17 novembro 2008

Os Ovos de Fafe (cont.)


Os Ovos e as Omoletas de Fafe

Não há omeletas sem ovos. É um dito popular que toda a gente conhece, mesmo os mais novos. O que os adolescentes de Fafe quiseram ontem demonstrar, no seu jeito despreocupado e quiçá inconsequente, foi tão somente isso mesmo. E ninguém os pode acusar de incoerência. A ministra deslocava-se à Escola Secundária de Fafe para uma cerimónia (mais uma) de entrega de diplomas dos cursos “Novas oportunidades”. Os alunos, não vai de modas, atiraram uns poucos de ovos contra os carros da comitiva ministerial, pretendendo, com o seu gesto, mostrar que os ovos são um ingrediente necessário para se fazer omeletas, mesmo em se tratando de culinária educativa. O que eu não percebo, verdadeiramente, são essas manifestações de repúdio e de moralismo bafiento perante os gestos de duas centenas de garotos e de garotas. Ao menos há que se lhes dar o benefício da dúvida. Porventura excederam-se, na antecipação do carnaval. Talvez andem confusos com a tamanha turbulência e insatisfação que se vive hoje em dia nas escolas portuguesas. O primeiro-ministro teve apenas um comentário, com o seu ar crispado e olhar a chispar ódio: “lamentável”. Pois bem, sê-lo-á. Admito. Mas mais lamentável tem sido o comportamento do governo perante as reivindicações de professores e alunos em coisas que afectam profundamente o quotidiano das escolas. Mais sensata se revelou a ministra, ao manter o silêncio. Ela percebeu certamente que as atitudes dos estudantes de Fafe, por excessivas que fossem, estão de acordo com o que é próprio da sua faixa etária. Não os podendo acusar de inconsistência – ela que tinha comentado, há dias, as suas manifestações como naturais e próprias da sua idade, desvalorizando-as – calou-se. E fez muito bem. Ainda que apenas um poucochinho, subiu uns pontos na minha consideração.


Publicado por jcsmadureira

15 novembro 2008

Os Ovos de Fafe

A ministra da Educação foi a Fafe participar numa cerimónia de entrega de diplomas do programa Novas Oportunidades. Estas cerimónias são, tal como as cerimónias de entrega do Magalhães, meras acções de propaganda do Governo. Só que por vezes a propaganda corre mal. Basta que um sindicato ou um partido político organize uma manifestação hostil para o efeito propagandístico funcionar ao contrário. Desta vez, em Fafe, a ministra da Educação deparou-se com uma manifestação hostil de estudantes. O carro ministerial apanhou com uma chuva de ovos. Fafe renovou a sua tradição de justiça popular.

Nas aulas de educação cívica, os alunos portugueses aprendem a condenar o racismo, a proteger o ambiente e a reciclar. Estou certo de que também lhes explicam a importância da alimentação saudável e de uma vida sexual descomplexada. Não sei se existe uma aula específica que condene o arremesso de ovos às outras pessoas, mas suponho que a ideia geral de que devemos respeitar os outros esteja implícita em muitas das matérias leccionadas. Com tanta educação, o que terá levado os alunos de Fafe a uma prática que contraria a teoria ensinada nas aulas de educação cívica? Bem, a educação pelo exemplo é muito mais eficaz do que a educação teórica. As manifestações de ódio, por vezes infantil, dos professores contra a "sinistra ministra" influenciaram muito mais os alunos do que as aulas de educação cívica.

A participação de menores nas lutas políticas dos adultos nada tem de inocente. Os menores são influenciáveis e voluntariosos, logo são manipuláveis. Os menores podem fazer aquilo que os adultos, por razões tácticas, não podem fazer. Por exemplo, atirar ovos ou fechar escolas a cadeado. Os mecanismos pelos quais a manipulação ocorre também são conhecidos. Os protestos dos alunos, que emergiram um pouco por todo o País esta semana, resultam da imitação do comportamento dos adultos, do incitamento implícito dado pelos professores e da manipulação intencional exercida pelas juventudes partidárias que infiltram as associações de estudantes.

In “Diário de Notícias” 15/11/2008
João Miranda, Investigador em Biotecnologia

13 novembro 2008

Os momentos marcantes e a História do Coral Santo Condestável


(Imagem do "Cantar de Reis ao Primeiro Ministro" em 06/01/1997 em S. Bento)

Inicialmente constituído exclusivamente por elementos masculinos e de outra forma não poderia ser, já que o Grupo Nun'Álvares apenas era formado por "rapazes" que obrigatoriamente o abandonavam a partir da data do seu casamento, nasceu o Coro do NunAlvares em 12 de Janeiro de 1952.
Os tempos iniciais consistiam na realização de cantares em actividades da Paróquia, havendo conhecimento que solenizou a Missa da Comunhão Pascal no ano de 1960. Momento importante e de alto significado viveu o Coral Santo Condestável aquando da passagem por Fafe, das relíquias de Nuno Álvares Pereira. Foi em 7 de Abril de 1961. Vindas de Celorico de Basto, acompanhadas por “extensa fila de carros” e “aclamadas por enorme multidão”, chegaram a Fafe as relíquias do Santo Condestável. “Na Ponte do Ranha estava-lhe preparada a verdadeira recepção. Gente vinda de todo o concelho, apinhava-se e estendia-se pelas ruas do Maia e de Castelhão. Numa tribuna, o conjunto coral do nosso Grupo, animava a recepção, cantando várias estrofes solenizadas para o efeito.” Com a chegada do ano de 1968, o canto coral do Grupo recebe forte impulso com a chegada do P. Adélio Costa, um jovem de grande sensibilidade para a música que consegue congregar e entusiasmar os nunalvaristas para esta actividade. Em 27 de Julho de 1968 “colaborámos na sessão comemorativa das bodas de Ouro da Conferência de S. Vicente de Paulo, na então vila de Fafe. O Orfeão, nesse tempo, continuava com uma actividade essencialmente religiosa, solenizando celebrações litúrgicas. Porém começou a ensaiar e a apresentar canções populares . No decorrer desse ano, vários outros eventos foram realizados com o Coral e o Sector Teatral, no Salão dos Bombeiros Voluntários, na Casa do Povo de Arões S. Romão e na Casa do Povo de Silvares S. Martinho, para além de outros na vila de Fafe.
As solicitações para o Coral surgem constantemente. Continua não só a solenizar a Missa dominical mas também inúmeras cerimónias matrimoniais e festas religiosas, sendo frequentemente acompanhado pelo conjunto do Grupo “Elmo 74.

Em 5 de Maio de 1982 o Coral comemora o 100.º Aniversário do nascimento de Igor Stravinsky, realizando no Cine Teatro de Fafe um Encontro de Coros em que participaram o Coral do Convívio de Guimarães e o Coral de Cabeceiras de Basto.
Sob a orientação do novo maestro Joaquim Santos, o Coral participou em 10/06/1986 no XV Encontro do Coros do Norte de Portugal, realizado em Valadares e na Homenagem ao Cónego Manuel Faria, realizada na Póvoa de Varzim.
Em Novembro de 1989 surge a possibilidade de se contactar o Prof. Francisco Ribeiro, residente em Pevidém e director artístico do Orfeão Coelima e da Banda de Pevidém.
Era o homem certo já que saber e experiência não lhe faltavam. Com entusiasmo renovado, o Coral Santo Condestável reúne alguns dos seus elementos e recomeça os ensaios semanais na sala de convívio da sua sede, na Rua Montenegro. Em 13 de Junho de 1990, no Estúdio Fénix, apadrinhado pelo Orfeão Coelima, reaparece rejuvenescido o Coral Santo Condestável, na festa de lançamento do livro "Gazetilhas", da autoria do grande nunalvarista, Manuel Ribeiro, o " 34 ". Nesse mesmo ano já se apresentou em Pevidém, no concerto de Homenagem a Coelho de Lima, no 11º. Aniversário da sua morte.
De então para cá, o Coral Santo Condestável tem crescido não só no número de elementos que o compõe, mas sobretudo em qualidade artística, sendo prova disso os muitos convites que constantemente tem recebido vindos das mais diferentes regiões deste país e até de Espanha (Baiona, Lugo, Valdoviño, Verin) e de França (Montpellier, Aubergenville).
A sua digressão mais marcante foi realizada de 26 a 29 de Novembro de 1999 a Praga (República Checa), onde participou no "9º. Festival of advent and Christmas Music - Petr Eben's Prize", com actuações na Igreja do Menino Jesus de Praga, na Praça Venceslau, na Igreja do Loreto e no concurso Petr Eben’s que decorreu numa belíssima sala da “National House of Vinohrady”.


Em Fafe, tem o Coral Santo Condestável desenvolvido interessante actividade. Para além dos “Concertos de Primavera” e dos “Concertos de Aniversário” que anualmente organiza com regularidade, não raramente tem acompanhado a Orquestra do Norte e a Orquestra ARTAVE em interessantíssimos concertos.
Em 10 de Junho de 1994 organizou o III Encontro de Coros do Minho, com a participação de dezassete coros que trouxeram à cidade de Fafe uma vivência diferente.
Pela primeira vez foi cantado o "Hino para o Encontro de Coros do Minho", com letra do Cónego Valdemar Gonçalves e música do Dr. Joaquim Santos que amavelmente atenderam o pedido do Coral Santo Condestável para a sua composição.
Em 4 de Agosto de 1998, a convite da Câmara Municipal de Fafe, o Coral Santo Condestável abrilhantou a Sessão Solene realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, na recepção a Ramos Horta, ao Prémio Nobel da Paz e personalidade conhecida pela luta que travou pela independência de Timor Leste e na defesa da liberdade do povo timorense.
Com actividade tão intensa e interessante não admira que o Jornal Correio de Fafe e a Rádio Clube de Fafe tenham considerado o Coral Santo Condestável, o melhor Grupo Musical de Fafe, em 1998, atribuindo-lhe o “Microfone de Ouro”. Por seu lado o Jornal Povo de Fafe distinguiu-o com o troféu “OS MAIS/99 – Prestígio”.
Momento interessante na vida do Santo Condestável foi a sua participação no Programa “Música em Diálogo – Raízes Ibéricas/2002”, que ao longo desse ano decorreu em Oeiras. O honroso convite partiu do prestigiado Maestro José Atalaya e o Santo Condestável foi o único coral amador que participou neste programa musical. Em 2003 realizaram uma digressão a França em Montpellier, a convite do "Ensemble Vocal Claire Garrone" e em Aubergenville a convite da Associação Cultural e Recreativa Portuguesa de Aubergenville. Em Montpellier foi muito bem recebido pelos elementos do "Ensemble Vocal Claire Garrone", que se esforçaram por proporcionar uma estadia extremamente simpática e agradável , o que foi plenamente conseguido. Em Aubergenville, a recepção foi efectuada por inúmeros emigrantes que fizeram com que o Coral Santo Condestável se sentisse em Fafe. Foram bem portugueses na forma simpática e amiga como souberam receber.