03 março 2013

José Ribeiro no +Qualidade - Iª parte


Fizeram chegar à minha caixa de correio um suplemento distribuído com o jornal Público onde se dá destaque aos 16 anos da gestão de José Ribeiro. De imediato surgem-me duas interrogações: poderá a Câmara funcionar como agência noticiosa do PS? O suplemento é uma peça jornalística?
Parece-me normal que as instâncias camarárias ou os seus departamentos noticiem iniciativas camarárias. Certamente visa o interesse de todos! Não me parece normal que as mesmas publicitem entrevistas que, mais do que informar, defendem um ponto de vista unívoco e profundamente politizado, sem qualquer tipo de contraditório. É de fácil constatação que tal acontece quando, no lead, a prosa diz: «um município que evoluiu nos últimos anos graças aos esforços e às iniciativas desenvolvidas pelo actual Presidente da Câmara.» Entre outras tiradas, mais à frente, um subtítulo deste género: «Futuro em boas mãos».
Claro está que não me parece eticamente correcto.

António Daniel

6 comentários:

Alex disse...

...só não vale tirar olhos!

Mas tapar ainda vale!

Pedro Miguel Sousa disse...

António Daniel,

Esta situação já não é nova. Não me lembrava onde estava um comunicado, mas depois de algum esforço encontrei-o no blog 'Jornal de Fafe' com o título: 'Campanha às autárquicas já arrancou?' de 7 de Janeiro de 2013 - (http://jornaldefafe.blogspot.pt/2013/01/campanha-as-autarquicas-2013-ja-arrancou.html). O comunicado, que dá conta de um artigo de opinião de subdiretor do JN, está publicado com a nota de imprensa e assinado pelo Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara.

O que se pode concluir?
Depois da guerra na sucessão de lugares e porque foram travados nas parcerias público-privadas, têm de fazer de tudo para aparecer e pelos melhores motivos. A verdade é que não medem as consequências. Se estivermos atentos a alguns blogues pessoais de malta que trabalha na Câmara, ao Jornal Povo de Fafe e até o Correio do Minho, encontra-se exatamente o mesmo artigo e sem mudar uma vírgula. O que representa isto em jornalismo? Muito simples: são notas à imprensa publicadas na íntegra. Não dão trabalho aos jornais, é só copiar-colar e dão jeito a quem quer ser falado.
Isto até se admite das associações, porque trabalham por carolice, agora instituições públicas?
Resumo da história: A Câmara de Fafe está a transformar-se numa agência noticiosa.

Gabam-se das contas, porque não conseguem fazer as tais obras do 'melhor dos mandatos'. Mas o certo é que continuamos a ter a porcaria que fazemos no quintal, porque não temos saneamento básico. Até Felgueiras tem mais do que nós. Nós temos 25% e Felgueiras mais de 60% de rede de saneamento. Estamos ao nível das terras menos desenvolvidas!

Mas o povo que abra os olhos se quiser! Agora, que não pensem que somos todos um bando de ignorantes e que não nos apercebemos destas manobras.

Ricardo Gonçalves disse...

Daniel:

Fui, também, presenteado com o dito texto.
Não vejo nada de mal DESDE QUE o texto não tenha sido pago com verbas da Câmara.
O resto é discurso político e nem as referências ao candidato do PS (Raúl Cunha) me parecem condenáveis.

António Daniel disse...

Certo, Ricardo, mas repara que o discurso é basicamente valorativo e não descritivo, apesar de enumerar um conjunto de iniciativas que promoveu e executou em Fafe. É um texto propagandístico. É óbvio que cada qual usa as armas que tem, mas nestas coisas considero que tem de haver um pouco de elevação. Isto não é um jogo de futebol, é uma actividade que exige argumentação e contraditório, caso contrário ficamo-nos pela demagogia. Também te dou razão quanto ao ser pago. Bem, não quero acreditar que o tenha sido. Além disso, Ricardo, a autarquia deve estar ao serviço de todos. Os seus profissionais devem ser neutros, apesar de terem preferências.

Miguel Summavielle disse...

Não tive acesso ao “caderno” em causa. Tenho pena, pois assim poderia comentar com conhecimento de causa. Referir-me-ei, portanto, apenas ao comentado e descrito neste blogue.
Adivinho que este caderno de promoção seja mais um que este executivo municipal aceitou organizar, “ajudando” a angariar a publicidade que paga a sua edição.
Será que fala na baixa taxa de cobertura do saneamento, como referiu o Pedro Sousa, ou nos 14 anos que leva a revisão do PDM sem fumo branco à vista, ou na situação de falência da Naturfafe, ou na ausência de capacidade de captação de investimento no Concelho, capaz de criar riqueza e empregos, ou na ausência de apoios ao tecido industrial Fafense, ou …
Falará, seguramente, na excelente condição financeira do Município, esquecendo-se de referir que tal só se verifica porque não foram realizadas as PPP’s.
Era tão bom que este tipo de cadernos fosse aproveitado para promover ideias e projetos de dinamização e valorização do concelho e não para fazer campanha eleitoral.
Mas enfim, quem quiser ser “embalado” pode sempre ouvir a cantiga.

Ricardo Gonçalves disse...

Reconhecidamente, o saneamento é um dos mais graves problemas do concelho (subscrevo totalmente o que diz o PMS no seu comentário e reforça o MS).
Não é novidade e na dita entrevista isso é reconhecido pelo Presidente da Câmara.

A revisão do PDM é, de facto, um caso de "bradar aos céus". Tanta trapalhada e tanta inacção.

Daniel, concordo o teu pedido de elevação mas este é o "jogo político" (temos de saber discernir o que são factos do que é propaganda.