A última edição 2013 do Rali de Portugal gerou um impacto global na economia portuguesa superior a 100 milhões de euros e consolidou-se como o "maior evento" de promoção turística desde o Euro'2004 de futebol, revela estudo. O estudo hoje divulgado debruça-se sobre o impacto do Rali de Portugal 2013 "na economia do turismo e na imagem dos destinos em Portugal" e foi desenvolvido pelo Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve (CIITT-UALG), com coordenação de Fernando Perna.
Para chegar a "um impacto económico total de 101,7 milhões de euros", o documento soma os gastos dos adeptos não residentes (47,6 milhões), pelos residentes (4,9 milhões), pelas 72 equipas que disputaram a prova (1,6 milhões) e ainda a projeção mediática do país nos media nacionais (11,6 milhões) e internacionais (35,9 milhões). "Se em termos de despesa direta total o valor observado na edição de 2013 consolida a importância do WRC Rali de Portugal no turismo nacional como o maior evento organizado no país desde o UEFA EURO 2004, o seu efeito em termos de imagem e exportações de viagens e turismo em Portugal projeta o impacto do Ralli para além da economia do turismo, colocando este evento como uma acção estratégica naquela que é uma prioridade da economia nacional (incentivo à exportação)", lê-se no documento. Ao atingir um impacto direto e indireto na economia de 101,7 milhões de euros (54,1 milhões de impacto direto e 47,5 indireto), a prova de 2013 conseguiu "um acréscimo de 3,9 milhões face à edição de 2012 e de 9,8 milhões relativamente à edição de 2011".
O estudo da Universidade do Algarve atrubui ao evento um "forte benefício" para o sector da restauração (alimentação e bebidas), através da atração de 35,7 por cento da despesa total (54,1 milhões), seguindo-se o alojamento com 19,4 por cento e os transportes internos com 13,9 por cento. Depois de recordar que 51,5 por cento da despesa tem "origem não nacional", o documento sublinha o contributo do Rali de Portugal para o aumento das exportações. "Trata-se assim de um evento que se admite inigualável em termos de promoção de exportações, com um contributo muito positivo para a rubrica de viagens e turismo e consequente benefício do saldo da Balança de Transacções Correntes de Portugal", acentua-se no texto. Quanto aos resultados por adepto, os residentes gastam em média 37 euros por dia (menos 2,3 euros do que em 2012), o que se considera um "valor expectável face ao não recurso a alojamento fora do local de residência habitual".
Já os não residentes, maioritariamente estrangeiros, gastaram em média 100,4 euros por dia, o que representou um acréscimo de 4,8 euros em relação à edição de 2012. Três em cada 10 adeptos não residentes são provenientes de Espanha, sobretudo das comunidades da Andaluzia, Galiza e Extremadura, com respetivamente 29,4 por cento, 23,2 por cento e e 15,6 por cento. A maioria dos adeptos, 77,6 por cento dos residentes e 74,2 por cento dos não residentes, classificou o evento como bom ou muito bom. "Inequivocamente, o WRC Rali de Portugal é um instrumento de projeção de uma boa imagem de Portugal, quer global quer por atributos e que ultrapassa a dimensão física do rali. Trata-se de uma relação `win-win' a sustentar no tempo, isto é, um evento de grande qualidade e projeção internacional, realizado num destino considerado ótimo entre os adeptos atraídos pelo evento", conclui.
O estudo, desenvolvido entre janeiro e julho de 2013, para avaliar o impacto da prova na economia do turismo e imagem dos destinos em Portugal, designadamente no conjunto das regiões/áreas de Fafe, Lisboa, Baixo Alentejo e Algarve, realizou 1.523 inquéritos presenciais a adeptos nacionais e estrangeiros que assistiam ao evento.
In www.record.pt
8 comentários:
Sem nenhuma base científica, a minha sensação é que a relação custo-benefício, em Fafe, é muito negativa.
A falta de patrocinadores e os custos de policiamento e de transmissão televisiva não fazem prever que a situação se venha a alterar, pelo menos, em 2014.
Esperemos que essa relação se inverta em breve pois não me parece sustentável manter este investimento por muito mais tempo.
quanto é que a camara paga ?
Quanto a mim o timing da publicação deste estudo não é inocente, e porquê? Foi recentemente anunciado que haveria uma grande possibilidade do rally voltar ao norte em 2015, face à fracassada tentativa de transferir o evento em 2014 por razões sobejamente conhecidas... Eleições Autárquicas... política! Logo quando a "troca" tinha ganho força, face à evidência do retumbante sucesso do rally versão Sprint em Fafe. Diz o ditado popular “a ocasião faz o ladrão”, era o momento, entenda-se, o ano perfeito para “roubar” o rally para o norte.
Esse desfecho de stand-by manteve as gentes algarvias em lume brando.
Agora, vem um estudo da Universidade do Algarve, sabendo nós o quanto os estabelecimentos de ensino superior tendem a ser regionalistas, demonstrar as potencialidades do evento no que respeita a retorno económico... novidade? Só para quem andar muito distraído, embora ache que o estudo deva estar um pouco inflacionado, face por exemplo, à comparação com o Euro 2004.
Meus amigos uma região que vive quase exclusivamente do turismo, que necessita de se projectar e rentabilizar em época baixa... como sabemos o evento ocorre em Março, grande evidência portanto... Já estou a imaginar os sinos a tocarem a rebate na região algarvia para reunirem autarcas, outros políticos, operadores turísticos, sindicalistas, associações e o "diabo a quatro" para formarem o lobby perfeito.
Irão por certo apregoar a chegada do fim do mundo para região, com incalculáveis perdas se o acontecimento for transferido para o norte do país, de onde nunca deveria ter saído, de onde talvez não saísse se nesse passado infeliz se "reunissem verdadeiramente as tropas" e batessem o pé à opção sul, afinal o rally percorria "metade do país" na versão norte.
No entanto meus amigos, nesse jogo norte/sul, jogado nos bastidores e bem longe da opinião pública, onde as regras serão “só não vale arrancar olhos”, o resultado será imprevisível. Agora um facto é inegável o sul irá vender muito caro a derrota... não duvidem!
Marcu Allen, o evento custa a Fafe mais de 100.000€ \ edição.
Em relação ao estudo agora apresentado, ele já me havia sido mostrado em Junho e, permitam-me que vos diga, não me convenceu acerca do real valor do evento.
Acho que os valores são bem mais baixos mas não conheço a base científica e só o li em traços gerais.
Acho bem que a câmara gaste 100 k com um divertimento poluente e perigoso! Nós ganhamos a vida à custa de camaras destas um pouco por todo o mundo!
Caro Alberto Baptista,
Lamento, mas a possibilidade de o Rallye de Portugal regressar a Fafe é uma ilusão, alimentada, como foi, pelo Presidente do ACP, Dr. Carlos Barbosa.
Mas não pense que aqueles que mandam, de facto, no ACP, estão interessados nisso (neles se inclui, em primeiro lugar, o Dr. Carlos Barbosa).
A ideia que o Dr. Rui Rio e o Sr. Rui Moreira (e afins) têm, ou tiveram, alguma intervenção e responsabilidade no assunto é meramente uma manobra de diversão. A decisão está nas mãos do ACP e, perceba-se, o Algarve paga mais e o Rallye é muito mais fácil de organizar naquela região, onde há menos gente, estradas, etc...
Quanto a nós, na minha modesta opinião, devemos lutar para que se mantenha o Rallye Exibição que nos foi oferecido (coisa nada fácil!) e devemos procurar complementá-lo com outras actividades, potenciando o investimento que a autarquia faz e transformando-o numa fim-de-semana dedicado ao desporto automóvel.
Ideias não faltam! Haja vontade e capacidade (competência?!!!) de organização.
Caro Ricardo,
Sem transformar o Rallye Exibição num fim-de-semana dedicado ao automobilismo, na minha opinião, não faz sentido investir o que se investe.
Tenho quase a mesma opinião que tu relativamente ao retorno para a nossa economia local – pequeno. Se falares com as médias superfícies, dir-te-ão que aumentam significativamente as vendas. Não creio, obviamente, que seja o que se pretende.
Diz-me tu, que és da área, se não valeria a pena organizar uma feira automóvel nesse fim-de-semana (aproveitando para promover o artesanato e a nossa gastronomia), com demonstrações utilizando carros de competição, exibições, passeios e exposições, trazendo o evento para a cidade e procurando dar uma razão para quem nos visita ficar para almoçar, jantar ou até dormir.
Podias organizar, em Rilhadas, um fim-de-semana de Karting.
Preparar a Lameira com locais para acampar, uma zona de divertimentos e uma zona de alimentação, que funcionaria coordenada com os eventos que tivessem lugar na cidade. Haver divertimento na cidade e na Serra, assegurando, sempre, o transporte, em autocarro, das pessoas.
Criar parques de estacionamento obrigatórios em torno da cidade, transportando, depois, as pessoas, de autocarro, para a Serra, controlando, desta forma, os seus movimentos e garantindo que têm acesso a informação turística que tenha interesse entregar.
São apenas algumas sugestões que poderiam contribuir para potenciar um evento que considero único.
Miguel,
As 2 edições anteriores foram uma trapalhada de avanços e recuos por parte da organização.
No 1º ano pensou em organizar-se uma espécie de exibição (com réplicas dos carros oficiais e outros de pilotos portugueses que divulgariam os seus patrocinadores). Não foi possível, infelizmente.
Assim, só posso estar de acordo contigo quando dizes que é preciso "embrulhar" o evento em mais valor.
Pela minha parte, estou a preparar programação paralela. Em breve, espero ter novidades.
Ainda assim, acho o investimento uma enormidade (principalmente a verba para televisão).
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