08 junho 2013

O Sagrado e o Profano




Na página do Facebook da candidatura de Eugénio Marinho surge com destaque esta pérola do executivo camarário. Apesar de não ser colocada a data da reunião camarária, faço fé que seja verdadeira.
A ser verdade, esta exigência por parte do actual Presidente da Câmara sugere-me a ideia de, na política, não haver discernimento exigível entre o sagrado e o profano. A política é profana (pelo menos quando não se comunga da ideia de que o poder vem de Deus através do povo, tese muito desenvolvida por Montesquieu), faz inexoravelmente parte da nossa própria natureza. O sagrado permite-nos viver uma dimensão diferente. O plano sagrado é constituído pelo transcendente, uma realidade completamente outra, e pelas suas manifestações. As hierofanias, aplicando um termo de Micea Eliade, correspondem a essas manifestações que podem ser traduzidas por uma simples árvore ou uma imagem de Cristo.
Ao colocar uma placa, um político pretende eternizar-se, ao colocar uma placa num altar, o político pretende tornar-se uma hierofania. Meu Deus!
Obviamente que não convoco para aqui os habituais desabafos de Eugénio Marinho e dos seus «acólitos» reprovando o acto de colocar a placa no altar. O que me repugna é colocar a placa. 
Reconheço que sou um pouco ingénuo no que respeita a estas hierofanias políticas, vulgo placas, porque o povo gosta. O povo gosta do formalismo e da hierarquização dos títulos. Mas, numa sociedade utópica, o político mandava executar na medida em que considerava pertinente e responsabilizava-se por tal, mas sem placa. 

António Daniel

3 comentários:

Anónimo disse...

Á muito tempo que esta Câmara Municipal quer controlar tudo e todos. Sabem que se aproximam as eleições e que a possibilidade do povo com a sua maior arma, que é o voto, dizerem basta, tentam a todo o custo mostrar que estão fortes e unidos. Mas na realidade estão cada vez mais fracos e perceberam, que o povo, apesar desta máquina poderosa que tenta controlar de forma pouco democrática o seu sentido do voto, está cansado de tanta incompetência e repressão.É importante que os políticos denunciem estas sitações, o mesmo aconteceu, com o convite aos funcionários da câmara para a apresentação do candidato socialista. Uma coisa é certa O PS tenta a todo o custo segurar o seu eleitorado a todo o custo, mas a cada dia que passa, parece-me que lhe fogem a "sete pés". Falta saber para que lado vão fugir. Ou para os Independentes, que estranhamente, não vêm, não falam e nem ouvem, ou para o candidato do PSD, que muito bem tem sabido ouvir todos e sem mede denunciar, casos como estes que referi, que já não se usam desde o tempo da velha senhora.
Eu pessoalmente ainda não decidi o meu sentido de voto.PS não voto de certeza, mas pelo desenrolar da campanha o Dr. Eugénio Marinho, parece-me ser o mais preparado para este grande combate, que a meu ver é o mais importante das últimas décadas. Os independentes que mereceram o meu voto nas últimas eleições desiludiram-me, aolongo destes 4 anos, não fizeram mais que concordar com tudo que se fez e se diz, se não veja-se o sentido de voto nos orçamentos. O que me parecia uma esperança para Fafe, facilmente deixou de o ser.

José Fernando Cunha

António Daniel disse...

José, obrigado pelo seu comentário e pela forma livre como o fez.

Miguel Summavielle disse...

É curiosa a memória das pessoas...
O Vereador Dr. Parcídio Summavielle, por denunciar o favorecimento existente nas obras municipais, foi objecto de um processo-crime, tendo estado sujeito a termo de identidade e residência.
O mesmo Vereador apresentou várias denúncias ao Ministério Público, sobre ilícitos graves devidamente sustentados com provas, e todas foram arquivadas.
O Vereador Dr. Leonel Castro foi sujeito a um processo por ter denunciado a prestação de serviços do Sr. Ferreira Leite, então redactor do Correio de Fafe, para a Câmara de Fafe, isto durante o processo eleitoral.
Há 8 e há 4 anos, no momento em que foram feitos convites idênticos aos funcionários da Câmara (para estarem presentes no jantar do candidato Dr. José Ribeiro), alertámos publicamente para o facto, como reportam os jornais de então.
Nestes 8 anos de trabalho, nenhuma força política fez mais intervenções ou apresentou mais propostas.
Aliás, no que respeita aos orçamentos, por participar nas aprovações, conseguimos incluir, nos diversos orçamentos, 18 medidas que constavam do nosso programa: Intervenção (ajardinamento) no Parque da Cidade; Corredor Verde de Pardelhas à Ponte Nova; Remodelação do Recinto da Feira; Execução de passeios na Rua Cidade de Guimarães; Arranjo da Rua da Cumieira; Redução da taxa de IMI; Redução da Derrama; citando apenas as 7 mais importantes. Não é esta a nossa função? Lutar para dar voz a quem nos elegeu, cumprindo o nosso programa? Ou será que são mais importantes as vitórias políticas, votando contra apenas porque é o que se espera de uma oposição?
Quanto ao tema do artigo, diria que esta placa será colocada numa obra legal, o que é uma evolução se pensarmos na placa que está na Praia Fluvial de Medelo, obra ilegal! Desta feita, fui eu que o denunciei. O resultado foi o de sempre, ou seja, nada…