A promoção: não querendo entrar em pormenores quanto à publicitação a nível nacional da iniciativa, a Capital Europeia da Cultura mostrou que, como em tudo, o desenvolvimento cultural faz-se pela procura de identidade. Obviamente que em Guimarães é fácil, em virtude da identificação da cidade com as suas gentes, mas não deixa de ser curiosa a paixão (simbolizada pelo coração) identitária e o orgulho associado. De onde provém este orgulho? Na afirmação da qualidade. A cultura, que começa a ser uma inegável indústria, pelo seu modo expressivo e reivindicativo, só é realizável se aberta a todos e todos merecem o melhor. Por este motivo, não basta «encher chouriços» para mostrar que se faz, é necessário acrescentar a preocupação pelas pessoas, dando-lhes, não o que querem, mas o que merecem.
Como se vive: Vive-se na rua. Os espaços fechados, apesar de serem imprescindíveis em certas realizações, podem inverter a democraticidade. O espaço aberto, desde que comportando actividades proporcionais ao espaço disponível, resulta num compromisso por todos e não por alguns, o que ajuda a fomentar o objectivo mais óbvio do efeito catártico da cultura: tornar-nos melhores.
Como se assiste: Indissociável do modo como se vive, está a predisposição das pessoas por acolherem a diferença. Nunca como agora, se anseia pelo diferente. Na falência do comum, urge pensar o diferente. Não existe melhor veículo, na medida em que abre mundos possíveis, do que a concretização do pensamento nos seus mais variados meios. Daí que, ao apresentar a diferença, os promotores culturais desenvolvem o chamado bem comum, condição fundamental para as pessoas acolherem aquilo que realmente merecem.
Eu sei que Pompeu está atento.
António Daniel
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