04 junho 2013

Slogans e Matrizes


«Renovar com segurança» é um slogan que diz tudo. O seu objectivo prende-se com a cativação da geração mais velha avessa a grandes mudanças e com todos os que estão satisfeitos. Note-se que a primeira palavra é «renovar» mas com a «segurança» mais saliente. Apesar de tudo, bem que podia ser «segurança renovada», possivelmente seria mais fiel aos propósitos. Contudo, surge um segundo slogan «Paixão por Fafe». Não percebo muito bem a simbiose entre a paixão e a segurança. O pathos é, por natureza, emotivo. Rasga a monotonia, suplanta o amor. A paixão é sexo e o sexo, como canta a Rita, é carnaval. Vejo o PS muito carnal, mas a carne é devorada. Devorar ou ser devorado, eis a questão.

O PSD lança-nos o tempo. «Chegou a Hora» apresenta-nos uma inevitabilidade. É um slogan muito darwinista porque está querer aproveitar-se do mais fraco, mas também freudiano com a presença do símbolo fálico (vulgo seta) do PSD. «Chegou a Hora» dá-nos a sensação da morte e do renascimento, tomar o lugar de... O problema é que Cronos devorava os seus próprios filhos. É um slogan arriscado que pode significar o princípio ou o fim. O tempo é um pequeno instante. Porém, caso o PSD não alcance o instante... Mas o grande segredo está em conjugar o princípio darwinista com Freud. A libido dá-se bem com o instante.

«Todos Somos Fafe» é uma frase «cheia». Cabe lá tudo, mas pode parecer que pouco lá caiba. Depende! É uma espécie de apelo, de chamamento, ninguém fica de fora. Esta ideia de conjunto é facilmente confundida com a «massa». Ora, sabemos que nem tudo cabe. No slogan este «todos» é conjugado com uma mão que mais parece uma espécie de stop. Parece-me sub-reptícia a mensagem porque é uma camuflada do slogan do PSD. Chega de PS, diz entrelinhas. Stop, paremos neste instante! Mas este «chamamento» não é assertivo. A mão não possui contornos, não está definida nas agruras da vida, não tem calos, é simplesmente uma mão pouco definida. O que sobra de indefinição escasseia de calo. Além disso, é a imagem mais passível de sugestões, quanto mais não seja ao imaginarmos a proeminência do dedo do meio face ao agachamento dos outros. Toma!!!

Conclusão: a candidatura do PS é feminina, é candura e, simultaneamente, paixão (o diamante). Procura a perfeição da segurança. O PSD e «Os Independentes» são fálicos, procuram o vigor, de forma  mais explícita o PSD (o que já se esperava) e de modo mais implícito «Os independentes».

Resta-nos esperar pelas outras forças partidárias. Mas quem espera... desespera.

António Daniel

6 comentários:

Anónimo disse...

devias ir para comentador das tardes da julia

António Daniel disse...

Anónimo, espero que continue a ver o dito programa por que eu não sei em que consiste. De qualquer modo, continue a passar por aqui para aprender alguma coisa. Usufrua da seta.

Zé de Fafe disse...

"Todos por Fafe"?
Sinceramente não sei a que campanha foi buscar esse slogan!

Ou será já a antecipação de alguma camapanha a surgir num futuro próximo?

Não está atento ou pretende confundir os leitores?

António Daniel disse...

Zé da Fafe (não sabia que havia um Zé de Fafe), efectivamente o slogan mais apropriado é «todos somos Fafe». Sinceramente não sei onde vi o slogan que postei, ou então, em virtude da hora tardia em que o escrevi, escrevi em algo que me passou pela cabeça na altura. Mas a essência e a matriz é a mesma. Mas não tem nada a ver com futuras campanhas porque pertenço a qualquer partido nem a qualquer movimento, apesar de ter amigos em todos eles.

Zé de Fafe disse...

Há o Zé de Fafe, há o Morgado de Fafe...
O slogan não é o mais apropriado. É o escolhido e adoptado pela candidatura em causa.
Sobre estes assuntos, só porque "algo que me passou pela cabeça na altura" pode ser muito perigoso...
Não foi a isso a que nos habituou, António Daniel.
A essência e a matriz está longe de ser a mesma. Há uma diferença enorme entre a preposição "por" e a conjugação da primeira pessoa do plural do verbo ser no presente do indicativo.

Pormenores...

António Daniel disse...

Zé de Fafe, espero que a confiança que transmiti se mantenha. Por isso, faço mea culpa e já modifiquei o slogan. A minha demora prendeu-se com o facto de confirmar ou nõa ter visto esse slogan. Efectivamente há um conjunto de frases ditas pelo candidato à Presidência da Assembleia que se aproxima do slogan que havia colocado. Foi uma confusão da minha parte e quando digo que «me passou alguma coisa pela cabeça» é precisamente para focar essa minha confusão. Por isso peço desculpa ao movimento em geral e ao Zé em particular.