30 junho 2013

Albino e Pedro



Eis a minha actual angústia: Albino ou Pedro (segmentados por ordem alfabética)?
Estas serão as últimas eleições em que colocarei o meu voto na minha terra natal. Por esse motivo, funcionará como um antes e um depois. Conservar o cartão de eleitor funcionou como conservar o vínculo simbólico à minha terra natal. Mas, desde que as mesas de voto se deslocaram para o pavilhão multiusos, muito simbolismo se perdeu. Desde já aviso que não gosto de expressar o meu voto no multiusos. Sempre preferi a velhinha escola Conde Ferreira, local onde quase sempre depositei o meu voto. Local aconchegante, propício a reencontros, a abraços e a sorrisos de ocasião. O multiusos convoca-nos para uma atmosfera impessoal, desconfortável, onde o nosso caminhar parece permanentemente violável, sujeito a múltiplos olhares e nada próprio para (re)encontros intimistas.

As eleições para a Junta de Freguesia são, na minha perspectiva, as mais importantes por albergar esse carácter intimista. São dois amigos de longa data. O Albino Costa e o Pedro Gonçalves são os dois candidatos que se perfilam para a minha última escolha. Gostei muito dos discursos do Pedro. Bem escritos, possuem as três variáveis fundamentais de qualquer discurso político: são lógicos, alavancam as vontades e revelam um homem. Quanto a Albino Costa, apesar de apresentar nas suas listas o actual Presidente da Junta, apresenta vetores importantes como a solidariedade, o empreendedorismo e o crescimento sustentável. 
Percebem agora as fotografias?
Que me desculpem os outros candidatos, mas isto é um ponto de vista, isto é, uma vista através de um ponto.

António Daniel

28 junho 2013

Ainda o Royal Center



Parece que a ideia de aproveitamento do espaço para uma qualquer infraestrutura hoteleira colhe simpatia nos meios políticos em Fafe.  Já aqui questionei a pertinência de tal desiderato, na medida em que o principal argumento - número insuficiente de camas em Fafe - me parece precipitado. Por isso, coloco aqui um comentário do conhecido empresário Ricardo Gonçalves:

«Mais do que se debater o futuro do Royal Center (parece-me unânime que a actual situação nos envergonha a todos)deveria debater-se o clima de quase perseguição ao investimento. Há deficit de camas em Fafe? É muito discutível.Quem disse isso não conhece as taxas de ocupação das camas existentes. O que há é uma deficiente coordenação da programação que será muito mais fácil de resolver pondo as instituições a comunicar entre si. Considero uma oportunidade perdida não se ter aproveitado para concentrar alguns serviços públicos, substituindo a obra de ampliação dos paços do concelho. Mas isso é passado. Não esqueçamos, ainda, que o edifício tem um proprietário e este terá sempre de ser ouvido

Cheio de bom senso, e não senso comum como os políticos nos vão habituando, este comentário mostra bem que, antes de megalomanias e projectos descabidos que só iriam prejudicar os investimentos existentes nos concelho, é importante ouvir quem tem legítimas opiniões por dominar a área.

A minha proposta é simples. Com o crescimento que algumas actividades vão tendo ao nível do domínio de serviços ligados às novas tecnologias, porque não disponibilizar espaços para estudantes fafenses ou de regiões limítrofes para desenvolvimento de projectos empresariais ligados às novas tecnologias? Porque não celebrar protocolos com as universidades da região disponibilizando-lhes meios e espaços adequados de investigação e desenvolvimento? A partir daqui, muitas outras ideias poderão germinar. Há ideias que possam iluminar os nossos políticos?

António Daniel

25 junho 2013

Sabença, senhor abade!

Cónego Leite de Araújo


No tempo em que havia padres em Portugal, Fafe tinha um senhor abade. Uma vez por semana, o senhor abade descia a minha rua para ir dizer missa na capela de ricos da Casa do Santo Velho e a minha mãe mandava-me ir ter com ele para lhe pedir sabença. Eu interrompia os deveres da escola primária e ia a correr, todo contente. Fazia fila atrás dos outros miúdos todos e, quando chegava a minha vez, lá dizia, com o respeito que me fora ensinado, "Sabença, senhor abade!", beijando a mão que me era estendida. O senhor abade fazia-me uma pequena festa na cabeça, com a mão que tinha de vago, e respondia-me "Deus te abençoe", que era o que eu queria ouvir. O senhor abade seguia o seu caminho e eu ia para casa num sino. Acreditam que aquilo me fazia feliz?
O senhor abade cheirava a tabaco e perfume. Andava sempre de batina e, no Inverno, usava uma capa negra que parecia de filme de espadachins. Com o correr dos anos, o senhor abade subiu a senhor arcipreste, pendurou a sotaina e começou a sair à rua de fato preto e cabeção, passou a cumprimentar-me de mãozada e fizeram-no senhor cónego. Cónego Leite de Araújo. Era um homem elegante, distinto, culto, bom e pobre. Era um ser humano com defeitos e extraordinário. E foi meu amigo. Não sei se Fafe tem a contabilidade em dia com a sua memória.
No tempo em que havia padres em Portugal, o senhor abade de Fafe tinha consigo ao serviço da paróquia, para além do padre Adélio que ensaiava o orfeão, dois jovens coadjutores, palavra que eu não sabia dizer mas que me fazia rir, porque imaginava que, com um título assim, aqueles dois eram padres de acender e apagar. Tanto quanto sei agora, apagaram-se quase todos os que por lá passaram. Apagaram-se como padres, quer-se dizer. Tiveram muitos filhos, foram muito felizes e casaram. Geralmente por esta ordem. Em todo o caso, a esses já eu não beijava a mão, mas pedia sabença. Tínhamos isso combinado. E eu ganhava o "Deus te abençoe" que me dava tanto jeito.

No tempo em que havia padres em Portugal, não havia Paula Bobone, graças a Deus! Por isso o beija-mão era uma coisa, por assim dizer, pouco higiénica. Porque o beijo era mesmo beijo e não a mariquice do beijo de faz de conta, a "simulação de beijo" recomendada pela etiqueta da treta. Eu pedia sabença com beija-mão também ao meu avô e à minha avó da Bomba e ao meu avô e à minha avó de Basto, gente de trabalho que tinha as mãos como calhava quando eu lá esparramava o reverencial ósculo. Sim, seria talvez pouco higiénico, mas era verdadeiro. E ainda cá estou.
Durante toda a minha vida pedi sabença. Ao meu pai, à minha mãe, ao meu padrinho, à minha madrinha, aos meus tios e às minhas tias. Até às tias chegadas à família por casamento, que no princípio achavam aquilo um bocado estranho, mas que depois se habituaram e creio que gostam. Aos poucos fui desfazendo a corruptela, passei pela "sabênção" até chegar ao que peço há anos: "a sua bênção". É verdade, continuo a pedir a bênção à minha mãe e aos meus tios e tias, alguns apenas um pouco mais velhos do que eu. E não é só por respeito ou porque me ensinaram em pequenino. Eu acredito nas bênçãos. Por falar nisso: sabença, senhor abade!


Hernâni Von Doellinger

23 junho 2013

Ponte do Ranha


A Ponte do Ranha sempre foi uma rua muito especial. Os indefectíveis defensores da zona da Fábrica do ferro ou da Rua de baixo, não comungarão desta opinião. Possivelmente a razão lhes assiste porque a especialidade também lhes assentava, embora não tivessem o Canedo como o seu centro. Neste ponto nevrálgico, a rua possuía em doses proporcionais a vanguarda da alcoolemia da vila, o poiso das «Minhas Putas Tristes» e a imensa generosidade das pessoas. Públicas virtudes e públicos defeitos. Tudo fora transparente. Eu pertencia à Ponte do Ranha. A memória mais presente era dos cheiros: o cheiro da mercearia do Canedo contrastava com as «tosses», os monólogos imprecisos e as palavras «peludas» oriundos do tasco; o cheiro do medo dos ruminantes na aproximação ao dia do juízo final; o cheiro do sabão rosa que se banhava nas cristalinas águas do rio. Mas havia ainda um local de romarias juvenis: o «poço da moçarada». Pela Ranha acima, dirigiamo-nos ao poço. Este poço possuía só por si a ideia de algo sem fundo, o que o tornava uma espécie de ambivalência: algo que deveria ser, simultaneamente, evitado, pelo menos no que respeita aos sonoros impedimentos maternais e experimentado, pelo menos no que diz respeito às exigências das hormonas juvenis.

A Ponte do Ranha perdeu tudo isto e ganhou muito pouco. Descaracterizada, sem as suas soleiras onde se desdenhavam vontades alheias, a Ponte do Ranha perdeu a identidade. É necessário salvá-la começando pelo caminho da Ranha.

António Daniel

20 junho 2013

Os Partidos São Para as Ocasiões


Como bom apreciador de política à moda de Fafe que sou, tenho passado os últimos tempos a degustar os aromas e sabores cozinhados pelas máquinas partidárias no concelho. Uma nota prévia, apesar de ser “bom prato”, não deixo de ter os meus pratos indefectíveis, aos quais não me dissocio.
Fazendo uma resenha da ementa dos candidatos conhecidos à data de hoje, verificamos que há três que são velhos conhecidos destas andanças (já foram candidatos á Câmara municipal) e outro candidato que concorre pela primeira vez ao cargo.
 Nos aperitivos da refeição servida lá para finais de Setembro, verificamos que “choveram” críticas relativas ao facto de o candidato do partido socialista ser natural de Guimarães. Apesar de perfeitamente legitimas, considero que o elogio da competência deve prevalecer sobre a naturalidade. Aliás, por esse país fora podem-se encontrar várias candidaturas de pessoas não naturais das autarquias a que se candidatam, como por exemplo o “magrebino” Carlos Abreu Amorim ou o “insaciável” Luís Filipe Menezes. Mais a mais, foi surpreendente ouvir o respeitável Dr. Luís Marques Mendes, mandatário da candidatura do psd, falar sobre o assunto onde referia que só faltava agora Fafe ter um presidente da câmara natural de Guimarães. É dissonante ouvir tal coisa visto que, o próprio já exerceu cargos na autarquia fafense e é natural de Azurém, Guimarães. Será que isso interferiu na sua acção política? Não deveremos olhar à competência em detrimento da naturalidade?
Além desse aperitivo dissonante, há outro que não me sai da retina e me faz pensar que os partidos são para as ocasiões. Achei estranho (ou talvez não), não vislumbrar nos outdoors da candidatura do ilustre Eugénio Marinho, uma referência ao partido que suporta a sua candidatura. Cenário idêntico ao verificado no seu “site” de candidatura. Cheguei a pensar que fosse um hábito do psd local mas, nas últimas eleições autárquicas em 2009, surgia o símbolo do partido. Puxando a cassete atrás, recorde-se que se estava no início da crise e, proliferavam no país medidas de austeridade implementadas pelo governo socialista de Sócrates. Esta situação faz-me pensar que está desvendado o mistério acerca da influência das politicas do actual (des)governo (maioritariamente social democrata) nas eleições autárquicas. Em poucas palavras, até pode nem ter interferência nenhuma mas, que há um medo latente nas hostes do psd que isso aconteça, lá isso há!
Fico, entretidamente, à espera que sejam servidos os próximos aperitivos visto que, os já ingeridos não me saciaram e, até á refeição, ainda falta bastante tempo.

João Marques

19 junho 2013

Subsídio de Férias


A Câmara Municipal de Fafe decidiu pagar o subsídio de férias aos seus funcionários. Rapidamente se fizeram sentir as vozes da discórdia. Nós somos muito assim, se estamos na merda não gostamos de estar sozinhos. O inverso também é verdade, se estamos bem, gostamos de estar sós. Ainda bem que o município pagou o subsídio, pois é bom para a economia local e dá um maior desafogo a algumas famílias. Eu gosto que os outros estejam bem, dentro da legalidade, como foi o caso. Já agora, gostaria de saber a opinião dos concorrentes às autárquicas.

António Daniel

15 junho 2013

Quando a "puta" tocava



A "puta" tocava e Fafe desatava a correr em direcção aos Bombeiros. Os homens largavam tudo: trabalho, mesa, cama, mulher e até os socos pelo caminho. Havia os que iam de bicicleta e os que apanhavam boleia de motorizada. Carros paravam para levar desgraçados vindos das lonjuras da Cumieira ou dos campos do Sabugal e já com os bofes de fora. Depois, havia o Casimiro das Caixas, que começava o dia a fazer as palavras cruzadas no jornal do Café Chinês e chegava na sua velha furgoneta.

Mas quando ela tocava era para todos. Tocava também para os curiosos, para os que iam apenas ver, saber onde era o fogo. E faziam-se úteis. Apanhavam e arrumavam as bicicletas e as motorizadas que os bombeiros largavam em pleno andamento ao chegarem ao quartel e um deles ainda tinha que ir estacionar em condições a carrinha do Casimirinho, deixada sempre à frente dos portões a estorvar a saída dos carros de incêndio.

Ela tocava e eu, miúdo, lá estava. Olhava para aqueles homens, esbaforidos, trementes, brancos como a cal, a entrarem na "primeira viatura" apenas meio vestidos, a enrodilharem-se nas calças que não enfiavam ou nas galochas que levavam ainda nas mãos, cheios de urgência para enfrentarem as chamas, e via heróis. Exactamente: heróis! Os meios eram escassos, a formação era elementar, Fafe era uma terra pequena, mas aqueles homens tinham um coração bombeiro do tamanho do mundo.

Tão grande era o coração, grande de mais para um homem só, que depois tinha que ser repartido. Ser bombeiro era coisa sanguínea, "doença" de família. Irmãos, pais e filhos, netos, tios e sobrinhos, primos, todos sofriam do mesmo bem. Creio que hoje ainda é um bocado assim.

Naquele tempo, eram os do Santo, os do António Quim (sim, o do cinema...), os Moleiros, os Costas do Assento, os Feira Velha, os Funileiros, os Quintos. Eram também o Agostinho Cachada, o Augusto Susana, o Frescaragem, que tinha lábia de leiloeiro, o Nogueira da Ponte do Ranha, que "fardava muito bem", o Zé dos Alhos, o Zé Sacristão (avô do actual comandante, cá está!), o Nelo Chapeleiro, o Chaparrinho, o Ferreira "Puta Velha", o Armando "Salazar", que era o Viagra em pessoa, o enorme Sr. Humbertino, que trabalhava para os Summavielles e já só se apresentava no dia da Festa dos Bombeiros, tal como o Joãozinho motorista, que conhecia como ninguém as manhas do Opel descapotável e apanhava todos os anos uma carraspana de tal ordem que era preciso levá-lo a casa.

Naquele tempo, ser bombeiro dava muita sede e a água era toda para apagar incêndios. De modo que, conscienciosos, os voluntários fafenses, regra geral, decilitravam no verde tinto com apreciável pertinácia. O meu avô da Bomba, que era quarteleiro e videirinho, até montou um pequeno tasco que foi um sucesso. O meu vizinho Agostinho Cachada era um dos principais clientes, mas tinha um porém: pelava-se por bagaço e quando ia para casa nunca mais lá chegava, porque, mesmo depois de o meu avô fechar o tasco, o bom do Sr. Agostinho voltava sempre para trás para beber mais um. Era certinho. Uma noite, para lhe evitar a canseira e apressar o sono, o meu avô foi atrás dele até ao Paredes, já a meio caminho, com a garrafa da aguardente escondida debaixo do capote...

Quando a sirene tocava, também as mulheres de Fafe se sobressaltavam. Era a "puta" que lhes tirava os maridos de casa, da cama. E eles iam para os braços da "outra". Os Bombeiros eram uma tremenda paixão, a "amante" perigosa que levava tudo o que queria. E elas tinham medo que, um dia, os seus homens não voltassem. Tolices de mulheres. Os heróis não voltam sempre?

Hernâni Von Doellinger

12 junho 2013

Viagem de Comboio Fafe - Guimarães: 1986



Imagem: Victor Marques
Edição: Ricardo Ferreira
Ano: 1986
Descrição: Dois dias diferentes entre Fafe e Guimarães. Um dos registos trata-se do último comboio e da última viagem entre as duas cidades.

08 junho 2013

O Sagrado e o Profano




Na página do Facebook da candidatura de Eugénio Marinho surge com destaque esta pérola do executivo camarário. Apesar de não ser colocada a data da reunião camarária, faço fé que seja verdadeira.
A ser verdade, esta exigência por parte do actual Presidente da Câmara sugere-me a ideia de, na política, não haver discernimento exigível entre o sagrado e o profano. A política é profana (pelo menos quando não se comunga da ideia de que o poder vem de Deus através do povo, tese muito desenvolvida por Montesquieu), faz inexoravelmente parte da nossa própria natureza. O sagrado permite-nos viver uma dimensão diferente. O plano sagrado é constituído pelo transcendente, uma realidade completamente outra, e pelas suas manifestações. As hierofanias, aplicando um termo de Micea Eliade, correspondem a essas manifestações que podem ser traduzidas por uma simples árvore ou uma imagem de Cristo.
Ao colocar uma placa, um político pretende eternizar-se, ao colocar uma placa num altar, o político pretende tornar-se uma hierofania. Meu Deus!
Obviamente que não convoco para aqui os habituais desabafos de Eugénio Marinho e dos seus «acólitos» reprovando o acto de colocar a placa no altar. O que me repugna é colocar a placa. 
Reconheço que sou um pouco ingénuo no que respeita a estas hierofanias políticas, vulgo placas, porque o povo gosta. O povo gosta do formalismo e da hierarquização dos títulos. Mas, numa sociedade utópica, o político mandava executar na medida em que considerava pertinente e responsabilizava-se por tal, mas sem placa. 

António Daniel

07 junho 2013

Começou a Campanha



Com a apresentação da candidatura dos “Independentes por Fafe”, pode considerar-se que começou, de facto, a campanha para as próximas eleições autárquicas no nosso concelho. Os outdoors estão na rua e já me deram que pensar.
Começo, desde logo, por declarar que tenho responsabilidades políticas no movimento dos “Independentes por Fafe” pelo que sou, e serei, faccioso, sendo natural que notas sejam tendenciosas, ainda que reproduzindo factos reais.
Chamo a atenção para a curiosidade dos cartazes de campanha do PS e PSD não utilizarem o rosa e laranja oficiais. Escolheram outras cores e tons suaves, procurando, quem sabe, fazer esquecer a ligação dos candidatos às responsabilidades governativas passadas e presentes das forças partidárias que representam.
Recebi, na passada semana, no meu correio, um boletim informativo enviado pelo PSD. Um desdobrável relatando as visitas do candidato ( e seus colegas de partido) a diversas instituições do concelho (e distrito), cheio de fotografias que tentam utilizar, ainda que disfarçadamente, a imagem dos mesmos para proveito próprio. Terão perguntado se podiam utilizar a imagem dessas personalidades? É legítimo fazê-lo? Curiosamente, no ano passado, nós, os Independentes por Fafe, fizemos visitas a a uma grande parte das instituições do Concelho, com o objectivo de nos inteirarmos dos seus problemas, necessidades e projectos futuros. Não levámos a imprensa connosco e, muito menos, divulgámos o conteúdo das visitas, até porque as instituições não devem, em qualquer circunstância, ser politizadas.
Na minha opinião, o Dr. Raúl Cunha, sendo eleito, não cumprirá o mandato. Estou convencido que o seu objectivo não é comandar os desígnios de Fafe, antes obter uma posição partidária forte (para a qual a sua condição de independente não contribui…) na corrida à indigitação para futuro Administrador Regional de Saúde. O governo irá cair (mais cedo do que tarde!) e o PS irá reocupar os cargos de nomeação política com gente das suas fileiras. Veremos o que o tempo nos reserva.
Como nota final, volto aos “outdoors” e às fotografias dos candidatos Socialista e Social-Democrata. Ambas retocadas. Seja para corrigir o olhar ou para inserir um “pin” de Fafe, demonstram o cuidado que os responsáveis pelas campanhas estão a pôr na forma como apelam aos eleitores. Sinal de preocupação?

Miguel Summavielle


06 junho 2013

Royal Center.




Nas redes sociais, os responsáveis pela candidatura do PSD à Câmara Municipal têm vindo a defender uma solução para este edifício que é um autêntico exemplo de fealdade urbanística. A solução passa por uma unidade hoteleira. Diz José Baptista que a hotelaria «é uma área claramente deficiente em Fafe». Como disse?
Há uma certeza e muitas dúvidas: Em primeiro lugar, que base objectiva leva José Baptista a afirmar que existe défice hoteleiro em Fafe? Em segundo lugar, quem irá investir? Em terceiro lugar, haverá investimento camarário? A certeza é: para o PSD o edifício já faz indelevelmente parte dos destinos fafenses.

António Daniel

04 junho 2013

Slogans e Matrizes


«Renovar com segurança» é um slogan que diz tudo. O seu objectivo prende-se com a cativação da geração mais velha avessa a grandes mudanças e com todos os que estão satisfeitos. Note-se que a primeira palavra é «renovar» mas com a «segurança» mais saliente. Apesar de tudo, bem que podia ser «segurança renovada», possivelmente seria mais fiel aos propósitos. Contudo, surge um segundo slogan «Paixão por Fafe». Não percebo muito bem a simbiose entre a paixão e a segurança. O pathos é, por natureza, emotivo. Rasga a monotonia, suplanta o amor. A paixão é sexo e o sexo, como canta a Rita, é carnaval. Vejo o PS muito carnal, mas a carne é devorada. Devorar ou ser devorado, eis a questão.

O PSD lança-nos o tempo. «Chegou a Hora» apresenta-nos uma inevitabilidade. É um slogan muito darwinista porque está querer aproveitar-se do mais fraco, mas também freudiano com a presença do símbolo fálico (vulgo seta) do PSD. «Chegou a Hora» dá-nos a sensação da morte e do renascimento, tomar o lugar de... O problema é que Cronos devorava os seus próprios filhos. É um slogan arriscado que pode significar o princípio ou o fim. O tempo é um pequeno instante. Porém, caso o PSD não alcance o instante... Mas o grande segredo está em conjugar o princípio darwinista com Freud. A libido dá-se bem com o instante.

«Todos Somos Fafe» é uma frase «cheia». Cabe lá tudo, mas pode parecer que pouco lá caiba. Depende! É uma espécie de apelo, de chamamento, ninguém fica de fora. Esta ideia de conjunto é facilmente confundida com a «massa». Ora, sabemos que nem tudo cabe. No slogan este «todos» é conjugado com uma mão que mais parece uma espécie de stop. Parece-me sub-reptícia a mensagem porque é uma camuflada do slogan do PSD. Chega de PS, diz entrelinhas. Stop, paremos neste instante! Mas este «chamamento» não é assertivo. A mão não possui contornos, não está definida nas agruras da vida, não tem calos, é simplesmente uma mão pouco definida. O que sobra de indefinição escasseia de calo. Além disso, é a imagem mais passível de sugestões, quanto mais não seja ao imaginarmos a proeminência do dedo do meio face ao agachamento dos outros. Toma!!!

Conclusão: a candidatura do PS é feminina, é candura e, simultaneamente, paixão (o diamante). Procura a perfeição da segurança. O PSD e «Os Independentes» são fálicos, procuram o vigor, de forma  mais explícita o PSD (o que já se esperava) e de modo mais implícito «Os independentes».

Resta-nos esperar pelas outras forças partidárias. Mas quem espera... desespera.

António Daniel

03 junho 2013

Os Independentes. Só Agora?


Finalmente surgiu a candidatura dos Independentes Por Fafe. Pensei um pouco sobre a razão de ser da candidatura se apresentar depois das duas anteriores. Considerações positivas ou negativas podem ser escrutinadas. Por mim, creio que a balança pende mais para o lado favorável. Na Psicologia aprende-se, no que respeita à retenção de informação, que, em geral, as pessoas fixam mais as que são dadas em último lugar. Simplificando, caso apresentemos um lista com a sequência medroso, meigo, inteligente, é comum sobrevalorizar-se a característica de inteligente. Se a sequência fosse a inversa, o adjectivo medroso sobrepunha-se às restantes. É possível que a candidatura tenha pensado nisso, tudo dependerá da sua força. Caso a vertente comunicacional seja forte, facilmente a candidatura de Eugénio Marinho, com todas as suas iniciativas, seja menorizada, como é o exemplo daqueles «estados gerais» à volta do empreendedorismo (uma ideia de Guterres que as gentes do PSD sempre menorizaram).  Contudo, Eugénio Marinho está forte. As suas iniciativas tentam conjugar duas vertentes fundamentais: a responsabilidade e a irreverência. Por um lado pretende mostrar-se como voz da juventude (?), por outro reclama-se como alguém ponderado capaz de ouvir no sentido de tomar as decisões mais correctas. O PS que se cuide. Ou que se cuidem os outros pelas evidentes divisões.
Os próximos tempos serão muito interessantes. Como cidadãos fafenses devemos aproveitar muito bem!

António Daniel