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Os pais nunca são iguais. Os pais do Minho,
muito menos. O pai minhoto é um pai mimoso, mas também espinhoso. O pai minhoto
é um pai alheio, mas também um pai que espreita. O pai minhoto não sabe ser
pai, mas é melhor do que os pais de outras paragens. É certo, já não existem pais minhotos, muito
menos de Fafe. Ser pai, hoje, não tem enquadramento geográfico, mas já teve.
Figura patriarcal, gostava desse modo de ser, refugiado do
que aos assuntos maternais dizia respeito, alheava-se na rigidez da figura,
cultivava os exemplos. Dizia muito pouco, mas comunicava muito. A honradez
ocupava lugar de destaque assim como as públicas virtudes porque defeitos
privados eram isso mesmo, privados. Também não são para aqui chamados.
Virtuoso, mas curvado, emotivo, mas pensador, o pai minhoto
em geral e o pai de Fafe em particular, tinha um poder simbólico, mais do que
efectivo. Ou melhor, todo ele é simbólico. A cabeceira da mesa de jantar fora
por ele ocupada para marcar o busto assim como o lugar da presença que tudo
abraçava até ao dia que começava a ser memória. Aí, sentimos a sua grandiosa e
insuportável ausência.
António Daniel
4 comentários:
Exactamente.
Grande texto!
Excelente. Um gozo danado ler coisas destas!
Muito bom, mesmo.
Abraço
(Fernando Marinho Gonçalves)
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