13 junho 2010
Baltasar Rebelo de Sousa: Cidadão Honorário do Concelho de Fafe
A relação intrínseca de Baltasar Leite Rebelo de Sousa (1921-2002) com o concelho de Fafe tem a sua génese no vínculo materno. A mãe, que enviuvou muito nova, Joaquina Leite da Silva, natural de Celorico de Basto, uniu-se em segundas núpcias com o comerciante fafense, Joaquim Terroso, após o falecimento do pai de Baltasar, António Joaquim Rebelo de Sousa, emigrante “brasileiro de torna-viagem” natural de Cabeceiras de Basto.
Tinha então Baltasar seis anos, sendo que da união da mãe com Joaquim Terroso nasceu uma ligação afectiva que se alentou nas férias de meninice passadas em Fafe, e se robusteceu em laços de amizade e vínculos sociais, como manteve com o comerciante Sousa Alves da “Loja Nova” onde era visita assídua da família.
A afinidade de Baltazar Rebelo de Sousa revelou-se nas inúmeras visitas oficiais e particulares a Fafe, coincidentes com alguns dos cargos políticos que exerceu durante o Estado Novo. Dessa proximidade beneficiaram instituições locais, como os Bombeiros Voluntários de Fafe, a Associação Desportiva de Fafe, e o Município através de algumas obras públicas e subsídios, também possíveis, devido à amizade com elementos do poder político local, por exemplo, os presidentes de Câmara, Manuel Cardoso, e José Barros e Vasconcelos que considerava Baltazar Rebelo de Sousa «o protector e impulsionador deste Concelho, contribuindo com o seu prestigio e a sua influencia, como ninguém o fizera anteriormente para o progresso desta Sala de Visitas do Minho» («A Boa Gente de Fafe recebeu em apoteose o titular da Pasta das Corporações e Saúde», Povo de Fafe, n.º 827, 1971-06-19,p.4).
Baltasar Rebelo de Sousa está associado à história sociopolítica contemporânea local, como sustenta, por exemplo, o seu papel impulsionador na construção da Escola Técnica, tendo então a Câmara Municipal de Fafe galardoado o governante «com medalhas de ouro, mérito, e gratidão» («A Inauguração da Escola Técnica», O Desforço, n.º 3382,1959-12-03,p.2).
Nesta esteira, o Município de Fafe no ocaso do Estado Novo, durante a presidência de António Marques Mendes, deliberou por unanimidade, em reunião extraordinária de 8 de Março de 1974, conferir o galardão de “Cidadão Honorário do concelho” a Baltasar Rebelo de Sousa, então Ministro do Ultramar, «como testemunho de gratidão e preito de homenagem pelos relevantes serviços que (…) há muito vem a prestar ao concelho» («O Dr. Rebelo de Sousa “Cidadão Honorário” do concelho», Povo de Fafe, n.º 970, 1974-03-16,p.1).
A entrega do diploma, marcada para o dia 30 de Março de 1974 em sessão solene nos paços do concelho, não se chegou a concretizar tendo sido adiada à última hora “por motivos imperiosos de serviço”. A entrega do diploma, nunca chegaria a realizar-se, dado que pouco tempo depois estalaria a Revolução de Abril.
Contudo, a amizade e ligação de Baltazar Rebelo de Sousa perdurou ao longo dos tempos, sendo que após o exílio e eleito para a presidência do Elos Clube Internacional (1992-1993) estreitou os laços da cultura luso-brasileira, regressando na década de 90 ao concelho de Fafe em visita ao “Elos Clube”. Com a sua acção e memória a ser ainda actualmente assinalada, como aconteceu durante as recentes comemorações do 50.º aniversário da Escola Industrial e Comercial de Fafe, em que esteve presente o seu filho Marcelo Rebelo de Sousa, que relembrou os vínculos sociopolíticos do seu progenitor ao concelho de Fafe.
Daniel Bastos
bastos_1980@hotmail.com
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