15 fevereiro 2011
Não Há Como Escapar ao Tema
Não há como escapar ao tema… a música dos Deolinda, “Sou da geração sem remuneração/e não me incomoda esta condição. / Que parva que eu sou/Porque isto está mal e vai continuar, /já é uma sorte eu poder estagiar. /Que parva que eu sou! /E fico a pensar,/que mundo tão parvo/onde para ser escravo é preciso estudar”.
Como já anteriormente escrevi os portugueses, tornaram-se umas coisinhas amestradas, não sei bem à espera do que?
Historicamente sempre tivemos uma sociedade dicotómica, claramente marcada de oposições, que é exemplo: Monárquicos/republicanos; fascistas/comunistas; direita/esquerda; conservadores/progressistas.
Contudo ultimamente temos assistido ao ampliar desta visão bifurcada da sociedade, onde é cada vez mais claro o acumular de tensões entre os contendentes.
Hoje é notória a guerra geracional que se instalou no país, entre os mais velhos, instalados e protegidos pelos direitos adquiridos, e pelos tachos que entretanto foram sabiamente amealhando em clara oposição com os mais novos, precários, com mais formação e dinamismo, e cujos direitos sociais “o estado” faz um manguito, e cujo futuro é deveras insatisfatório.
Temos ainda um pouco mais secundário, a oposição entre os funcionários públicos, e trabalhadores do sector privado.
Por tudo isto esta na hora de acabar com privilégios instalados… está na hora de acabar com o saque de que o país esta a ser alvo…. É hora de ressuscitar as velhas músicas de intervenção, e com elas os ideais de Abril, e de a outrora apelidada de geração rasca acordar para a vida e mostrar a nossa crescente indignação.
Rui Freitas
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11 comentários:
Os "Deolinda" têm um significado especial para mim e para todos os Fafense que acreditam que é possível mudar.
Representam a vontade de lutar contra o unanimismo, o conformismo e a resignação.
O Rui Freitas alerta-nos para a necessidade de lutarmos pelos nossos ideais. Motiva-nos a não aceitar a "situação" como um dado adquirido, reivindicando os direitos que a constituição procurou instituir e que nos cabe defender.
Baixaram os salários porque há uma "crise" que nos impede de crescer e é preciso reduzir o deficit. Porque não combater a economia paralela e "agarrar" os 35% que esta representa do PIB? Alargando a base tributária não seria possível baixar os impostos, sem reduzir as receitas do estado?
Anuncia-se a extinção de quadros superiores na Segurança Social e logo vem o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado acenar com a bandeira do desemprego. O que se pretende? Poupar ou manter as regalias instituídas?
É necessário planear a médio prazo (a 10 anos, no mínimo), definindo um rumo para Portugal. Não creio que as diferenças partidárias sejam suficientemente profundas para impedir um entendimento sobre aspectos gerais dos diversos sectores da nossa sociedade (Justiça, saúde, educação, etc.). Devíamos obrigar os partidos políticos a alcançar um consenso que nos balizasse para a próxima década, evitando as constantes mudanças de política sempre que muda o Ministro.
Talvez assim a geração vindoura tivesse um futuro. O nosso, esse, creio estar irremediavelmente contagiado...
Bom, não vou por aí. As estatísticas mostram que ainda vale a pena estudar. Numa situação mais precária estão todos aqueles que, por várias razões, não estudaram e, por isso, situam-se numa geração que pouco têm ainda a ganhar. Por outro lado, a geração «mais nova» beneficiou de uma luta de gerações anteriores por uma maior acessibilidade à formação e educação. Nunca nos podemos esquecer das gerações, então novas, que encetaram, no séc. XX, a emigração com ausência total de formação, formação essa que as novas gerações possuem.
Quanto aos ideais...? Bom, que ideais? Gostaria que me esclarecessem.
Com isto, não pretendo defender que se tenha de renegociar os tais interesses instalados, nomeadamente as altas reformas que ainda se usufrui. Além do mais, muitos desses altos salários serviram e servirão para alimentar muitas gerações novas.
Consequentemente, é preciso ter cuidado com a forma como se escreve sobre o choque geracional. Qual a situação dos mais velhos que usufruem de reformas miseráveis? O que dirão esses? O que dirão os desempregados sem formação, que a geração nova lhes rouba os postos de trabalho?
Aconselhava-vos então este texto retirado do blogue Pimenta Negra:
"As loas generalizadas à música dos Deolinda só revelam a miséria ideológica cavada pelo capitalismo: toda a emancipação e dignidade humana se resumem à assunção de um niilismo existencial e colectivo que só pode ser colorido com a plena integração na máquina do capital. A área cinzenta da vida dos canudo-iludidos é a incapacidade de pensarem a sua vida além e aquém do capitalismo e das fronteiras que a sua lógica demarca, através do seu marketing, da sua indústria cultural e de entretenimento, da burocracia governativa, e no seio do império quotidiano da autocracia das empresas.
A canção dos Deolinda “não é um grito de revolta”, é o sussurro do conformismo. E a glorificação do que existe é o conformismo do imaginário. A real e profunda precariedade é a precariedade do imaginário, aquela que dita e exige o direito à exploração. Se quisermos, o apodrecimento e desaparecimento do pensamento utópico."
É isso mesmo. O grande problema das sociedades contemporâneas é não pensarem nas coisas realmente importantes. daqui nasce o niilismo. A sua origem encontra-se na ignorância acerca do tempo. Por isso perguntei: que ideais? O vazio, certamente e quanto a isso não há choque geracional.
Pela primeira vez na vida gostava de ser acusado de plágio. De não escrever este texto e reproduzir integralmente a letra da nova canção dos Deolinda, Que parva que eu sou, da autoria de Pedro da Silva Martins. E gostava de fazer esse plágio porque há muitos anos que uma música não dizia tanto a tanta gente, num país em que a música sempre foi uma arma.
Em quatro minutos, a banda de Lisboa sintetiza as dores de crescimento e as sensações da geração dos licenciados desempregados, da vida adiada, dos estágios contínuos, dos call center em part-time e dos 1000 euros de ordenado que hoje são só 500. "Sou da geração sem remuneração/ e não me incomoda esta condição./ Que parva que eu sou!/ Porque isto está mal e vai continuar,/ já é uma sorte eu poder estagiar.", canta Ana Bacalhau, num vídeo que pode ser facilmente encontrado em blogues e nas redes sociais. "Que parva que eu sou!/ E fico a pensar,/ que mundo tão parvo/ onde para ser escravo é preciso estudar."
Como no romance A Arte de Morrer Longe, de Mário de Carvalho, esta é a descrição da primeira geração que vive e viverá pior que os pais. E quando olha para a frente só vê um futuro sem esperança. Agora, tem a sua música, o seu hino. Mas a ser um hino, será um hino de revolta. Porque quando acabamos de o ouvir ("sou da geração 'eu já não posso mais!'/ que esta situação dura há tempo demais/ E parva não sou!| E fico a pensar, /que mundo tão parvo/ onde para ser escravo é preciso estudar") a ideia não me sai da cabeça. De que estamos à espera? Numa canção semelhante, J.P Simões perguntava: "Poderá uma pobre canção contribuir para a tua regeneração ou só te resta morrer desintegrada?" E eu acrescento: O que vamos fazer, minha geração?
http://clix.visao.pt/parva-que-sou-a-minha-geracao=f589848
isto deveria preocuparmo-nos
Quase metade dos 619 mil desempregados em Portugal são jovens com menos de 35 anos. Esta é uma das conclusões do Inquérito ao Emprego divulgado ontem pelo INE, que dá força ao coro da recém baptizada, embora já não seja recém-nascida, ‘Geração Deolinda'. Mas não é a única que preocupa os economistas. Portugal prepara-se para entrar na segunda recessão económica em apenas três anos com uma taxa de desemprego de 11,1%.
"As estatísticas do emprego relativas ao quarto trimestre de 2010 indicam que não poderemos baixar os braços e que ainda não fomos capazes de inverter a tendência", reconheceu ontem a ministra do Trabalho, Helena André. Os números dos últimos três meses do ano passado agravaram a média de 2010, que saltou para 10,8%, um valor acima da previsão mais recente do Governo, de 10,6%.
A contribuir para este aumento estiveram sobretudo os jovens. O relatório do INE mostra que em apenas um ano foram destruídos quase 100 mil postos de trabalho de jovens até aos 34 anos, razão pela qual a percentagem de pessoas sem emprego neste escalão etário subiu para 46,4% - um exército de quase 290 mil pessoas. Um problema para o qual o próprio PS está sensibilizado: "Relevaria dois dados muito importantes: o crescente desemprego feminino e uma subida na juventude", admitiu a deputada Maria José Gamboa.
Gosto mais desta "Até Quando?" do Gabriel, o Pensador.
Letra e vídeo aqui.
Estamos fartos de ser carne para os abutres!
Dia 12 de Março apareçam na Praça da Batalha no Porto ou na Avenida da Liberdade em Lisboa.
As manifs fazem-se na rua e não em corredores de shoppings!
Enganei-me na data! Afinal é dia 19!
http://www.cgtp.pt/images/stories/imagens/2011/01/20110119interjovem.pdf
Não te enganaste na data não porque não foste tu que escreveste o comentário anterior. Dia 19 de Março de fato também haverá uma manif mas com objetivos diferentes e mais alargados.
Dia 12 de Março:
http://www.facebook.com/event.php?eid=180447445325625
http://geracaoenrascada.wordpress.com/
Então quase que parece que a de dia 12 é para rivalizar com a de dia 19...
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