‘Correio do Minho’, o presidente da câmara, José Ribeiro, o rosto da reconstrução e ampliação do Teatro-Cinema da cidade. Trata-se do património mais significativo da cidade que vem “reavivar a memória dos fafenses”.A aquisição do edifício “foi difícil mas agora temos mais um espaço cultural de grande qualidade e gabarito” acrescentou, afirmando que o Teatro-Cinema de Fafe pretende ser uma “mais valia para Guimarães – Capital Europeia da Cultura”.
Até ao momento, a autarquia não tem “nenhum sinal” do Governo no que toca ao financiamento da obra, mas dentro em breve o autarca de Fafe deve reunir-se com o novo ministro da Cultura para que o sonho “de há dez anos se torne realidade”. “Vi esperança na ex-ministra Isabel Pires de Lima”, desabafou José Ribeiro. Até ao final do ano o espaço vai ser recuperado e a inauguração será feita com a ‘prata da casa’. “Quem merece estrear o Teatro-Cinema são os artistas de Fafe”, garantiu.
A empresa municipal Naturfafe será a gestora do imóvel. Para além da reconstrução, o espaço será ampliado para a instalação de um edifício para apoio técnico às actividades do Teatro-Cinema, a instalação da Academia de Música José Atalaya e um estúdio de cinema.O espaço tornar-se-á num centro cultural, que se quer “dinâmico e de grande utilização”. A cidade ganha, assim, uma nova centralidade cultural, com um conjunto de obras dedicadas à cultura, cujo projecto global estará pronto dentro de três anos.
Outra das novidades será a construção de um estúdio de cinema que nascerá nas imediações do Teatro.
As obras de recuperação e ampliação do Teatro-Cinema arrancaram no início deste mês, “tentando preservar ao máximo a estrutura original”, disse ao ‘Correio do Minho’ um dos arquitectos responsáveis pelo projecto, Gonçalo Louro. A obra divide-se em duas partes, designadamente a recuperação integral do edifício com uma sala de espectáculos com capacidade para 400 lugares (plateia e camarotes), salão nobre, e a entrada com bengaleiro; e ainda a ampliação, que compreende uma entrada para exposições, uma sala de cinema com 150 lugares, camarins e o edifício onde será instalada a Academia de Música José Atalaya.
Os trabalhos estão a ser efectuados em simultâneo no interior e no exterior do edifício, sendo que o empreiteiro tem oito meses para executar a obra. “Vamos criar fachadas novas e os três alçados que faltam” para “optimizar o restauro”, explicou ao ‘CM’ Gonçalo Louro, que efectuou o novo traçado em co-autoria com o arquitecto António Guedes.
Recorde-se que concorreram a esta empreitada, cujo prazo de execução previsto no caderno de encargos era de 360 dias, seis firmas ou consórcios nacionais e uma empresa espanhola, as quais, no seu conjunto, apresentaram treze propostas. As obras tiveram início há cerca de duas semanas, devendo prolongar-se até ao final do ano.
Todo o conjunto do Teatro Cinema será devidamente recuperado no âmbito das obras agora iniciadas, para que o imóvel possa ser devolvido aos fafenses no seu máximo esplendor. Em redor do Teatro-Cinema de Fafe será construído um novo edifício que deve acolher outras estruturas culturais. Àquele espaço regressarão inúmeros espectáculos de teatro, projecções de filmes e festas de diversa índole".
In "Correio do Minho", Vera Batista Martins

1 comentário:

Anónimo disse...

Fico mesmo emocionado com este facto. quantas vezes passei por esse imóvel sentindo um calafrio. Como era possível o seu apodrecimento!? Creio também que é uma vitória da sociedade civil, quer pelas pessoas que individualmente sempre lutaram pela recuperação da dignidade do imóvel (aqui uma menção especial para o Dr. Miguel Monteiro), quer pelo movimento cívico que se formou. Só é pena que não continuasse porque, movimentos como esse, são sempre precisos. Agora, interrogo-me se a empresa municipal referida na peça terá capacidade de gestão. Convenhamos que em Fafe não faltam pessoas capacitadas para animar aquele espaço, desde que devidamente pagas, só tem que se ultrapassar as velhas ligações partidárias muito comuns, não só em Fafe, mas em todas as autarquias. Outro aspecto fundamental é procurar que o conjunto obtenha lucro. O acumular de edifícios de interesse municipal abundam, os equipamentos existentes são já alguns e, por isso, os cofres da câmara poderão vir a sofrer. Por todos estes motivos, a Câmara deve gerir muito bem as infraestrutras existentes, apostando em bons profissionais para a sua gerência. O problema é que parece-me não existirem nos meios humanos camarários e dessa dita empresa pessoas capazes de fazerem uma boa gerência. Para estas coisas é fundamental que se conheça muito bem a forma como a cultura de gere e, acima de tudo, é necessário saber fazer públicos.
Com tudo o que disse, a minha mensagem resume-se ao seguinte: Conseguimos uma grande coisa mas também temos mais responsabilidade. Mas o mais importante já está feito. Gostei também da ideia de Fafe aproveitar a Capital Europeia da Cultura. Será que vou ver a minha cidade cosmopolita, com as pessoas a interessarem-se pela diferença, pela criatividade e pela cultura? A ver vamos.