05 maio 2011
O "Mário da Junta"
Não costumo deslocar-me a serviços públicos em Fafe. Dado que já lá não resido há algum tempo, é noutros locais que trato das minhas "papeladas". (Assim como já não voto em Fafe... )No passado mês de Abril acompanhei uma amiga à Junta de Freguesia. Até aqui tudo normal. Enquanto ela aguardava pela sua vez para ser atendida, fiquei à entrada a fumar um cigarro. (Que mau vício este, eu sei...)
A meu lado, estava o Presidente da Junta e mais alguma plebe que o ouvia entusiasticamente. Nesse tempo em que acendi o cigarro, fumei e apaguei-o, ouvi (eu e toda a gente que se encontrava na junta) um manancial de histórias e historietas sobre o panorama político e social fafense ao melhor estilo queirosiano. Aliás, num certo sentido, o nosso presidente da junta fez-me lembrar a personagem Rufino de "Os Maias"...
Os restantes "clientes" da junta, num certo momento, até pareciam alhear-se das suas questões a serem resolvidas dado o entusiasmo e a vitalidade da voz do nosso presidente.
Não me importa a veracidade ou não dos factos narrados pela personagem principal desta história. Importa-me sim, constatar que quando fui em Abril à Junta de Freguesia de Fafe a coisa assemelhou-se a um lavar de roupa suja. O que deveria ser um espaço público em que as pessoas se deslocavam para resolver os seus assuntos e ponto final comparo-o, neste momento, a um espaço em que o Zé Povinho vai ouvir o presidente para depois contar as novidades ao vizinho, contando um conto e acrescentando um ponto...
Este presidente da Junta não sabe o que é ética política. Não sabe comportar-se como um presidente da junta que, ainda por cima, é pago por muitos daqueles de que crítica copiosamente nas suas tertulias populares. Acho vergonhoso ter-me sentido assim num espaço público ouvindo histórias de gente da nossa praça contadas à boca de um responsável político e responsável público. Bem, foram só dez minutos... no dia seguinte, já tinha então regressado à normalidade do trabalho e de uma vida fora de Fafe.
No final ainda perguntei à minha amiga: "Ouviste aquilo?" Ao que ela me respondeu: "Acreditas que quase não ouvia o funcionário que me atendeu..." Sintomático... e no dia seguinte, a plebe junta-se para mais tertúlias no Mercado do Peixe... Viva Fafe!!!
Rui Silva
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11 comentários:
Um texto de muito mau gosto.
Não existem assuntos mais importantes em Fafe para colocar neste Blog? Existem de certeza...
Aqui, o ''peixeiro'' foi o autor.
O que o Rui Silva aqui teve a coragem de dizer é o que muita gente pensa! Não vejo mau gosto. vejo uma constatação de um facto que é muito normal acontecer na Junta de Freguesia de Fafe, apesar da simpatia que nutro pelo presidente.
O Fernandes parece que se sentiu incomodado... Grande texto! Parabéns Rui pela coragem!!!
Quem semeia ventos, colhe tempestades
O Neves cá do burgo aceitou publicar esta missiva do Dâmaso Salcede local, vilipendiando o Rufino fafense.
Ó Neves... podias ao menos corrigir os erros que lá há.
Aquilo é o verdadeiro mercado do peixe...eu como fafense sinto-me envergonhado pelos políticos que nos governam tanto na junta de fafe como na camara...
Rui, parabéns pelo texto. Convém dizer que este é um assunto importante, não tanto pelo que os intervenientes disseram mas mais pelo modo que costumam dizer. Há a vários níveis um Norte que reconheço: o lutador, sem papas na língua, sem grandes rodeios linguísticos, mas pragmático e, curiosamente, sensível. Há em diversas circunstâncias um Norte que não gosto: a sobreposição da emoção relativamente à razão, o cultivo da boçalidade face ao bom senso e a sobreposição do grito estridente à calma necessária e respectiva inteligência. Creio ter sido isto que o Rui quis retratar. Não se pode ter tudo na vida, mas pode-se pensar na vida com tudo.
Caro Rui, devo dizer que nada tenho a favor do presidente de junta de Fafe (antes pelo contrário). Contudo devo tecer algumas considerações que me parecem essenciais:
1- Que de facto o Sr. tem razão quando diz que fazer de uma junta uma espaço de debate político/peixada é deplorável, mas uma vez que o fizeram na rua, julgo estar no seu pleno direito de exercício de cidadania, como eu o faço e você de certeza o fará.
2- Há que saber distinguir o cidadão Mário do Presidente Mário.
3- Se o senhor se sentia tão incomodado deveria abandonar o local, pois com certeza que ninguém o obrigou a ouvir a peixada.
4- Quem lhe paga somos todos nós e não o Sr. Presidente de câmara ou 1.º ministro.
5- Considero uma peixada ainda maior trazer esta temática aqui para discussão tentar denegrir a imagem de um homem que tanto se me dá como se deu.
6- Para terminar desde quando o Sr. Presidente de junta não pode ter opinião politica e debate-la com os seus legítimos representados!?
Espero que não leve esta crítica a peito pois não foi feita no sentido destrutivo.
P:S Eu oiço muita coisa mas só engulo aquilo que quero!!
Convém esclarecer o seguinte:
Pessoalmente nada tenho contra o presidente da Junta. Nem a favor. Limitei-me a contar um facto que assisti e que, considero, lamentável, face ao teor dos assuntos abordados. Não se tratou só de um "exercício de cidadania". Não foi só isso! Houveram insinuações graves e alguns comentários pessoais despropositados e ofensivos. E, não se falou só de política... nem de políticos...
Eu estava cá fora a fumar um cigarro. O presidente ia entrando e saindo e as pessoas iam ouvindo.
Desculpem-me mas aquilo não parecia uma Junta de Freguesia mas a Casa do Mário...
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