22 outubro 2012

M80? Não, obrigado!



À margem de uma conferência onde intervinham várias personalidades da sociedade civil, entre as quais o professor Marcelo Rebelo Sousa, ficou-me na retina uma tirada deste em relação às rádios. Segundo este, as rádios estavam a passar por uma fase menos boa, apesar de manterem um papel muito relevante, no seio da opinião pública. Bom, o que é certo é que fiquei a matutar sobre o assunto e, rapidamente passei para o panorama local.
Longe vai o tempo em que sintonizava a frequência 103.8 fm e ouvia em primeira mão as notícias do meu concelho, o relato do meu clube (adfafe), entrevistas a personalidades locais, programas relativos às mais diversas freguesias (onde se divulgava o que de bom se faz no concelho), divulgação de eventos organizados no concelho, debates políticos, publicidade a empresas locais e os tão afamados discos pedidos, que faziam a delícia das gentes tipicamente minhotas. A verdade é que tudo isso acabou de uma forma abrupta e num processo muito pouco claro aos olhos de uma pessoa normal, onde me incluo. Pelo que se sabe, razões financeiras estiveram por detrás do fim da “nossa” saudosa rádio clube de Fafe.
Desde há uns anos para cá, passamos a ter uma rádio nacional a m80, que tem a sua base assente na m80 espanhola. Não questionando a qualidade desta, o que é certo, a meu ver, é que com esta mudança, quem perdeu foram os fafenses e o concelho de Fafe. Acho estranho que se fale de inúmeras situações, e a rádio tenha sido esquecida, posta de lado, como se ninguém tivesse minimamente interessado nas benesses que ela poderia trazer. Fazendo uso do meu “pacato” descontentamento, espero que este modesto texto, sirva para, pelo menos, se pensar sobre o assunto e, quiçá, um dia termos de novo uma rádio local, a exemplo dos concelhos limítrofes como é o caso de Guimarães, Vieira do Minho, Povoa de Lanhoso, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Felgueiras. E como se intui da situação, a crise não terá sido o verdadeiro responsável pois, os restantes concelhos também a sentem e mantêm a sua rádio activa.
Termino com uma frase de um escritor reconhecido, que ilustra bem o papel de uma rádio: ”São inúmeras as possibilidades de o rádio incentivar e semear a cultura.”

João Marques

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