06 dezembro 2013

Mais Algumas Notas Sobre as Eleições Autárquicas e Seus Resultados

Na minha opinião, os mandatos deveriam estar dependentes dos votantes nas forças políticas concorrentes. Passo a explicar: Fafe, com 50.879 eleitores inscritos, elege 9 vereadores (ninguém quer rever os cadernos eleitorais precisamente para que não se reduza esse número). Ora, na realidade, votaram 31.361 eleitores, e, mesmo entre esses, houve quem se abstivesse ou votasse nulo. Feitas as contas, nas forças políticas, foram depositados pouco mais de 30.000 votos. Desta forma, deveriam ser eleitos apenas os vereadores respectivos, ou seja, 7. Poupava-se nos salários e obrigava-se quem de direito a combater a abstenção (ou a deixar de ter interesse em não rever os cadernos eleitorais).
Só por curiosidade, se Fafe elegesse 7 vereadores, o PS teria conseguido 3, os IPF 3 e o PSD 1. A mesma regra deveria ser aplicada, com necessárias adaptações, aos eleitos para as Assembleias de Freguesia.
Quem sabe se este citério não poderia ser utilizado para reduzir os deputados da Assembleia da República, claramente em número excessivo.
O acordo pós-eleitoral entre o PS e o PSD determinou que o número de vereadores com funções executivas aumentasse para 6 (mais uma vez, só por curiosidade, se Fafe elegesse 7 vereadores, fazendo cumprir o acordo PS/PSD, teríamos a Câmara a funcionar com 4 vereadores…). Esperemos para ver como é que a maioria vai justificar este aumento dos encargos com a Vereação e seus assessores, quando terá que fazer cortes em tantas áreas.
Este acordo é, de qualquer maneira, uma grande derrota para o PS e para o Dr. José Ribeiro, responsável pela sua negociação. O Dr. José Ribeiro parece, neste momento da sua carreira política, estar a somar derrotas: perdeu a maioria que detinha há 32 anos (quando o PS cresceu em quase todos os Concelhos do País e obteve a sua maior vitória autárquica de sempre); perdeu na freguesia de Fafe; perdeu na “sua” freguesia de Cepães; e agora perde ao ser obrigado a negociar um acordo com um PSD que sempre combateu. Veremos como correm as eleições para a Comissão Política…
Aos vereadores do PSD espera-os uma tarefa difícil, já que terão que combater a perspectiva com que serão encarados pelo restante executivo – opositores políticos, merecedores de uma confiança apenas parcial. Tenho a certeza que muito do que será feito nos próximos 4 anos será urdido sem a sua participação e opinião. Tenho a certeza que o PS se encarregará de, antecipadamente, encontrar a melhor forma de lhes condicionar a actividade e o acesso a informação, impedindo-os de “saber para além do estritamente necessário”. Veremos!
Quanto à Assembleia Municipal, foi curioso ver a postura do PSD. Apresentou uma candidatura própria à mesa, funcionando como muleta para a eleição do Dr. Laurentino Dias, e ainda fez um discurso de “boa vontade” que contrasta com as intervenções do mandato anterior. Até pensei que me tinha enganado na sala, que não estava numa Assembleia Municipal e que não era o Dr. Rodrigues que usava da palavra.
Bem, pelo menos o Sr. Presidente da Assembleia continua igual ao de sempre, desrespeitando os eleitos (chegou 1 hora atrasado à reunião porque esteve a ver Portugal, esquecendo-se que todos gostariam de estar a fazer o mesmo) e utilizando a ironia, disfarçada de rigor democrático, como arma provocatória. Há coisas que nunca mudam…

Miguel Summavielle

8 comentários:

Anónimo disse...

A minha dúvida é o facto de ser público de os IPF não irem com a cara de Laurentino Dias. Portanto, se o queriam ver de lá para fora votavam no Dr. Rodrigues e poderiam ter esse problema resolvido. Acho que Assembleia e Executivo não se devem nem podem confundir.

Anónimo disse...

a mim parece-me que o sr eng Miguel Summavielle, deve, ter pesadelos diários com o Dr. Laurentino e o Dr. Ribeiro. Sr. Engº deixe-os em paz, olhe para a sua família, ainda anda com azia? a mim parece-me!

Ricardo Fernandes disse...

1ª Parte

Miguel,

Apesar de ter tido vontade de comentar anteriormente os resultados das eleições de 29 Outubro, não o fiz porque estava inserido num partido político e achei que isso deveria primeiramente ser discutido internamente… ingenuidade a minha!!! eu sei…!!!

Reportando-me ao filme eleições, de um lado temos o PS que após um processo de escolha de candidatos verdadeiramente inacreditável fica dividido em várias facções, de um lado afiavam-se as facas, de outro faziam-se as contas á vida, havia ainda aqueles que esperavam para ver para que lado é que caía, para depois escolher tranquilamente … mas todos juntos á espera de um milagre, era necessária a ajuda da “mão”, não a de Deus (não que não desse jeito), mas a “mão” do símbolo. Como se não bastasse durante a campanha eleitoral aconteceram episódios completamente hilariantes como o que protagonizou o líder da JS de então. O PS tinha tudo para perder as eleições.
Se o PS tinha tudo para perder as eleições os Independentes tinham tudo para as ganhar, mas não ganharam. E na minha opinião não ganharam por acharam que já estavam ganhas. Após um processo de escolha de candidatos ás juntas aparentemente tranquilo, sem grandes sobressaltos, cometem o erro capital para as suas aspirações, a escolha dos candidatos á Câmara. Não consigo entender ainda como cometeram tal erro, quereriam ganhar com maioria absoluta? Ir buscar eleitorado ao PSD? Na minha opinião conseguiram perder um significativo número de votos que iriam amealhar ao eleitorado socialista, e foi sem duvida foi o aditivo que o PSD precisava para fazer a campanha que fez, conseguindo recuperar parte do seu eleitorado, retirando assim a vitoria ao Independentes.

Ricardo Fernandes disse...

2ª Parte

Se a pré campanha e a campanha eleitoral decorreu de forma cordial e quase sempre com elevação, a noite das eleições fica marcada pela forma dramática como decorreram os apuramentos dos resultados, as incertezas quanto aos vencedores.
Após o conhecimento dos resultados da primeira assembleia de apuramento a reacção dos Independentes foi desproporcionada, com excessos de linguagem consideráveis que em nada dignificou a tradição democrática do concelho. Se achava razoável e recomendável que se fizesse uma recontagem dos votos, dada a margem tão reduzida entre as candidaturas, não apreciei a forma violenta como reagiram. O segundo recurso para o Constitucional foi completamente desadequado.

Ricardo Fernandes disse...

3ª Parte


E agora? O que fica para o futuro?

Do lado do PS ficarão marcas profundas que dificilmente cicatrizarão, nem mesmo com este arranjo de ultima hora no que fiz respeito á lista que compõe a comissão politica concelhia. Não me parece que o Eng. Francisco Lemos vá conseguir unir o partido, por varias razões. Em primeiro lugar porque denotou fraqueza ao não conseguir apresentar a sua lista, submetendo-se á aquela caldeirada, que a única preocupação que vai ter é andar a olhar por cima das costa, não vá o diabo tece-las. Em segundo afastou ou colocando-as em lugares humilhantes pessoas que face ao desempenho que tiveram durante a últimos quatro anos, se perfilam como alguém capaz de ameaçar o seu protagonismo, nomeadamente na assembleia municipal, e eu o entendo!!!. Revelou também que não conhece o partido e as suas dinâmicas, mas aí aqueles que o acompanham e que o conhecem por dentro e por fora deveriam tê-lo aconselhado, a não ser que estejam á espera que ele se espalhe ao comprido. A acompanhar com atenção.
E os Independentes? Serão a oposição que se abstiveram de ser no último mandato, sobretudo a nível do executivo? Conseguirão os Independentes suportar o fardo de dois vereadores, completamente desenquadrados com aquilo que é a génesis ideológicas do movimento? Não minha opinião face aos resultados que obtiveram e face á coligação PS/PSD não terá outra alternativa, não poderá mais caminhar lado a lado com o executivo como vinha fazendo até aqui, terá que ser verdadeiramente oposição.
Quando ao PSD, creio que os custos desta coligação serão consideráveis, não poderei quantifica-los, mas tenho a firme convicção que serão enormes, nem o mediatismo alcançado com a atribuição de pelouros poderá amenizar.

Um abraço.
Ricardo Fernandes

Miguel Summavielle disse...

Caro Ricardo Fernandes,
Posso assegurar-lhe que nunca os IPF pensaram que a vitória era segura. Achámos que era possível ganhar e creio que não nos enganámos. Concordo que não ganhámos porque mesmo tendo retirado muitos votos ao PS perdemos bastantes para o PSD. Não creio que tenha relação com as escolhas para a vereação. Perdemos porque não fomos capazes de fazer passar a nossa mensagem em Arões de S. Romão e Sta Cristina, em Silvares de S. Martinho, em Regadas e em Golães. Se a justificação fosse a escolha da vereação, os resultados em Fafe, Moreira, Estorãos, S. Gens, etc., seriam igualmente maus.
Quanto ao apuramento dos resultados eleitorais, não concordo consigo. Os recursos são e foram necessários porque a Assembleia de Apuramento Geral estava inquinada à nascença. Relembro que 4 dos oito membros com direito a voto foram indicados pelo PS (deveriam ter sido sorteados, conforme manda a lei!). Veja-se que a diferença era de 17 votos e, só pela reanálise dos votos nulos, ficou reduzida a 3! Mais ainda, se já esteve numa mesa de voto, diga-me como se explica que um conjunto de votos nulos estivesse perdido até altas horas da madrugada, sendo encontrados juntos com boletins de voto não utilizados. Relembro que os votos não utilizados são contados, embrulhados e lacrados antes de serem abertas as urnas para apuramento dos votos !!!
Se houve excessos na linguagem utilizada? Não creio. O processo de apuramento correu muito mal e há claros indícios de irregularidades (confirmadas pelo próprio Tribunal Constitucional) que permitem, pelo menos, que se instale a dúvida. Estou, ainda agora, à espera que o Dr. José Ribeiro, responsável máximo pelo processo eleitoral, apresente as desculpas aos Fafenses, explicando o que correu mal.

José Rodrigues(Cabeça de lista Assembleia Municipal PSD) disse...

Caro Miguel Summaviellle
O PSD não foi muleta para a eleição do Dr Laurentino Dias para Presidente da Assembleia Municipal ,como também não foi e nem seria para a eleição dos IPF,como bem sabe e não vou aqui lembrar-lhe .O que o sr engenheiro estaria 'a espera era que o PSD fosse a tal muleta para a vossa vingançazinha contra o Dr Laurentino,para nós,estão sempre 'a frente os valores em que acreditamos ,o projecto político que defendemos e pelo qual lutamos para Fafe,e,a minha lista 'a Presidência da Assembleia Municipal tem a ver com essa coerência e defesa da causa pela qual concorremos 'as eleições ,não entendo essa sua amargura,mas percebo-a,até por aquilo que tudo me leva a crer ,que o sr engenheiro me iria propor na véspera da primeira Assembleia.
Em relação ao enganar-se na sala e ao discurso "boa vontade",devo dizer-lhe que em política como na vida ,devemos respeitar e desejar bom desempenho dos cargos a todos os que foram eleitos,vencedores e vencidos,e' isso que a população de Fafe espera de todos nós .Não quero pensar que o sr engenheiro estivesse 'a espera que na primeira sessão da Assembleia Municipal desta legislatura,eu tivesse outro tipo de discurso,senão este ,de parabenizar todos quantos foram eleitos e desejar-lhes as maiores felicidades. Mas com tanta azia que ainda apresentam pelos resultados eleitorais das ultimas autárquicas ,certamente estariam 'a espera de outro tipo de discurso, mas desenganem-se,nós estaremos sempre a' altura das pessoas que nos elegeram.

José Rodrigues
(Cabeça de lista Assembleia Municipal pelo PSD)

Miguel Summavielle disse...

Caro Dr. José Rodrigues,
Não tenho medo de assumir que tentei conseguir que os IPF, PSD e CDU apresentassem uma candidatura conjunta à Mesa da Assembleia Municipal.
Foi por isso que o contactei. Foi nesse âmbito que me manifestou a vossa indisponibilidade.
O que lhe propus foi a composição de uma mesa com 1 elementos dos IPF, 1 elementos do PSD e 1 elementos da CDU. Teríamos uma mesa mais politicamente heterogénea e uma possibilidade efectiva de vitória. Teríamos um novo Presidente, homem com uma elevadíssima cultura democrática, com um enorme sentido de consenso e respeito pelos seus concidadãos, e com uma grande disponibilidade para desempenho de funções.
O PSD decidiu apresentar a sua própria lista. Nada a dizer.
O resultado foi a divisão de esforços e consequente reeleição do Dr. Laurentino Dias. Se isso não é servir de muleta, então não sei o que é…
Quanto a vingançazinhas, Sr. Dr. José Rodrigues, não me leve a mal, mas não dou para esse peditório. Não damos para esse peditório! Tínhamos o nosso candidato, que continuamos a considerar que seria o melhor Presidente da Assembleia Municipal, e procurámos que fosse eleito, tentando alterar o funcionamento de um órgão que é o mais representativo do Concelho e no qual, como muito bem sabe e inúmeras vezes referiu nas suas intervenções, sofre de tiques de absolutismo e de falta de respeito institucional.
Será que tenho que lhe lembrar o episódio do 5 de Outubro de 2013? Ou então, por ser mais apropriado, a tentativa, em 2006, de marcação de uma assembleia municipal extraordinária sobre o Hospital?
Eu compreendo que a cortesia nos leve a cumprimentar os vencedores, mas não é preciso fazê-lo com “tanta vontade”. É curioso que o grupo parlamentar do PS não teve iniciativa semelhante. Podem sempre ter combinado com o PSD, acordando que seria Vª Exª a fazê-lo, tornando desnecessária outra intervenção…
Finalmente, quanto a azias sobre resultados eleitorais, sou obrigado a lembrar que ambas as forças políticas tinham, nestas eleições, os mesmos objectivos. Estes foram expressos e manifestos publicamente. Se a azia for medida pelos votos esperados e não expressos nas urnas, então o Dr. José Rodrigues terá muito mais do que se queixar…