22 novembro 2012

Paraíso Perdido

Desde há algum tempo que generosamente me disponibilizaram neste blog espaço para expor as minhas ideias acerca da minha terra. Vou escrevendo o melhor possível, dentro das minhas próprias limitações e fragilidades. Contudo, fizeram-me uma observação num comentário que me obrigou a refletir. O comentário dizia, creio que sem qualquer tipo de pretensão, que «até nem vive em Fafe...». Efetivamente, já passaram uns largos anos desde que, por várias razões, fiz do meu quotidiano outras cidades. Contudo, enquanto assim pensava, dei-me conta que o tempo psicológico era consideravelmente menor do que o tempo cronológico. Estratégia encontrada para enganar Cronos, o devorador dos seus próprios filhos. Eduardo Prado Coelho disse algures que as nossas cidades são sempre as cidades da nossa infância. É verdade, «nasci noutra cidade que também se chamava Fafe». Daí que um possível regresso não esteja nos planos porque, parafraseando Borges, os únicos paraísos não proibidos são os paraísos perdidos.

António Daniel

3 comentários:

Ricardo Gonçalves disse...

Outra vantagem de residir fora é veres as coisas com um olhar mais apaixonado mas sem perder o sentido crítico.
Não considere menos fafense quem cá não reside mas quem não se sente como sendo da "terra".
Um abraço, Daniel.

António Daniel disse...

Obrigado, Ricardo. És um gajo daqueles... Abraço.

Anónimo disse...

É preciso sair de Fafe, ausentarmo-nos durante uma boa temporada para nos apercebermos de muitas coisas... concordo plenamente com os comentários...
O problema é que muita gente que sai de Fafe com valor depois já não regressa a não ser para matar saudades da família...