A gestão de organizações é um desafio. A forma como certas pessoas fazem surgir uma entidade que se torna numa referência é algo que sempre me surpreendeu. É certo que a génese destas entidades, seja de que índole for, é resultado de uma visão corajosa da realidade e de uma tenacidade a toda a prova. Contudo, parece-me que mais difícil é o caminho da manutenção. Manter em alta as expectativas, manter um nome, preservar uma identidade é um desígnio de todos os que constroem as organizações.
Muita gente poderá dizer melhor do que eu, mas parece-me que o Clube Fafense foi uma referência na cidade, sem dúvida, por todo o simbolismo que possuía. Só que, convenhamos, esse simbolismo foi executado por um mix de elitismo (nada tenho contra) aliado a uma certa boémia glamorosa devidamente elaborada pelas pessoas que o frequentavam. Poucas histórias conheço do Clube fafense, mas a sua identidade foi construída durante décadas pelos momentos vividos pelas personagens únicas que o ocuparam e pela imagem que, intencionalmente ou não, fomentaram.
Quando soube da iniciativa de retomar as actividades do clube, a minha reacção foi de regozijo, quer pelo edifício (a sua dinamização certamente o vai rejuvenescer), quer por mais uma «alma» que servirá para Fafe recuperar a sua identidade. Contudo, o futuro não vai ser fácil.
Se o Clube funcionou com uma dinâmica própria em circunstâncias temporais muito precisas, pergunto-me como vai ser agora. A ambiguidade é nítida: Se, por um lado, os tempos que correm apelam a uma abertura de portas, por outro lado a dignidade e identidade do Clube só se tornará exequível caso mantenha algum mistério e seja selectivo nas suas admissões. Consequentemente, a tarefa de manter o clube reveste-se de uma grande dificuldade. Coragem e boa vontade são necessárias.
António Daniel
1 comentário:
Um orgulho para Portugal
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