Todos nós sabemos que em Fafe há uma grande dinâmica cultural, graças ao engenho, visão e capacidade organizativa das nossas associações, instituições, freguesias e município. Não admira, por isso, que esta terra tenha sido, ao longo dos anos, palco de iniciativas culturais de relevo. Ora bem, se assim é, e principalmente quando a alma fafense se une em torno de causas maiores, tudo vai mais longe e as flores não precisam da primavera para florescer.
Depois de assuntos variados e como que introdutórios, a dada altura, uma pergunta mais direta do meu companheiro de mesa, fez com que eu parasse um pouco para pensar, para, logo de seguida, lhe responder com bastante convicção. O que ele me perguntou, de uma forma tão afouta e intencional, fez com que eu sorrisse um pouco e decorasse toda a frase, pormenor que nem sempre acontece.
“- Ó Carlos, quais são as iniciativas culturais que este ano ou no próximo gostarias de organizar?”
E eu respondi:
“- Meu amigo, como tu sabes, a minha forma de ver a cultura e o fervor com que me apego ao seu significado, conduzem-me, constantemente, por águas não muito profundas, águas que não me impedem de passar de um lado para o outro de quaisquer margens.
O ser membro efetivo de algumas associações do concelho e relacionar-me bem com as outras, o ser professor de alunos empenhados e tão sonhadores como eu e o partilhar anseios culturais com muitos amigos com quem privo todos os dias, como é o teu caso, fazem com que te diga de viva voz o que te quero, desde já dizer.
Eu sei que alguns eventos serão mais viáveis de concretizar do que outros, devido a muitas circunstâncias, mas como é só para de dizer o que gostaria de fazer e mais nada, aqui vai:
- organizar uma antologia literária dos escritores fafenses; promover eventos centrados em autores da nossa terra; criar uma revista cultural alinhada com os interesses culturais fafenses; favorecer um concurso de poesia entre escolas; fazer das Jornadas Literárias de Fafe um marco literário regional e nacional; dar asas a Fafe dos Brasileiros (inspirado no nosso saudoso Miguel Monteiro), em que a nossa etnografia e memórias fizessem com que o sol da cultura aquecesse todo o concelho e trouxesse muitos milhares de visitantes a Fafe, situação ideal para revitalizar espaços materiais e imateriais; dar a azo a que o roteiro camiliano (Camilo Castelo Branco) se materializasse de vez e os caminhos por onde o escritor andou ganhassem mais vida; contribuir positivamente para que em Fafe de definisse um programa cultural geral e comum, que desse oportunidades iguais a todos a associações e demais agentes culturais do concelho e …
- Não achas que estás a exagerar? Como é que achas que conseguirias ir tão longe? Onde é que arranjarias tempo e forças para tanta coisa? Quem é que alinharia nesse teu montão de vontades? – argumentou o meu parceiro de conversa, impedindo, assim, de eu continuasse a desfiar o meu rosário de iniciativas sonhadas e ansiadas.
- Sei lá – respondi eu, depois de pensar um pouco. - Bem, pelo menos podíamos concretizar algumas destas ações, bastando apenas a vontade e o acreditar das forças vivas do nosso concelho, e um grande espírito de união e força. E como tu já viste nos anos anteriores, em alguns momentos, isso foi possível…
- Na verdade …”
A nossa conversa à mesa do Café Arcada ainda continuou por mais algum tempo, mas vou ficar por aqui, porque o meu querido leitor, com certeza, tem mais que fazer. No entanto, só um pedido sincero, Leiam outra vez o que eu acabei de escrever e reflitam na mensagem que podem deduzir da ousadia destas minhas palavras… Afinal, o sonho é o princípio de tudo, principalmente quando se mora numa terra que ama a cultura e em que a paisagem que a decorra é da mesma cor da esperança…
Carlos Afonso
Retirado do blog http://carlosehistorias.blogspot.pt
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