05 outubro 2012

A República em Fafe



Mais um ano em que a Câmara Municipal de Fafe comemora o 5 de Outubro. Mais um ano em que a comemoração não é aproveitada para repensar a República. Sou, por convicção, republicano, Identifico-me com o ideário que presidiu à sua génese, desde a geração de 70, que tentava responder a esta grande questão: Como conciliar a filosofia originalmente anti-liberal e anti-democrática do positivismo com o movimento burguês que reivindicava a tradição demo-liberal e a obra da revolução francesa? A solução passou pelo vínculo à heterodoxia positivista de Littré. É revelador o pensamento de Teófilo que Afirma a liberdade política, civil e filosófica contra a exclusividade positivista dada a esta última.
Perante estes pressupostos, será a comemoração da república em Fafe um momento de autocrítica? Será a comemoração da República em Fafe um momento de afirmar mea culpa relativamente à ausência de igualdade de oportunidades no exercício de cargos públicos?
Parece-me que, ao contrário dos intelectuais republicanos, os democratas de hoje vão mais ao encontro das ideias de Comte do que de Littré. Basta saber que, contrariamente à ideia metafísica de progresso a partir do conflito, Comte desenvolve a ideia de progresso através da ordem (daí a bandeira brasileira). Hoje em dia, a ordem é instituída pelo medo de não pertencer ao «partido», o medo de ter ideias diferentes e, por isso, ser preterido em concursos públicos, o medo de não ter futuro. Assim, será melhor não termos feriado.

PS: Há esperança. Em virtude do exercício de liberdade que as redes sociais proporcionam, o Presidente da Câmara parece ter desistido da deslocalização da Justiça. Ainda bem. Subiu na minha consideração assim como todos aqueles que deram a cara pela defesa de uma ideia legítima.

António Daniel

8 comentários:

Alex disse...

Esqueceram-se da assinatura do texto... Aposto no António Daniel :)

Fernandes disse...

realmente, não é costume deste blog textos não assinados!!acuse-se s.f.f...

Jesus Martinho disse...

Mais que o nome, importa o conteúdo.
Certamente foi por esquecimento. O António Daniel "sempre deu o nome às balas"!
Um texto absolutamente genial!

António Daniel disse...

Eh, Eh. De facto esqueci-me. Alex, acertou! Fernandes, estou acusado. Jesus Martinho, obrigado pela sua generosidade. Genial ou não, o importante é aplicarmos aquilo que vamos sabendo à terra que ambos amamos. Obrigado.

Jorge von Doellinger disse...

Digamos que se terá tratado de uma comemoração em linha com a da capital.

Alex disse...

Se calhar o facto da Câmara ficar na Avenida 5 de Outubro ajuda a lembrar o dia... É engraçado que fica ali entre o 25 de Abril e o 1ºde Dezembro. Mas é mais uma espécie de "feira velha".

António Daniel disse...

Alex, agora esteve feliz, Ah, Ah, Ah...

Anónimo disse...

Até pode dar o nome mas nunca ninguém lhe viu aqui a cara. Nem aqui, nem em lado nenhum...

Anita Correia