Surgiu nas redes sociais um
movimento pró- hospital de Fafe. Os seus promotores defendem a necessidade de
manter o Hospital de Fafe no sector público face à possibilidade de, segundo
rumores, transitar para a responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia.
A ideia é, aparentemente,
atractiva, mas isso não chega para defender uma posição. Os argumentos apresentados
são puramente emocionais, mas é possível sintetizar as ideias fundamentais:
1. O
facto de servir uma população de cerca de 200 mil habitantes (região de Fafe e
Basto);
2. O
facto de estarmos a ser progressivamente esvaziados de serviços;
3. É
uma decisão de «régua e esquadro», simplista;
4. Vai
prejudicar quem tem mais necessidade da assistência de hospitais públicos;
5. A
sobrelotação do Hospital de Guimarães;
6. Sempre
houve hospital em Fafe.
Conclusão: o Estado deve manter o
hospital público em Fafe.
Todos nós sabemos a estratégia do
estado sempre que pretende retirar um serviço. Faz o possível para que o serviço
em causa se mostre ineficaz, mudando horários, retirando serviços, enfim, convencendo
da ineficácia. Relativamente ao hospital de Fafe, convenhamos, que conseguiu
esse desiderato. Os profissionais que encontramos nas urgências, nomeadamente médicos,
não conhecem o meio e, por isso, têm um certo distanciamento face ao público que
servem. Isto é, não há proximidade. Como as coisas estão, não me parece que o hospital tenha
grande utilidade.
Face a este panorama, parece-me
irreversível a situação. A melhor premissa que justifica a indignação fafense,
creio, é aquela que afirma o carácter simplista das decisões tomadas em Lisboa.
Mas nunca se esqueçam de dois pormenores: Há muita gente na região conivente
com essas decisões e Fafe está a 10 mn de distância de Guimarães e a meia hora
de Braga. Há muita gente a maior distância dos hospitais, até nos grandes
centros de Lisboa e Porto.
Perante isto, sou levado a
afirmar que, pese embora o silêncio ensurdecedor do executivo camarário – o que
até se compreende face à frustrante suspensão da construção do novo hospital -,
é importante pensarmos na solução da Santa Casa. Que valências promoveriam? Quais
as condições de acesso de quem mais necessita? O que iria melhorar? Qual o destino dos funcionários? Só depois
de estas questões estarem respondidas é possível a luta.
Não nos podemos esquecer que, nas
próximas décadas, o investimento público vai ser próximo do zero.
António Daniel