29 março 2008

Exposição Traços da Emigração Portuguesa em Fafe



Entre 15 de Março e 30 de Agosto, está patente na Casa Municipal de Cultura de Fafe a exposição designada “Terra Longe, Terra Perto – Traços da Emigração Portuguesa”, organizada, em parceria, pelo Museu da Presidência da República e pelo município de Fafe.
São mais de uma centena de objectos, de maior ou menor relevância, ligados à emigração portuguesa entre finais do século XIX e os anos 80 do século passado.
No primeiro dos núcleos, podem apreciar-se as malas, arcas, passaportes, cartas de chamada, violas, concertinas e outros objectos que os emigrantes levavam quando saíam das suas terras, atravessando o Atlântico ou os Pirinéus.
O núcleo temático “Diálogos” inclui objectos e fotografias relacionadas com a situação dos emigrantes nos países de acolhimento. Os clubes recreativos, as irmandades religiosas, as bandas filarmónicas, os ranchos folclóricos, as delegações dos três maiores clubes do futebol português constituíam as modalidades mais recorrentes de organização recreativa das comunidades portuguesas. “A vida lá fora” é a linha condutora que atravessa esse núcleo, onde se rememoram as festas religiosas (com destaque para as festas do Divino Espírito Santo, dos Santo Cristo dos Milagres e a devoção a Nossa Senhora de Fátima), casamentos, procissões e outros eventos sociais, onde os emigrantes reinventam a tradição, celebrando a sua identidade. É um espaço de convivência e interpenetração cultural com os povos que os recebem. Neste núcleo, sobressaem, além dos religiosos, objectos desportivos originais: o troféu do Campeonato Nacional de Futebol ganho pelo Benfica, na época de 1964/65; a taça do Troféu Dia de Portugal, vencido pelo Sporting em 1988, em Providence (Estados Unidos); uma foto do célebre golo de Madjer, na Taça dos Campeões Europeus e uma camisola da selecção nacional de futebol.
Um último núcleo, aborda os “regressos” e o que os emigrantes trazem quando retornam à sua terra de origem, em que investem parte das suas poupanças, modificando activamente a paisagem social e cultural local. Peças decorativas, serviços de jantar e de joalharia, originários de vários países, atestam as memórias de outras terras no quotidiano da terra natal. Para além de objectos pessoais e decorativos, a mostra integra muita documentação, que espelha as várias fases do universo migratório.
A exposição integra ainda diversas obras de arte relacionadas com a emigração, de nomes sonantes das artes plásticas portuguesas, como Paula Rego, Almada Negreiros, Júlio Pomar, Vieira da Silva, José Malhoa e Stuart Carvalhais, entre outros.
O longo tempo de permanência da exposição, que se enquadra no esforço de afirmação do projecto do Museu da Emigração e das Comunidades Portuguesas, sedeado em Fafe, permitirá que seja visitada pelas escolas do concelho e da região norte, marcada pelo fenómeno emigratório e bem assim possibilitará que nos meses de Verão possa ser vista pelos muitos emigrantes que regressam à terra natal, para gozo de férias.
A exposição evidencia, enfim, a representação artística da emigração e a expressão cultural e afectiva dos emigrantes e das suas comunidades, sendo o seu espólio cedido por museus públicos e privados, assim como particulares, de todo o país, estando também em exibição interessantes documentos e objectos provenientes do concelho de Fafe, pertença de particulares (com destaque para a Família Leite de Castro), de instituições e empresas ou do próprio Museu da Emigração e das Comunidades.

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