11 outubro 2011

Hospital de Fafe

A alternância democrática veio colocar a nu a fragilidade das opções que o Dr. José Ribeiro assumiu em exercício de funções. Acreditou nos seus correligionários políticos e não terá Posto da GNR, Escola Secundária ou Hospital.
No que diz respeito ao Hospital de Fafe, apesar das constantes chamadas de atenção de toda a oposição, aceitou o projecto de encerramento das urgências e foi concordando com o esvaziamento das suas valências.
Quando o Governo de Sócrates propôs o encerramento da urgência do Hospital de S. José, o Dr. José Ribeiro aceitou a decisão e saiu, inclusivamente, em defesa da mesma, arguindo que o Hospital não prestava os serviços com a qualidade necessária e que estava subjugado a interesses corporativos.
Foi com muito custo (e depois de um abaixo-assinado mobilizador) que lá se conseguiu que as urgências não encerrassem, não sem antes assistir a uma mudança de opinião do nosso edil (o que demonstra, e ainda bem, que sabe reconhecer quando erra).
Com a criação do Centro Hospitalar do Alto do Ave (Guimarães e Fafe), temos assistido ao consecutivo encerramento das especialidades existentes na nossa unidade de saúde e à sua transferência para Guimarães. Tudo em nome da eficiência e melhoria da qualidade do serviço prestado.
Quando questionado sobre o assunto, o Sr. Presidente defendeu-se anunciando a construção de um novo Hospital - “Suspenda-se o PDM e adquiram-se os terrenos! Está o problema resolvido e, afinal, Fafe ficará melhor servido”.
Ora, afinal o Rei vai nu e o dinheiro que deveria permitir a construção do “nosso” Hospital irá cobrir um qualquer buraco na Madeira ou no BPN.
Pois é, agora é tarde demais. Os serviços já encerraram e não voltarão a abrir. Se queremos, vamos para Guimarães. Onde está, afinal, a observação dos princípios plasmados na constituição? Não teremos nós os mesmos direitos dos restantes Portugueses? Não pagamos os mesmos impostos?
Escrevo este texto porque durante a anterior e presente legislaturas, no cumprimento das minhas atribuições de deputado municipal, questionei, mais do que uma vez, o Sr. Presidente sobre o assunto.
Perguntei, no momento da apresentação do programa do novo Hospital, de onde viriam os fundos para a sua construção. Disseram que seria efectuada uma candidatura ao QREN e que o estado comparticiparia no montante restante…
Perguntei se não seria melhor lutar pelo Hospital que tínhamos até ter a certeza que um novo seria, de facto, construído. Responderam-me que era tudo uma questão de fé e a minha posição estava toldada pela descrença nas promessas do Governo…
Até os “Velhos do Restelo”, por vezes, têm razão!

Miguel Summavielle

11 comentários:

António Daniel disse...

Surge-me dois sentimentos antagónicos. Por um lado, lamento a possível não concretização dos projetos importantes para Fafe (neste sentido, espero que ao Miguel não assista a razão); por outro lado, estes acontecimentos podem proporcionar uma atitude séria por parte das gentes de Fafe de questionarem os seus governantes com reflexos nas escolhas. A ver vamos. Agora, é um murro no estômago.

Anónimo disse...

terviEm primeiro lugar quero dar os parabéns ao Eng. Miguel, pelo texto aqui exposto. Depois quero dizer que as pessoas de Fafe, não merecia ser tratadas desta forma. Podemos dizer que a nivel de serviço hospitalar as coisas pioraram e muito, só não vê, quem cego.Os politicos fazem as asneiras e nós quando estamos doentes é que pagamos a factura.Era muito melhor termos o hospital com os serviços antigos, do que termos que ir para guimarães por tudo e por nada.
Eu pergunto se é humanamente correcto uma pessoa ter que ir ao hospital de Guimarães, para ser internada em Fafe? Sendo que pode ser enviada para Fafe, a qualquer hora do dia. É uma vergonha!
Os politicos só se apercebemdestas situações quando precisam....

Alex disse...

Com aquele governo "socialista" a acessibilidade aos serviços públicos de saúde piorou. Fecharam maternidades, centros de saúde, reduziram valências nos hospitais, reduziram orçamentos.

E não foi por serem "incompetentes". Nem foi obviamente "sem querer". Foi uma decisão política de reduzir o papel do estado na saúde.

O "nosso" presidente apenas agiu como devoto militante PS e tentou que não houvesse muita contestação popular ao fecho das urgências, para não incomodar o governo do seu partido. Foi utilizada a promessa de um hipotético novo hospital como razão para não protestar pelo encerramento das urgências locais.

E também serviu como "arma de campanha" para as legislativas.
Ouçam este discurso do José Ribeiro e riam-se (para não chorarem).

Miguel Summavielle disse...

"Havia de acabar, havia de acabar!"
E o que me dizem da afirmação do Sr. Dr. Carlos Mota, Secretário do Sr. Presidente da Câmara, na última Assembleia Municipal, referindo-se ao Hospital de Fafe?...

António Daniel disse...

Quais foram os comentários?

Miguel Summavielle disse...

Caro António Daniel,
Confesso que não percebi a pergunta. A afirmação do Sr. Carlos Mota foi a que transcrevi: "Havia de acabar, havia de acabar!"

António Daniel disse...

Ah, ok, já percebi. Eu é que li mal. Mas mal também está esse secretário que é simplesmente um secretário do Presidente da Câmara. Quando os secretários dão esses tiros no pé, então a liderança está por baixo. Mais uma boa dica para as próximas eleições.

Anónimo disse...

Boa tarde,

A cada texto que escreve digo com toda a convicção ... Voto no Miguel Summavielle ...

Tal como disse anteriormente continue assim, e não se deixe levar conforme o vento ou melhor como lhe der jeito.

E será a verdadeira alternativa que Fafe precisa....

Fafe precisa de uma alternativa ao PS e desde que me lembro nunca teve uma alternativa séria, trabalhadora, que se lembra das pessoas só quando há eleições..

Continue Miguel

Anónimo disse...

Uma coisa é escrever... outra é gerir uma cidade...

Anónimo disse...

Defender os seus é obrigação de quem governa! O actual executivo não o tem feito por inoperância, por estar demasiado comprometido com o seu partido e dirigentes nacionais. Estão mais preocupados em ressuscitar candidatos para as novas uniões de freguesias X ou Y... do que zelar pelo interesse e bem estar das populações. Neste caso, não se trata apenas de manter o Hospital, mas sim de o manter com as valências clínicas fundamentais para poder ser útil aos cidadãos. Se eles não agem, terão que ser as pessoas a fazê-lo. Se for necessário, iremos para a rua defender o que é nosso por direito.
Fafe tem que "acordar"! Tem que ter uma liderança forte, uma equipa capaz e qualificada para defender o bem estar das populações. Tem que mostrar ao mundo as virtudes do seu concelho e das suas gentes. Colocar Fafe onde deve estar por direito e por valor é imperativo. Gerir uma cidade e um concelho torna-se fácil quando se faz com paixão e orgulho nas suas gentes e tradições. É necessário criar bases para o futuro, adoptar uma política de captação de investimento nos sectores da agricultura e da indústria para que se possa criar emprego e riqueza no concelho para consequentemente funcionar o sector terciário do comércio e serviços. Uma política que permita fixar populações e impedir a saída constante de gente muito qualificada para outras paragens. É pessoalmente, o que mais me amargura e entristece neste concelho! Até quando teremos que assistir a esta morte lenta? Fafe perdeu cerca de 2200 pessoas nos últimos dez anos (dados Censos 2011). O executivo não pode ficar indiferente a estes factos! Tem que agir. Se não o consegue fazer, teremos que arranjar uma alternativa. Parece-me por demais evidente.

António Daniel disse...

Tem toda a razão, anónimo. Já havíamos falado desse assunto aqui:http://blogmontelongo.blogspot.pt/2011/07/censos.html