“O lixo e o barulho resultantes da animação nocturna da cidade são um bom problema porque um mau problema era as ruas estarem desertas e abandonadas”.
Tenho muita dificuldade em classificar o que é um político de direita ou de esquerda, sobretudo no caso português onde, nos últimos anos, sempre imperaram as forças políticas do bloco central. Se, originalmente, de direita eram os conservadores e os liberalistas económicos, a esquerda sempre esteve mais ligada ao socialismo e ao liberalismo social. Porém, hoje em dia, as diferenças esbateram-se. É perfeitamente normal encontrarmos alguém de direita a defender posições de esquerda e vice-versa. Possivelmente, quem lê a frase acima transcrita, talvez a enquadre mais numa posição ideológica de esquerda, dita, porventura, por algum bloquista ou comunista. Porém, não é esse o caso!
A frase foi proferida por Rui Rio, autarca da cidade do Porto (e de “direita”!!) a propósito da contestação que moradores e alguns comerciantes têm encabeçado, reclamando contra a poluição sonora e ambiental da “nova” baixa portuense. Paralelamente, jamais imaginaria que José Ribeiro, presidente da Câmara de Fafe (e de “esquerda”!!) alguma vez a proferisse. Porque, com todo o respeito que tenho pelo actual autarca fafense, neste âmbito, as suas posições são mais conservadoras. Rui Rio, olhando para os benefícios resultantes da “movida” da baixa que ajudou a implementar sabe que a cidade do Porto tem beneficiado do actual panorama, com comprovados ganhos no turismo e na “economia da noite”.
De forma a revitalizar uma área deprimida da cidade, Rui Rio optou por entregar a tarefa de redesenhar a baixa a Siza Vieira e, depois, corajosamente, impulsionou o negócio da noite na mesma, voltando a transformar esta num polo aglutinador de jovens e turistas. Este movimento fez com que a baixa portuense voltasse a ser frequentada por mais gente e que surgissem novas dinâmicas e formas de negócio. Mesmo que esta opção possa provocar conflitos particulares, o político apontou um caminho e levou-o à prática e, atualmente, é opinião generalizada que a baixa portuense está melhor.
Em Fafe, o nosso centro foi sendo requalificado ao longo dos anos mas, nem por isso as melhorias económicas fizeram-se sentir. Está mais bonito porventura, mas continua com a mesma falta de dinamismo. Aliado a isso, perderam-se muitas outras coisas. Velhos negócios tradicionais deram lugar a bancos, lojas de chineses, lojas de ouro ou pastelarias e casas de grande valor histórico foram substituídas por edifícios arquitetonicamente medíocres; Durante o dia, ainda goza de algum movimento fruto da concentração de algum comércio e serviços mas, durante a noite, mesmo ao fim de semana, o centro de Fafe é deserto.
Na minha opinião, temos um centro subaproveitado mas com enorme potencial. É, por isso, com grande satisfação que vejo o renascer do clube fafense em zona tão nobre mas não podemos esperar que a iniciativa privada, por si só, resolva o problema da desertificação do nosso centro urbano. Parece-me essencial que os políticos que foram eleitos pelos fafenses definam, de uma forma clara, o que pretendem para o nosso centro. Manter tudo como está ou mudar de modelo? Parece-me que a atual situação não agrada a ninguém mas as mudanças requerem políticas ousadas e corajosas (para isso é que votamos em políticos e não em gestores…).
Existem, naturalmente, inúmeras ideias para revitalizar o nosso centro que poderão ser discutidas mas nenhuma será tão eficaz como a aglutinação do negócio da noite na zona envolvente à praça 25 de Abril. Porque, a meu ver, as ruas desertas e abandonadas do nosso centro no fim-de-semana à noite em nada dignificam a nossa cidade e, muito menos, quem tem responsabilidade política para inverter a atual situação. A manutenção do atual paradigma apenas dá razão a quem tem criticado esta autarquia (de esquerda!) de conservadorismo (próprio da direita…) e imobilismo político.
Pedro Fernandes
13 comentários:
Numa coisa concordo contigo... tens realmente dificuldade em entender o que é de direita e o que é de esquerda! E fazes também confusão com outros conceitos políticos. (atenção que não estou a concordar que eles sejam confusos, estou a concordar que estás confuso em relação a eles) :)
Quanto à transformação da Praça 25 de Abril numa "queima das fitas" parece-me que tens de explicar melhor as vantagens disso...
Já aqui enunciei que prefiro que se concentrem todos os espaços nocturnos num só local e parece-me que a praça 25 de Abril seria uma boa opção por ser a nossa mais valia da cidade. Não estou com isto a dizer que seja tudo bares e afins.
Grande parte dos centros históricos revitalizaram-se com a introdução destes negócios. Basta olhar para o lado em Guimarães...
a ideia é boa mas esbarra na posição dos moradores e da camara.
não faz sentido haver locais tão longe uns dos outros numa cidade tão pequena. assim há queixas de barulho na recta, em frente a secundaria, etc. se tudo estivesse localizado, a tarefa da gnr era mais facilitada e os moradores saberiam bem q se comprassem um apartamento em determinado local não haveriam problemas de barulho porque os espaços nocturnos estavam num unico local identificado e com licenças para tal. bastava até as 2, (em alguns casos especiais até as 4) como funciona na maior parte dos cafes do centro.
fafe não tem capacidade para ter a praça 25 de abril cheia de bares mas é possivel coexistirem com outras actividades. assim se passa não só em guimaraes, mas em muitos centros históricos, como caminha, ponte de lima, faro, beja, évora, etc, etc, etc...
o que todos querem é festinhas de verão com emigrantes. eu que não estou satisfeito com este estado de coisas, partilhoda opinião do senhor Pedro Fernandes mas ele esquece-se de uma coisa. estamos em Fafe...
A foto simboliza tudo... Mas há quem prefira Fafe assim sossegadinho...
Sem embargo do respeito que me merecem as opiniões alheias,estamos em presença de direitos antagónicos-descanso versus diversão-que devem,sem "cunhos" políticos,ser dirimidos com todo o bom senso.
Levar ao centro da cidade o "negócio da noite", com todas as suas consequências, por demais conhecidas, colidirá com o direito ao descanso de quem o escolheu para residir.
Estabelecer directrizes, o que equivale a dizer zonas de diversão ou zonas residenciais, será lutar por melhor qualidade de vida.
Haverá,com toda a certeza,outras alternativas para animar a Praça 25 de Abril até "horas convenientes"!
As pessoas merecem o direito ao descanso. O centro precisa de ser revitalizado. Os jovens precisam de se divertirem. Os bares funcionavam melhor agrupados num determinado local. A câmara não tem política para nada disto. bla bla bla
e Fafe continua igual... como convém...
Se não for no centro, alguém tem sugestões?!
Incomoda-me mais o sino da igreja nova às 8 da manha, os tunnings no parque da cidade, as colunas de verão da arcada ou o foguetório dominical mas aí nunca houve problema algum.
quando as pessoas têm um negócio aberto até as 2 fazem muito barulho mas esquecem-se que há empregos que precisam de ser salvaguardados, economia a mexer. também há pessoas que merecem descanso, como eu, mas há que definir regras. certo sitio há bares e mais barulho ate tarde. outros não. fecha a meia noite. daqui a uns tempos ainda se lembram de nos mandar todos para para a zona industrial.
Como se pode falar em muito barulho quando durante a semana não se ouve um carro em Fafe a partir da meia noite?!
Se houver 1 ou 2 dias semanais em que haja barulho até às 2 é assim tão prejudicial?
Problemas têm os habitantes das grandes cidades que ouvem barulho todos os dias mas em Fafe parece ridículo estarmos a falar de muito barulho quando só ao fim de semana (e nem todos) há mais movimento.
Ser politico de direita ou de esquerda não importa. O importante é ser pessoas de bem.
As pessoas que não conhecem Fafe, quando visitam pela primeira vez a cidade gostam do ordenamento da cidade. O centro é muito bonito. Em termos de diversão, mal aproveitado. As pessoas que moram no centro das cidades, sabem que têm um preço a pagar por isso. Quando há valores socio economicos em jogo. Não se pode ter tudo
Ser politico de direita ou de esquerda não importa. O importante é ser pessoas de bem.
As pessoas que não conhecem Fafe, quando visitam pela primeira vez a cidade gostam do ordenamento da cidade. O centro é muito bonito. Em termos de diversão, mal aproveitado. As pessoas que moram no centro das cidades, sabem que têm um preço a pagar por isso. Quando há valores socio economicos em jogo. Não se pode ter tudo
De facto, parece-me que o facto da pertença à "esquerda" ou à "direita" é totalmente irrelevante. Até porque é uma forma de organização que não faz sentido hoje em dia e muito bem, diria, uma vez que remete para uma cada vez maior personalidade política.
Não me parece de facto que a sugestão apontada seja a melhor para a revitalização do centro. Penso que a revitalização do espaço deve passar por um maior dinamismo cultural, mesmo que nocturno.
Uma política de bares traria obviamente uma revitalização nocturna do centro, mas passageira. As pessoas que frequentassem o centro durante e noite não o fariam durante o dia depois, penso eu. E acho que o objectivo não deve ser a criação de qualquer atrito entre os jovens e os moradores, mas a comunhão de ambos no dia-a-dia (noite incluída).
Seria fantástico a aplicação de um projecto cultural para o centro que trouxesse, quer de dia quer de noite, não só jovens como todo o tipo de pessoas.
Chega de pensar que a única forma de trazer jovens aqui ou ali é através e unicamente da diversão nocturna. Não me parece que seja, de resto, a melhor opção no desejável enraizamento de hábitos culturais saudáveis nesta faixa etária. Eles não existem em grande parte e é falacioso pensar o contrário (e falo como jovem).
Alex, já agora gostaria de lhe fazer a pergunta ao contrário..
Quais as vantagens de não transformar a Praça 25 de Abril numa "queima das fitas" ?
Pense nisso ;)
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