02 janeiro 2014

Contrafação da Inteligência




De forma pertinente, Ricardo Gonçalves apresentou o seguinte comentário a propósito desta notícia: «Ora aqui está um caso difícil de comentar. Por um lado a condenação de uma actividade ilegal, configurando fuga ao fisco e usurpação de imagem.
Por outro lado reconheça-se a criação de emprego, as competências técnicas e humanas.
Realço, ainda, que todos ou quase todos (autoridades locais incluídas) conhecem estes pontos de produção e muitos até fazem lá as suas compras.
Lanço o repto para que se discuta este assunto: porque não tentar perceber o que se pode fazer para capitalizar esta capacidade instalada em prol de um projecto concelhio.
Porque não!?»


Um número considerável de empresários fazem parte do problema e não da solução. Muitos deles procuram o lucro fácil, o «chico espertismo», o reconhecimento pelos sinais exteriores de riqueza, confundindo inteligência com esperteza como se a atividade empresarial se confundisse com a atividade do macho alfa. Estes empresários sempre me repugnaram. Preferem o imediato ao mediato, a solução fácil à estratégia pensada e calculada. Muitos dos problemas do nosso tecido empresarial tem aí a sua fonte. Muitos empresários, com a tacanhez que os caracteriza, esquecem-se do «saber fazer» que as nossas modistas e operários fabris sempre demonstraram. Subscrevendo a ideia do Ricardo, não haverá forma de potencializar esse saber? Se é possível aplicar técnicas na feitura de material contrafeito, não será possível aplicar essas técnicas na criação de marcas próprias? Se muitos destes empresários e operários são capazes de fazer boas imitações, também serão capazes de imitar a inteligência, não?


António Daniel

4 comentários:

Pedro Sousa disse...

Obviamente!

Esta foi a primeira palavra como análise ao teu artigo, António Daniel. Voltamos ao velho problema: «Potenciar Fafe». Na minha ótica, 'Potenciar Fafe' significa potenciar Fafe num todo: artesanato, paisagens, casas tradicionais, gastronomia, indústria, comércio, rios e ribeiros... Este trabalho está todo por fazer. Agora já se ouvem alguns ilustres eleitos pelo norte e no norte a falar do 'loby do norte', o problema é que os 'lobys' não se diz que se vão fazer, os 'lobys' fazem-se! Em Fafe, a falta de humildade e uma política de absolutismo nunca deu espaço para novas ideias, talvez esteja aqui uma hipótese de criação de uma empresa para englobar todas as outras e potenciar. A associação comercial e industrial pode pegar, mas se ainda não o fez, não me parece que o consiga sem se saber rodear... Acho que está aqui uma fonte de negócio... parece-me que um bom plano resolveria tudo isto. É claro que os empresários teriam de cooperar, mas quem quer ficar para trás?

António Daniel disse...

O problema, Pedro, para a marca «Fafe» está num conjunto de ideias cristalizadas. Quando há uns anos o anterior presidente da Câmara afirmou que o bruxo de Fafe funcionava como um incentivo ao turismo, está tudo dito...

Pedro Sousa disse...

Eh pá, desta não sabia... e o maior problema é que ele, o anterior, pode voltar... continua tudo dito!

Rilhadas Complexo Turístico disse...

Há boas ideias e algumas já com trabalho feito.
Um desses exemplos foi falado aqui no blogue (http://blogmontelongo.blogspot.pt/2013/04/artesanato-fafense-inspira-projetos.html).
Contratualizou-se o estudo, desenvolveu-se o mesmo, apresentou-se o mesmo.
Resultados?