24 novembro 2013

Coligações e Democracia


Escrevi no Facebook que «nada é por acaso. Afinal havia uma estratégia PS-PSD para a câmara de Fafe. O PS, depois de todas as críticas do PSD face às origens vimaranenses de Raul Cunha, decidiu convocar Eugénio Marinho e José Baptista para enquadrarem o presidente eleito na «pronúncia» fafense. Realpolitik! Talvez aqui encontre motivo para escrever um texto onde tente enquadrar a política fafense com o Príncipe de Maquiavel.»
Não tenho uma posição coerente nem definitiva quanto à aliança camarária. Nem sequer me interessa entrar por aí. São adultos, que se entendam. O que me confunde é a forma calculista como são aplicados certos argumentos durante as campanhas, muitos deles falaciosos como foi o caso de Raul Cunha ser natural e residente em Guimarães. Mas houve outros! Posteriormente, esquecem-se clivagens, negoceia-se, publicitam-se as incumbências governativas como se nada tivesse acontecido. A Realpolitik, apesar da sua aplicação na forma como os estados se relacionam, também é uma realidade no exercício político local. Isto não é democracia.
A política é uma atividade que muito respeito. A sua praxis consiste em tornar as pessoas conscientes da sua interdependência com vista à realização do melhor possível para todos. Nos tempos que correm, num clima de desorientação, muitos dos actores políticos refugiam-se em habilidades retóricas. Quando a circunstância o exige, o discurso torna-se ainda mais habilidoso. Não gosto disto! Chamem-me ingénuo ou burro, inadaptado ou utópico, mas parece-me que Fafe e o país só se tornam maduros através da democracia, principalmente no que diz respeito àquela em que os únicos argumentos aplicados são para o interesse de todos.
Apesar de tudo, espero que se entendam, pelo menos até às próximas autárquicas se o PSD em Fafe ainda existir.

António Daniel

14 comentários:

Alex disse...

O cenário antes das eleições é diferente do cenário depois da eleições. Se fosse igual não eram precisas eleições.

É normal, necessário e democrático que as posições se alterem tendo em conta o resultado das eleições. Não é democrático haver coligações pós-eleitorais? É cada uma...

Miguel Summavielle disse...

O PSD aproveitou uma oportunidade e geriu o processo com mestria. Infligiu uma segunda derrota, igualmente pesada, nas hostes socialistas, ao negociar um acordo que coloca os seus dois vereadores eleitos no executivo com pelouros.
O Partido Socialista vê-se obrigado a ceder, pela primeira vez em 32 anos, poder à oposição, dando-lhe a “montra” que tantas vezes faz a diferença no momento das eleições.
Claro está que vai ser complicado perceber, quando for o momento de votar questões em que os programas eleitorais de ambas as forças partidárias são distintos, quem terá a coragem de se manter fiel aos eleitores e ao mandato que estes lhes conferiram.
Aí sim, poderemos questionar a legitimidade. Mas só aí.
Aí sim, veremos a fibra dos que nos governam. Aí sim, ficaremos a saber se a coligação está firme ou não.
Para já, pelo que vou vendo, o PSD está feliz e vai assumindo, nas palavras do Sr. Dr. Augusto Rodrigues, líder da Concelhia Social Democrata, as despesas de oposição à oposição, querendo “mostrar serviço” para impressionar “o novo patrão”.
Para quem tiver memória curta, pode até parecer bem…

Anónimo disse...

O PSD está feliz por estar no executivo.
O PS está feliz porque não tem de coligar-se com os independentes.
Os Independentes estão felizes porque são agora a oposição que não foram nos últimos 4 anos.

António Daniel disse...

Boa síntese, anónimo.

Anónimo disse...

Os ""independentes"" ainda tem lider ?!?! Na imagem publicada no Jornal de Fafe da ultima sexta feira não vi o Dr. Parcidio na reunião de Camara. Será que a fotografia era antiga ?!?! Houve montagem ?!?! Ou tal como fez há 4 anos decidiu não aparecer nos primeiros meses ?!?!
ACORDAI POVO DE FAFE !!! Eles falam dos outros mas são iguais... estão cheios de pena de terem armado tamanha confusão com as eleições que perderam a legitimidade de fazer ou dizer o que quer que seja.

Anónimo disse...

Caro António Daniel,


na sua mensagem original "Coligações e Democracia" parece um pouco ressabiado com a nova coligação PS-PSD, nunca antes vista ou imaginada! Com as afirmações que faz, parece mais um anti-PSD, como se a política de futebol se tratasse.
Por pensamentos semelhantes e outras atitudes menos próprias de uma sociedade democrática é que o concelho de Fafe pertence ao grupo dos mais pobres de Portugal (ver jornal 'Notícias de Fafe' desta semana).

Mas a verdade é que, o efectivo vencedor destas eleições é o PSD, pois elegeu mais um vereador que em 2009 e conseguiu, 'com mestria', pôr os dois vereadores eleitos em cargos executivos!

Concordo plenamente com Miguel Summavielle, quando diz que só 'veremos a fibra dos que nos governam' ...'quando for o momento de votar questões em que os programas eleitorais de ambas as forças partidárias são distintos'.
Daqui a 4 anos estaremos a avaliar esse desempenho dos vereadores do PS e do PSD, caso uns deixem governar os outros!

Anónimo disse...


Escrevo em anonimato porque infelizmente em pleno seculo XXI ainda não vivemos na cidade de Fafe, em ambiente suficientemente democratizado, os fafenses não gozam ainda de pleno direito de em liberdade exprimirem e expressarem as suas opiniões sem que dai resultem muitas das vezes consequências de persecução pessoal ou mesmo profissional.
Dai que me veja forçado a escrever este texto sob um anonimato de revolta.
Repugna-me fortemente que Daniel Bastos e Adérito, não se tenham conseguido afirmar pela sua validade ou mesmo utilidade profissional, revelando-se superfluamente inúteis na câmara de Fafe e nos cargos políticos que foram acumulando ao longo destes anos, manchem agora a dignidade dos funcionários públicos, sim manchem, pois cheguei ao cargo que ocupo por mérito próprio, lutei para o alcançar, e sou profundamente contra os empregos Partidários, sejam eles de A ou do partido B.
Mas como onde há fumo há fogo, infelizmente o mais certo é ser verdade o que circula pelas redes sociais acerca das possíveis contratações destes dois senhores, secos de ideias e vazios de utilidade, que nada deram ao município além de um miserável seguidismo partidário.
E se Adérito é exprobado publicamente pelo seu excessivo vassalíssimo politico, pior é Daniel Bastos que se serviu do erário público para em pleno período laboral escrever livros pessoais, duplamente pagos pelo dinheiro de todos os contribuintes, sob uma ilegitimidade protegida pelo poder politico, as ações deste indivíduo ao longo de 8 anos limitaram-se ao envio semanal de um e-mail com Copy Past de ofertas de emprego, retiradas do net empregos sem qualquer filtro ou critério. Em 8 anos não se reconhece obra nem nada mais que não seja a auto-proclamação, a auto-glória, a auto-promoção…
Sabe-se pelo que se lê e pelo que se ouve, que o Vereador Pompeu Martins terá em sua “mão” o processo destes “empregos”. A ser verdade será o princípio do fim político deste Vereador, reside em si, atualmente, um crédito que não se compadece com estas atitudes, e que a romper-se comprometerá induvidosamente a sua imagem perante Fafe e os Fafenses. “No melhor pano cai a nodoa”.
AO QUE SUGIRO:
Fiquem atentos caso vejam algum destes senhores (Daniel ou Adérito) a exercer funções em algum órgão do município (Casa da Cultura, Museus, Arquivo, Biblioteca) ou que do município receba verbas (Naturfafe, Escola de musica), denunciem a situação, façam-no nas redes sociais, a proliferação será rápida e deste modo o poder politica terá a cabal necessidade de se justificar perante quem os elegeu, para com verdade e dignidade gerirem o erário publico.
Denunciem juntos dos partidos da oposição a situação para que a mesma seja levada a Assembleia Municipal em termos formais, e o executivo seja obrigado perante aquela camara a explicar a situação discriminatória desta contratação por “arranjo”.
Façam alguma coisa, mas atuem, não se resignem, pois só deste modo credibilizaremos a contratação pública, idónea e sem subterfúgios legitimada pela verdade e pelo profissionalismo, em favorecimentos partidários.
Se existem ofertas de empregos, têm que ser públicas, para que deste modo todos tenham direito a concorrer, e vencer o melhor, o mais habilitado e o mais adequado quadro profissional. DITADURA CONTRATUAL, NUNCA MAIS.
Pela igualdade que tanto apregoamos, ajam!

António Daniel disse...

Anónimo da 11.26, o seu comentário exige alguns esclarecimentos.

Ressabiado: caro anónimo se há coisas que não me põem nessa situação é a política. Não a vejo como um jogo de futebol, onde as emoções se sobrepõe à inteligência. A emoção é directamente proporcional com o vínculo e comprometimento que se tem com determinado ideal, clube ou afins. Que eu saiba, não estou vinculado a nada, apesar de ter a plena consciência de que opto.

Situação económica: Essa não percebi, sinceramente. Mesmo fazendo um esforço, não alcanço a coisa.

Vencedor das eleições:Bem, abstenho-me de comentar. Essa do vereador, bem sabe que são as subtilezas do método de Hondt.

Por formação, que pode não ser grande coisa, tenho por hábito ser consequente com aquilo que digo. Antes das eleições utilizaram-se um conjunto de adjectivos, epítetos e afins que em nada contribuíram para a discussão de ideias. Essas sim, é que são realmente importantes, tenha ou não guarida da minha parte ou da parte do anónimo. Ok? Não há ressabiados. Ponto final. Adoro política, já votei em diferentes partidos, até nestas eleições autárquicas.

Anónimo disse...

Veremos a ação do PSD que tanto criticou na oposição este comportamento, esperemos que o Dr. Eugénio Marinho não tenha memória curta, porque nós FAFENSES certamente não teremos….
Numa altura deste flagelo para o comum dos Fafenses este benefício político seria no mínimo um “crime” a ser denunciado às instâncias competentes… Grato pela existência das Redes Sociais para se efetuarem este tipo de denuncias… Quanto ao Vereador Dr. Pompeu Martins, esperemos que não seja "farinha do mesmo saco"… a ver vamos!

António Daniel disse...

Anónimo das 8.54. Não gosto muito da «noite das facas longas». As pessoas a que se refere são figuras válidas. Não sei se haveria diferenças caso os cargos fossem ocupados por outros. Mas é uma opinião.

Miguel Summavielle disse...

Caro anónimo das 8:52 PM,

Se me permite o reparo factual, o que dirão dos 11.000 eleitores dos Independentes sobre não termos sido oposição?
Como explica a votação?

Miguel Summavielle disse...

Caro anónimo das 9:26 PM,
A ideia de abandono já foi explorada, sem sucesso, há 4 anos.
Proponho que encontre um novo argumento, quem sabe mais realista e produtivo.

Anónimo disse...

Sr. Eng. mas porquê estava lá e eu não vi ?!?! As minhas deculpas... O anónimo das 9:26

Ricardo Gonçalves disse...

Anónimo das 8.54:

Quem escreve assim, não merece ser "calado" por défices democráticos.