13 fevereiro 2007

A história do Jogo do Pau

Eram frequentes por Portugal inteiro, mas com destaque para o norte do país, os combates de pau nas feiras e romarias. Por vezes envolviam-se nestas rixas aldeias inteiras, outras vezes as lutas eram individuais, ou de um jogador contra vários. Era o tempo dos “puxadores” (nome que se dava aos jogadores do Norte) e dos “varredores de feiras” (jogadores afamados que se deslocavam às feiras e romarias para desafiarem outros, provando assim o seu valor através da vitória contra todos). Um dos grandes mestres do jogo do pau português foi Mestre Monteiro, originário da região de Fafe e contava que no tempo da juventude de seu pai havia duas povoações que frequentavam ao Domingo a mesma capela, levando, como era de tradição, cada homem ou moço a sua vara, de tal forma que quando se ajoelhavam na missa se viam todos os paus em posição vertical saindo acima das cabeças. Depois da cerimónia era frequente, num largo ali perto, haver conflitos entre os rapazes das duas aldeias, que começavam por qualquer pequena razão (um piropo a uma rapariga da aldeia vizinha, os ciúmes de um enamorado preterido por outro, uma discussão por causa de canais de irrigação...) e que se resolviam à paulada.
Mas não se pense que era o combate destituído de regras. Havia um código ético, que proibia aos lutadores baterem em homem que não levasse pau, ou que estivesse por terra. A partir dos anos 30 o jogo do pau começou a perder importância. Os motivos são vários: a acção das autoridades policiais, que para evitar lutas sangrentas passaram a proibir o uso dos paus dentro dos recintos das feiras; a emigração de muitos homens para os meios urbanos ou para o estrangeiro; a generalização do uso de armas de fogo, que tornou desnecessária a aprendizagem demorada e difícil desta técnica para a defesa pessoal.
Em Fafe existem ainda hoje, as escolas de jogo do pau da Sociedade de Recreio Cepanense e do C.C.R. Juventude de Cepães mas outras houveram como por exemplo, a secção do jogo do Pau do Kasbak, da cidade de Fafe. Hoje mais que um combate, o jogo do pau assume-se como um importante desporto que tem entusiasmado cada vez mais aderentes, sobretudo na nossa região, em Lisboa e nos Açores, embora com características diferentes consoante a região.

02 fevereiro 2007

Dizeres e tradições populares


Fafe é também um concelho bastante rico ao nível de tradições e ditos populares, o que se traduz em expressões como "De Fafe não veio ninguém", "Justiça de Fafe" ou o mais popular "Com Fafe, ninguém fanfe".
Uma das expressões mais famosas a respeito de Fafe é talvez "De Fafe não vem ninguém", usada na gíria teatral para traduzir a falta de público. Esta expressão teve origem numa história em que um certo artista-empresário, quando actuava no teatro D. Afonso Henriques, em Guimarães era constantemente animado pelo bilheteiro que lhe garantia que de Fafe viria público para encher toda a sala. Contudo, isso não aconteceu e o dito "de Fafe não veio ninguém" passou a ser utilizado pelas gentes do teatro quando a afluencia de público não era tanta como a desejada.
Já a expressão "Justiça de Fafe" encontra a sua origem numa lenda e encontra-se imortalizada no monumento alusivo à mesma. Conta a lenda que o Visconde de Moreira de Rei, político influente no concelho e conhecido pelo seu temperamento forte, certo dia terá chegado atrasado a uma sessão das cortes, pelo que foi bastante censurado por outro deputado que lhe chegou mesmo a chamar "cão tinhoso". Este episódio gerou tal confusão que o conflito entre os dois que só viria a ser sanado em duelo, cabendo ao Viconde escolher as armas e quando todos pensavam que iria preferir espadas ou pistolas, como era usual na altura, o Visconde apresenta-se para o encontro munido de dois resistentes varapaus. O marquês, é claro, não sabia manejar tal arma. E assim, quando o duelo começou, o Visconde, perito na arte do jogo do pau, tradicional nesta região, enfiou tanta fueirada no rival que, como escreve o poeta. "pôs-lhe o lombo num feixe". À gargalhada ante o acontecimento, os assistentes não se contiveram e gritaram, em coro: "Viva a Justiça de Fafe". Esta lenda foi perpetuada num monumento que mostra a quem visita esta cidade o grande símbolo deste concelho.