21 agosto 2013

Pobreza

Há tempos alguém me tentava convencer que a minha ausência pelo quotidiano de Fafe tornava pouco eficaz o meu argumentário, principalmente quando é dirigido para questões da mundividência política. Por aquilo que me vão transmitindo (sim, tenho espiões...) e por aquilo que regularmente vejo nas redes sociais (ao nível dos mass media pouco ou nada se lê e vê), de pouco me serviria viver em Fafe. Mais, se aí vivesse, pouca diferença se notaria! Porquê? Porque o discurso político é pobre como pobre é uma grande percentagem dos seus agentes. De espírito, claro!
Também sou pobre, é certo. Aquilo que escrevo pouco representa. Não é mais do que espírito panfletário. Contudo, tinha o propósito de escrever de um modo diferente daquele que habitualmente se executa na imprensa regional, recuperando o polemismo do início do séc. XX. Evidentemente que não sou Raul Brandão nem Proença, muito menos Sérgio. Sou fafense, com as suas limitações e, talvez, virtudes. Mas uma coisa não me podem acusar: sempre procurei respeitar esse povo, minhoto de afeições, resistente de carácter. Desse eu gosto. Esse povo merecia mais de quem escreve, de quem opina e de quem tem o protagonismo.

António Daniel

9 comentários:

pedromiguelsousa disse...

António Daniel, essa do 'viver fora' ser impedimento para o que quer que seja é demagogia barata. Se há alguém que vive fora e fala de Fafe é porque de alguma forma gosta da sua terra. Caso contrário, estava-se nas tintas. Agora o diálogo político, a discussão e debate de ideias, tem sido fraco, diria mesmo muito fraco ao longo destes anos. Constatei isso nos dois últimos anos que participei na Assembleia Municipal: a maioria das pessoas nunca fizeram uma única intervenção. Digam o que disserem, ainda falta muito para que as pessoas percebam que os políticos estão lá para servirem e não para que as pessoas sejam seus fiéis obedientes. Há um longo caminho a percorrer em Fafe. Há uma necessidade urgente de fazer valer os direitos da democracia. Mas há, mais que tudo, a necessidade de mostrar às pessoas que a sua opinião tem importância... Os políticos 'ditadorzecos' querem-nas caladas. Há outros, que não são políticos, acham que mesmo que alguém cometa alguma injustiça que não se deve saber mas ficar internamente... mas para mim, quem não quer ser apontado que se comporte como deve ser, caso contrário sobre as consequências. É uma terra que se fecha em si mesmo e isso não leva a lado nenhum.

Alex disse...

Para além de pobre, o discurso político dominante parece-me monótono. Cada vez mais monotónico. Acaba quase semrpre na mesma nota: "não há dinheiro para isso".

E não é só o discurso que é pobre e que está a empobrecer de dia para dia.

Mas certamente encontrará discursos menos pobres se procurar bem.

Anónimo disse...

Não é só o discurso que é pobre mas a mentalidade em geral. Fechada, provinciana mas, simultaneamente, altiva e arrogante. De quase todos!
Fafe é comparável a Felgueiras, outra terra pobre de espírito e jamais a Guimarães ou Famalicão, por exemplo.
Um conselho António Daniel. Deixe-se estar fora de Fafe que está bem. Cá dentro não se aprende nada e para opinar é melhor estar de fora, conhecer outras realidades para comparar. Fafe precisa de gente como você mas sabe, gente como o senhor não aguenta cá muito tempo... já dizia Miguel Torga no livro Portugal "...e um companheiro de Fafe, daltónico como todos os seus comprovincianos..."

António Daniel disse...

Pedro, concordo com as suas ideias. Eu e o Pedro somos assim, concordando ou discordando, apresentamos as nossas ideias. Obrigado.

Alex, é necessário que essas narrativas surjam. Como as do Alex, por exemplo.

Anónimo, evidentemente que Fafe tem os seus defeitos. Mas concordará comigo que também tem as suas virtudes. É o que temos feito neste blogue. Só haverá mudança se não desistirmos. Obrigado pelo seu comentário. Se entretanto quiser escrever alguma coisa, é só enviar.

Anónimo disse...

Daniel, Ideias?
Poupe-nos o senhor tornou-se um feudatário da família Summaviell, o seu discurso enfadonho e barato já passou de moda, critica tudo e todos, mas nunca apresentou uma linha que fosse no sentido de construir uma qualquer ideia. Olhe vá passear! E mantenha-se ai longe, que não faz cá qualquer falta.

pedromiguelsousa disse...

Este comentário parece-me um pouco desajustado da realidade deste blog. Certamente o senhor (anónimo) não acompanhou desde sempre a sua evolução, caso contrário saberia que algumas das iniciativas da autarquia partiram de ideias lançadas (algumas ideias...) em especial pelo António Daniel. Este senhor tem sido uma mais-valia para o nosso concelho na medida em que lança ideias para debate.
O problema em Fafe é mesmo esse, 'debate'! As pessoas só estão habituadas ao debate de cafés, mas se sai uma notícia... é o descalabro e já andam a dizer mal de Fafe. O problema é mesmo esse, todos têm ideias, ninguém as quer públicas... volto a dizer, façam as coisas bem feitas que jamais se poderá dizer 'mal'.
Quando à posição política de António Daniel, não me parece um problema, até porque 'um jornalista tem de relatar os factos, mas um blogger ou um cronista de opinião o que tem mesmo é de mostrar o seu ponto de vista'.
Em muitos lados, e em Fafe também, os bons jornalistas ou fazedores de opinião são aqueles que dizem 'amen' com o poder instalado... mas não é o caso de António Daniel, nem o de outros que começam a aparecer.
O mundo está a mudar, demora mais em certos sítios, mas chega lá!
Cada um escolhe quem quer apoiar e não será por isso que é bom ou mau. Seria mais importante abrir os olhos e ter um sentido crítico sobre as coisas, pois só assim é que estaremos aptos para servir a cidadania.
Sei que isto não agrada aos 'manda-chuvas', mas é assim...

Anónimo disse...

Pedro Sousa! O seu discurso além de barato, é inócuo!
Escreveu tanto para não dizer nada!
Sabe, um ponto de vista não deve ser confundido com a vista a partir de um ponto!

António Daniel disse...

Pedro, obrigado pelo seu comentário. É isso mesmo que eu sinto. Se as minhas ideias servirem para alguma coisa, ainda bem. Se não servirem, tudo bem na mesma.

Miguel Summavielle disse...

Caro António Daniel,
Agora já o rotulam e, como vê, de forma depreciativa. Não se pode ter opiniões e ideias que não sejam, em absoluto, coincidentes com as da situação.
Reconheço que muitos dos que participam activamente na política optam por um confortável silêncio. Não creio que seja por não terem a sua própria opinião. Os partidos são assim mesmo, tendem ao unanimismo e impõem, como muito bem sabemos, disciplina de voto (ainda que não de pensamento).
Não creio que falte em Fafe gente com ideias, visão, projectos, iniciativa e opinião. O que pode faltar, isso sim, é o envolvimento directo dessas pessoas, que optam por se manter afastadas da vida política (lá terão as suas razões).
O resultado é o que queremos ter. Não podemos reclamar se não procurarmos ajudar na mudança.
Eu, por mim, agradeço a sua opinião, a sua iniciativa, a sua frontalidade e as suas ideias. Mesmo que nem sempre concorde com elas.
Tenho a certeza que todos serão capazes de encontrar o seu espaço para contribuir. O António Daniel, com a sua participação neste blogue, já encontrou o seu. Falta saber se não está preparado para mais…