18 setembro 2013

Opinião: O Programa Eleitoral do PSD.


A corajosa e saudável iniciativa do PSD em colocar disponível o seu programa eleitoral exige da parte de todos uma tomada de posição e uma visão crítica construtiva.
Em primeiro lugar, não pondo em causa a capacidade de trabalho (característica propagandeada a nível nacional como se fosse quase da exclusividade dos decisores laranjas ) dos candidatos, parece-me ser um programa a executar muito para além dos quatro anos. Seria de bom tom que esclarecessem esse aspecto sob pena de padecer de algo falacioso.

Gostei das ideias acerca do Castro e dos museus. Seria uma mais valia (utilizando um termo marxista) para Fafe. Devidamente publicitado, o espaço seria certamente um novo motivo de visita à nossa cidade. Relativamente ao Castro de S. Ovídio, embora seja omisso nas formas de execução, só o simples facto de haver intenção já é positivo. Para a posteridade fica a ideia de deslocar o museu do automóvel para a zona norte do Concelho, como foi dito pelo candidato pelo PSD no debate realizado no Teatro-Cinema. Referia-se a quê? Aboim, Lagoa, Felgueiras?
 
No que respeita ao posicionamento económico, a sugestão da criação de um organismo incubador de empresas é positivo, apesar de não ser explícito como irá ser feito, qual a orgânica e os modelos de execução e, principalmente, quais as parcerias que irão ser encetadas. Na medida em que há muitas formas de aplicar a ideia, desde a passividade completa (estar à espera que as empresas caiam do céu) até uma promoção agressiva das condições do Concelho, também merecia uma explicação mais cabal a forma como se fará a atracção de empresas cuja produção se considere em crescendo económico. Este aspecto, apesar de ter uma enorme importância, não é simples e carece de discussão mais exaustiva. Tenho perfeita consciência que todos os pontos apresentados pela candidatura nesta área não devem ser avaliados isoladamente, mas, talvez por isso, fosse necessário um debate sério. É-me fácil dizer que irei apoiar os comerciantes. Torna-se mais difícil dizer como e este «como» faz toda a diferença porque é aí que as divergências de ponto de vista poderão surgir.

É na parte da «cidade» que a inexequibilidade das medidas me parece mais óbvia. Pretende-se muitas obras, algumas delas pertinentes, outras nem por isso. Um aspecto positivo é a requalificação da zona da Vila Nova. É um espaço muito esquecido em Fafe que, apesar de ter sido uma edificação que prometia muito, foi prostrada à indiferença. Aliás, Pedro Gonçalves, nos seus itinerários pedonais, deu a devida ênfase a esta zona. Já não percebo a intervenção da Av. do Brasil. Não sei muito bem o que pretendem. É uma bonita avenida devidamente ornamentada por vegetação. O que querem lá fazer? Não é explicado. O parque de estacionamento na zona do Hospital é uma boa ideia, apesar de considerar uma obra cara. Não me parece possível construí-lo. Aliás, a zona da Feira-Velha não é considerada, apesar de pessoalmente considerar uma área de urgente intervenção.

A construção de piscinas e polidesportivos já me cheira a propaganda tipo «menezes». Espero que não passe de mera coincidência.

O que não percebi foi a construção de um auditório municipal. Para quê? Onde seria construído? Também a ideia de tornar o teatro-cinema auto-sustentável é por si só muito difícil de executar. Nem tudo dá lucro e em Fafe as pessoas habituaram-se ao acesso quase gratuito à cultura, perfeitamente justificável pelo carácter pedagógico de tal medida. Se pretenderem implementar um sistema que permita o auto-sustento, dificilmente alcançarão níveis de adesão razoáveis. Poderei estar enganado. O que ficamos a saber é que não se realizarão mais concertos a 10 euros de artistas de renome nacional.

A educação. Os tecnocratas que imperam no meio político adoptaram o orgástico termo «excelência». Confesso que é uma posição muito subjectiva, mas não gosto! O que é isto de premiar a excelência? Está implícita a ideia da meritocracia? Bem, o mérito tem muito que se lhe diga. A educação é um problema em Fafe, ou melhor, sempre foi. Nunca foram devidamente apresentadas razões plausíveis para tal situação. É um tema que permanentemente se omite, também não sei por que razão. É bom que as candidaturas o discutam, sem freio. Mas o PSD não tem grande apetência para tal. A não ser que a Paula Costa tenha excelentes ideias.

Por último, necessitava de uma maior clarificação a simbiose pretendida entre a defesa do ensino público e o apoio a instituições privadas. Se por um lado é possível, por outro não é assim tão possível. Esta questão deixaria para outra altura.

António Daniel

16 comentários:

Pedro Silva disse...

Li algumas coisas que acho totalmente essenciais para a nossa cidade como por exemplo um gabinete e até mesmo edificios (escritorios) para apoio de pequenos jovens empreendedores como li outras tal como o parque subterraneo que acho que não faz qualquer sentido.

Quanto à Av. do Brasil sem duvida António Daniel que merece umas obras.. O piso, a vegetação, os passeios estão degradados.

Outra coisa que fala é o teatro-cinema auto-sustentável. Eu penso que ele poderá ser e poderá ser quando existir como alvo o publico jovem e não publico mais velho.

Anónimo disse...

António Daniel, como deve clacular o programa que foi tonado público de Eugénio Marinho, é apenas e só no ambito das linhas chave do programa. Para quem assistiu à apresentação pública na sala Manoel de Oliveira, posso-lhe dizer que Eugénio Marinho "dissecou" ao promenor e de forma sustentável, como depois as colocará em pratica.
Também, e para o esclarecer, Eugénio Marinho, disse de forma bem clara que algumas destas ideias não serão exequiveis em apenas um mandato.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Caros António Daniel e restantes bloggers,

É realmente evidente (mas uma infeliz observação!) que a maioria da população fafense não se informa, nem quer saber das reais motivações/propostas dos candidatos às eleições autárquicas. Sentem-se bem a dizer mal dos políticos e das suas políticas, mas quando têm a oportunidade de se esclarecer e as debater publicamente, nada fazem!

Na apresentação do programa eleitoral do PSD o que mais me assombrou foi o Dr. Eugénio Marinho revelar que ‘grande parte das propostas actuais terem sido anteriormente apresentadas por ele, em 2001’. Isto significa efectivamente que, 12 ANOS após uma gestão autárquica socialista, quase NADA MODOU! Parece que todo o investimento entretanto feito não trouxe o desenvolvimento socio-económico tão desejado.

Realmente é necessário debater as ideias propostas pelos candidatos às eleições autárquicas perante a sociedade fafense, para apurarmos quais as reais motivações e pretensões dessas candidaturas, qual dos candidatos tem um real conhecimento das necessidades do povo fafense. Embora algumas tentativas de debate tenham sido boicotadas quer pelo PS, quer pelo IPF (refiro-me aos debates descentralizados organizados pelo CODA Fafe), segundo me é dado saber, algo semelhante acontecerá no debate organizado pelo ‘Noticias de Fafe’ (o Parcídio Summaviele não tem agenda para debates!). A minha interpretação é a seguinte: os candidatos PS e IPF não são realmente conhecedores da realidade fafense e não querem fazer má figura publicamente, ou como diz o sábio ditado ‘quem não deve, não teme’.

Fernando disse...

numa região maioritarimente rural,de baixo nivel de instrução académica, poucos ou nenhuns hábitos de cultura(salva-se a pseudo-elite do clube Fafense!), como é possivel o teatro cinema ser sustentavel?? não é preciso um curso de gestão para perceber isso( pura demagogia).

Luís disse...

Eugénio Marinho tem feito uma campanha de ideias e bastante pragmática. Não se esquiva ao debate público, ao contrário de Parcídio que parece que não vai ao debate no cine teatro.
No entanto, isso não basta. Numa terra socialista e com um governo de direita que vem destruindo tudo em que mexe, Eugénio Marinho é óbvio que não vai vencer.
Destaco a sua coragem e frontalidade ao assumir a liderança do PSD, mesmo quando agora houve a confirmação vinda de Parcídio que foi ele o primeiro convidado a ser o cabeça de lista dos laranjas à câmara. Já nas anteriores eleições houve esse convite também.
Parcídio anda a perder votos cada dia que passa. Não tem estratégia, nem visão política e a sua imagem não garante assim tantos votos quanto isso.
Meter o pai "ao barulho" nesta campanha para quê? Se se quer desvincular do pai, só lhe resta não meter o senhor em grande parte dos comícios.
Parcídio começou bem mas já tenho dúvidas se o segundo lugar será dele ou do Eugénio.
O PS tem uma máquina política muito forte. Ribeiro e Laurentino têm carisma, Raúl Cunha e Pompeu são homens sérios e a vitória (resta saber por quantos) está assegurada! Para quem duvidava da força do PS em Fafe, ontem no multiusos tiveram uma boa resposta.
As minhas dúvidas apenas são se o PS mantém a maioria absoluta ou não e quem fica em 2º. Quanto ao resto, pouca coisa vai mudar nas freguesias.

Anónimo disse...

Para responder ao Sr.Fernando: a sua resposta é claramente a resposta de uma pessoa limitada e sem visão. Por si, Fafe estagnaria sempre nessa sua visão rural e não evoluiria culturalmente. Se os candidatos pensassem como o senhor então deixava de se gastar dinheiro na cultura, porque esta é desnecessária num concelho como Fafe. Enfim, para esse tipo de comentários o melhor é realizar um voto de silêncio, não perturbando aqueles que estão cheios de ouvir mentes fechadas, como a do Senhor...Quanto ao Dr. Eugénio, só posso dizer que será uma pena se não vencer. É, de facto, o candidato mais adequado. Tem um força enorme, desejo de mudar e renovar o concelho para melhor. Era uma lufada de ar fresco, trazida por alguém com perspetivas de futuro e muito consciente da necessidade dos jovens, assim como as suas ideias e motivações trazem vontade de lutar, carisma, mudança e juventude. O Parcídio não me revela inspiração nenhuma, a mim dá-me a ideia de um ser inanimado, que se candidata porque sim e com uma visão distante daquelas que são as necessidades do concelho e do povo. O PS, é sempre a mesma coisa, esta estagnado a anos e com ele vamos ter mais do mesmo. Portanto, não se pode esperar grande coisa, apenas o habitual, que é fraquinho. Termino dizendo que é surreal o Dr. Eugenio ter apresentado estas mesmas propostas na sua primeira candidatura, em 2001 (ha 12 anos) e é lamentável verificar que nada se fez. O comentário ao projeto parece-me um tanto depreciativo, sempre a tender para o negativo. Certamente será o autor um apoiante de outro partido que não o PSD. Boa noite e força PSD!

António Daniel disse...

Anónimo das 11.58, diz que o texto é depreciativo e tem toda a legitimidade para tal. Também eu tenho legitimidade de dar a minha opinião. Só lamento não dispor dos programas dos outros partidos, para também dar a minha opinião. Contudo, daí até se concluir que sou apoiante de outro partido, vai uma longa distância. Mas por que razão devemos sempre conotar politicamente quem opina? Acima de tudo, quero que ganhe Fafe. Se for o Eugénio Marinho, ainda bem. Se for outro qualquer, ainda bem também. E viva Fafe. Não sou apoiante de ninguém, apesar de ter as minhas preferências. Ainda posso, não? De resto, continue a dar a sua opinião de forma livre. Isso é que eu valorizo.

Fernando disse...

em resposta ao Sr. mente aberta anonimo PSD das 11:58,eu não disse que a cultura não é necessária e que não se deve gastar dinheiro na mesma, simplesmente disse que não é sustentavel porque o teatro está vazio quando é apoiado pela Camara, imagine quando for totalmente gerido para ser auto-sustentavel(sem apoio camarario). Não dá lucro, ou pelo menos que não dê prejuizo, pois já estou farto de pagar impostos para serem despojados a céu aberto, entendeu??

Anónimo disse...

António Daniel, estou curioso para saber a sua opinião sobre o facto do Parcidio não estar presente no debate. Confesso que inicialmente não acreditei, depois confirmaram que era verdade. O debate, a não ser qualquer surpresa de ultima hora, vai ser entre todos menos os Independentes. Sinceramente lamento que assim seja. Até porque, conhecendo como conhece todo o concelho de Fafe e as suas necessidades (dizem que percorreu as 36 freguesias para saber dos seus problemas) aliado à sua capacidade de oratória assertiva e perspicaz que lhe é reconhecida (é advogado) já começo a ficar preocupado com o que poderá acontecer ao Dr. Raul, estando sozinho no debate.

António Daniel disse...

anónimo, não estava por dentro da realização do debate. Sei que estava um estava programado, creio que por uma designada CODA, mas não sabia que haveria outro. A ser verdade que a lista de Independentes não irá estar presente, considero tal um aspecto que não abona em favor de Parcídio. A sua obrigação é debater.

pedromiguelsousa disse...

Quando se olha para o Cine-Teatro só se pensa em espetáculos para ser rentável, porquê?
O Cine-Teatro pode ser sustentável com programas de formação, por exemplo o programa "Escolhas". Há em Coimbra no Teatrão um grupo que trabalha com jovens e são financiados diretamente pelos programas de inclusão e formação. Fafe não o é só porque não tem um plano estratégico. Há escolinhas de futebol, felizmente algumas em freguesias também, o que faz com que mais jovens sejam abrangidos... mas na área do teatro, por exemplo, não há 'escolinhas' para os mais novos... ora aqui está uma forma de rentabilizar o Cine-Tetaro! Há mais? Claro que sim, por exemplo nas artes plásticas. Não se pode é dizer que é insustentável só porque alguns não o sabem fazer. É por esta razão que esta oportunidade deveria ser mesmo usada para mudar um pouco o rumo de Fafe. Estamos a perder muitas oportunidades por causa do marasmo em que os gestores autárquicos entraram. As ideias acabaram, é mais do mesmo, era importante mudar, nem que fosse só quatro anos, certamente que ficaríamos todos a ganhar. CHEGOU A HORA!

José Baptista disse...

Caro Luís (das 8:48), quando refere que o Dr. Parcídio foi convidado para ser o cabeça de lista pelo PSD nestas eleições autárquicas está a dizer uma GRANDESSÍSSIMA MENTIRA, pois após as últimas eleições autárquicas, o líder da comissão política do PSD foi o Dr. Eugénio Marinho durante dois anos a que se seguiu o Dr. José Augusto Sousa até ao momento atual, e sendo eu membro da atual comissão política, posso afirmar que nem o Dr. Eugénio Marinho nem o Dr. José Augusto alguma vez tenham convidado o Dr. Parcídio para tal cargo. Compreendo que nesta altura se procure fazer muita contra-informação para tentar confundir as pessoas, mas há coisas que não são toleráveis. Esta é uma delas!

Luís disse...

Caro José Batista,
Como membro da comissão política, digo-lhe que anda ou andou muito mal informado!
Parcídio Summavielle foi convidado para liderar uma lista do PSD à camara, nas anteriores eleições e nestas por alguém das estruturas do psd fafe...
Esta informação foi-me confirmada por mais de uma pessoa. Nem tudo passa pela comissão política...

Anónimo disse...

Sr. Luís, tem toda a razão quanto às anteriores eleições. Mas nestas, o senhor não faz a mínima ideia do que está a falar e quem o informou fez de si ingênuo. Toda a gente sabia que Eugênio Marinho seria candidato nestas eleições pelo PSD logo após as ultimas. O senhor anda um pouco distraído. Cumprimentos.

Luís disse...

Talvez me tenham informado mal.
Não duvido.
Tudo é informação e contra informação nesta campanha.
Mas quem me informou tem a cara num cartaz do PSD bem à frente... isso é que é mais estranho.
Porque o fez se é mentira?
Não sei mas talvez o PSD se tenha distraído com a escolha de algumas pessoas.

Alex disse...

Ouvir o PSD a dizer que quer "defender o ensino público" quando o PSD o que tem feito é apoiar um governo que "ataca o ensino público" só pode ser uma piada.