Estou a ler pela primeira vez Mistérios de Fafe de Camilo Castelo Branco.
Pela leitura das primeiras linhas, surge-nos a presença dominadora da mulher,
no comum do seu substantivo. Posso estar equivocado, mas a mulher funciona aqui
simultaneamente como ventre e conservação: Ela dá e dispõe da vida. Rosa parece
ser, a partir das primeiras palavras, a mulher (substantivo comum), aquela que
sofre e que faz das poucas forças a sua própria emancipação. Considerando que na
literatura esconde-se os mais altos desígnios da vida, Camilo vai revelando a
essência da mulher minhota e o homem como mero joguete dos jogos de
sobrevivência e de prazer (sabemos que estes dois conceitos estão bem
intrincados).
Os primeiros ditos da obra fez-me
deambular por uma ideia que comummente domina: a mulher minhota é conservadora. Faz ela muito bem, tira grandes vantagens disso! Na sombra do magnificente
macho, com as manifestações de testosterona, oculta-se a matriarca. Por ela
tudo passa porque por ela tudo nasce. A própria terra é e sempre será feminina.
Nela está o ventre, nela está o fim.
António Daniel
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