Não conheço pessoalmente Antero
Barbosa, mas reconheço-lhe algumas qualidades. Quando muitas vezes pergunto aos
meus conterrâneos quem é Antero Barbosa, as respostas confluem para um epíteto:
é um tipo porreiro. Pelas suas intervenções, não é difícil constatar estarmos
perante alguém humilde na forma como se vê no espelho do poder autárquico. Ora,
isto tem o valor que tem, ou seja, um valor residual que dificilmente alcança
qualquer objectvidade. Porém, pergunto-me se assim será. Vamos encetar uma
breve reflexão a partir daquilo que Antero disse para descobrir o que pensa mas
não disse. Houve três expressões que me chamaram a atenção: «…queremos ir de
encontro ao partido» relativamente à escolha do candidato, a alusão ao café
«Império» no que respeita ao convite formulado por José Ribeiro e «algum
desenvolvimento» referindo-se a Fafe.
1. Comecemos
pela primeira. Vislumbro nessa expressão um óbvio «acto falhado», partindo do
princípio que Antero quereria dizer «ir ao encontro…». «Ir de encontro…» é ir
contra. Talvez Antero pense isso mesmo, ir contra aquilo que o partido já pensa
que irá fazer, ou seja, quanto ao candidato a apresentar. Será? Antero sabe
que, como havíamos referido num texto anterior, é o candidato de Ribeiro e, possivelmente,
do partido, mas está um pouco enfraquecido pela ausência de obra, nada
expectável pelo pelouro que lhe foi destinado. Não é por acaso que começa a
justificar-se pelo fim das parcerias público-privadas.
2. O
café «Império», pelo menos aquele que conhecíamos, já não existe. Por que razão
Antero Barbosa o nomeou? Para mostrar uma proximidade à terra (será que alguma
vez teve?) e para dizer que nunca esqueceu tal acontecimento… à atenção de José
Ribeiro. Mas cuidado, que os impérios são passageiros.
3. Paradoxalmente,
Antero Barbosa, qualificou Fafe como uma terra com «algum desenvolvimento».
Esta expressão é própria de alguém que nunca foi de Fafe. Faz-me lembrar
aqueles que, por vários motivos, vivem fora e olham para a sua terra de origem
com alguma sobranceria, promovendo a ideia que sabem o que é desenvolvimento.
Convenhamos que Peniche ou Vieira do Minho não são paradigmas de desenvolvimento, por muito que goste de
caldeirada, das Berlengas ou da Barragem do Ermal.
Obviamente que Antero Barbosa não
utilizou as expressões de uma forma racional e calculista, mas a matriz está
lá.
António Daniel
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