25 fevereiro 2010
Ninho de Empresas
Foi com surpresa que recebi o convite do “BlogMontelongo” para participar neste espaço de discussão e debate. Rapidamente decidi aceitar, contribuindo, dentro da minha reduzida disponibilidade, para ajudar a debater temas relacionados com o Concelho. Essa foi a única condição que me foi imposta e aceito-a de bom grado.
Estarei, assim, nos próximos tempos, por aqui, escrevendo sobre os temas que julgo serem relevantes ou justificarem um olhar mais atento.
Este é um espaço de livre acesso, onde a simples participação é sinónimo manifesto de interesse, devendo, por isso, valorizar-se todos os contributos, independentemente da sua pertinácia. Os comentários são a prova da existência de uma sociedade civil viva e atenta em Fafe.
Mas este é também um espaço onde as opiniões são expressas sem reservas, muitas vezes a coberto do anonimato ou de “alcunhas”, aproveitando-se a oportunidade para dar a “estalada” escondendo a mão. Mesmo tendo consciência desse facto, decidi participar, expondo-me. Vale a pena quando acreditamos no que fazemos. Serão, certamente, tiques do passado !!!…
Feito o “enquadramento”, vamos ao que interessa. Decidi, hoje, chamar a atenção para um tema levantado na passada Assembleia Municipal (de 19 de Fevereiro) pela deputada Vanessa Barata (PSD) – a criação de Centro de Incubação de Empresas em Fafe.
Tendo enquadrado a proposta com um conjunto de pressupostos gerais, nos quais referia a difícil situação económica do país e seus reflexos no nosso Concelho, apontando para fenómenos como o crescimento do desemprego, as falências sucessivas, a descapitalização das empresas e o seu perigoso endividamento como consequências inevitáveis da crise que atravessamos, propunha, a Sra. Deputada, a criação de um Centro de Incubação de Empresas como forma de contrariar esta situação.
Parece-me uma óptima ideia.
Como muito bem argumentava, as Micro e as PME geram 75% do emprego e realizam perto de 60% do volume de negócios. Parece-me evidente que é aqui que devem ser centradas as atenções e para aqui que devem ser canalizadas todas as ajudas.
O Município deveria servir como catalisador, apoiando e incentivando aqueles que acreditam que vale a pena lutar pelo seu “lugar ao sol”. Construir um edifício que forneça instalações, equipamentos e serviços a preços comportáveis para quem está a dar os primeiros passos é uma forma de ajudar sem “subsidiar”, ou seja, contribuir decisivamente sem criar subsídio-dependentes.
Permito-me sugerir (como já o fazíamos no Programa Eleitoral dos Independentes por Fafe) que esta acção deveria sem complementada com a criação de um gabinete de estratégia empresarial (utilizando os recursos existentes no quadro de pessoal do município e nas organizações concelhias, não aumentando os encargos) que vise:
a). estabelecer ligações entre os pólos universitários nacionais e as nossas empresas, promovendo a investigação e desenvolvimento de produtos inovadores, potenciadores de mais valias industriais significativas;
b). apoiar as empresas na elaboração de candidaturas a fundos nacionais e comunitários;
c). criar uma bolsa de qualificação de emprego, trabalhando em parceria com as instituições concelhias existentes na definição de acções de formação direccionadas para as necessidades reais das empresas;
d). apoiar as empresas na internacionalização;
e). promover e apoiar iniciativas que almejem a divulgação das empresas locais (feiras, colóquios e marketing).
Julgo que estas seriam medidas que pouco poderiam agravar o orçamento camarário e que poderiam funcionar como estímulo para o tecido empresarial Fafense, servindo, quem sabe, como factor diferenciador do Concelho relativamente aos seus vizinhos.
Miguel Summavielle
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
A ideia é excelente, mas será que a Câmara vai ter distanciamento em relação aos possíveis 'novos empresários'? Ou será que terão de ser do mesmo partido? É que em Coimbra já existe algo do género, Instituto Pedro Nunes, onde está, inclusivé, gente de Fafe, mas aqui a política não interessa... Será que vamos ter algo definitivamente a pensar em todos e para todos ou a Câmara vai contratar os seus boys para dominar?
Se for a pensar apenas em Fafe, parabéns! Estaremos do mesmo lado!
É uma boa iniciativa a criação deste "ninho" empresarial.
No entanto, tenho apenas duas notas a destacar:
1º, Esta iniciativa peca por tardia porque muitos concelhos já tiveram esta iniciativa à mais tempo que nós e retiram daí alguma vantagem;
2º, Esta iniciativa, embora interessante, não é inovadora. Poderá ser obviamente importante para Fafe mas, segundo o que li da proposta, a mesma não difere muito de outros centros de incubação nossos vizinhos.
Mas, não deixa de ser interessante esta ideia embora me pareça que esta serve mais para ajudar os jovens fafenses do que propriamente a competir com outros porque, se formos por aí, acho difícil competirmos com outros centros de incubação bem mais desenvolvidos e que nos fazem concorrência.
Em todo o caso, felicito esta iniciativa. Fomos copiar um bom exemplo e isso é importante!
Ao ler o Correio de Fafe desta Sexta, reparei que esta proposta da JSD é apenas uma recomendação à Câmara e não algo já aprovado.
Sendo uma boa proposta, ela é limitada, como afirmou Miguel Summavielle na Assembleia Municipal e corroborada por muitos deputados municipais fafenses.
Como ouvi dizer, "falta saber onde fica a maternidade para esta incubadora"
É com enorme agrado que registo toda esta saudável discussão em torno de uma proposta que foi trabalhada por um longo periodo de tempo pela estrutura da JSD e pensada tendo, naturalmente, como alguns (bons) exemplos, aquilo que se passa noutras cidades onde estas incubadoras já existem. De facto, todos os contratempos mencionados relativamente à prossecução desta proposta devem ser tidos em conta pois todos sabemos que não é algo passivel de ser feito "de um dia para o outro". Contudo, creio que com boa vontade por parte de todos os autarcas fafenses esta pode ser viabilizada da melhor forma.
A proposta foi uma proposta de recomendação pois é feita numa AM posterior à aprovação do Orçamento e dada a abertura dos deputados da bancada socialista e da própria AM em geral, consideramos que seria suficiente. No entanto, a JSD promete não deixar cair este assunto e continuar a lutar pela concretização desta proposta - tornando, se necessário, a abordá-la na AM e fazendo tudo ao seu alcance para que esta se concretize.
É uma optima ideia. Esta deve ser alicerçada com a criação ou associação a uma business angel para poder involucrar pessoas conhecedoras dos mercados/mundo empresarial e ser uma alternativa de financiamento.
Está muito intrínseco nas nossas mentalidades/cultura o desejo de sermos o patrão, de ser dono a 100% de alguma coisa. Devemos começar a pensar que é preferível ter 20% de alguma coisa sólida do que 100% de nada ou quase nada.
Enviar um comentário