10 janeiro 2012

Uma Nova Política para o Centro

“O lixo e o barulho resultantes da animação nocturna da cidade são um bom problema porque um mau problema era as ruas estarem desertas e abandonadas”.


Tenho muita dificuldade em classificar o que é um político de direita ou de esquerda, sobretudo no caso português onde, nos últimos anos, sempre imperaram as forças políticas do bloco central. Se, originalmente, de direita eram os conservadores e os liberalistas económicos, a esquerda sempre esteve mais ligada ao socialismo e ao liberalismo social. Porém, hoje em dia, as diferenças esbateram-se. É perfeitamente normal encontrarmos alguém de direita a defender posições de esquerda e vice-versa. Possivelmente, quem lê a frase acima transcrita, talvez a enquadre mais numa posição ideológica de esquerda, dita, porventura, por algum bloquista ou comunista. Porém, não é esse o caso!
A frase foi proferida por Rui Rio, autarca da cidade do Porto (e de “direita”!!) a propósito da contestação que moradores e alguns comerciantes têm encabeçado, reclamando contra a poluição sonora e ambiental da “nova” baixa portuense. Paralelamente, jamais imaginaria que José Ribeiro, presidente da Câmara de Fafe (e de “esquerda”!!) alguma vez a proferisse. Porque, com todo o respeito que tenho pelo actual autarca fafense, neste âmbito, as suas posições são mais conservadoras. Rui Rio, olhando para os benefícios resultantes da “movida” da baixa que ajudou a implementar sabe que a cidade do Porto tem beneficiado do actual panorama, com comprovados ganhos no turismo e na “economia da noite”.
De forma a revitalizar uma área deprimida da cidade, Rui Rio optou por entregar a tarefa de redesenhar a baixa a Siza Vieira e, depois, corajosamente, impulsionou o negócio da noite na mesma, voltando a transformar esta num polo aglutinador de jovens e turistas. Este movimento fez com que a baixa portuense voltasse a ser frequentada por mais gente e que surgissem novas dinâmicas e formas de negócio. Mesmo que esta opção possa provocar conflitos particulares, o político apontou um caminho e levou-o à prática e, atualmente, é opinião generalizada que a baixa portuense está melhor.
Em Fafe, o nosso centro foi sendo requalificado ao longo dos anos mas, nem por isso as melhorias económicas fizeram-se sentir. Está mais bonito porventura, mas continua com a mesma falta de dinamismo. Aliado a isso, perderam-se muitas outras coisas. Velhos negócios tradicionais deram lugar a bancos, lojas de chineses, lojas de ouro ou pastelarias e casas de grande valor histórico foram substituídas por edifícios arquitetonicamente medíocres; Durante o dia, ainda goza de algum movimento fruto da concentração de algum comércio e serviços mas, durante a noite, mesmo ao fim de semana, o centro de Fafe é deserto.
Na minha opinião, temos um centro subaproveitado mas com enorme potencial. É, por isso, com grande satisfação que vejo o renascer do clube fafense em zona tão nobre mas não podemos esperar que a iniciativa privada, por si só, resolva o problema da desertificação do nosso centro urbano. Parece-me essencial que os políticos que foram eleitos pelos fafenses definam, de uma forma clara, o que pretendem para o nosso centro. Manter tudo como está ou mudar de modelo? Parece-me que a atual situação não agrada a ninguém mas as mudanças requerem políticas ousadas e corajosas (para isso é que votamos em políticos e não em gestores…).
Existem, naturalmente, inúmeras ideias para revitalizar o nosso centro que poderão ser discutidas mas nenhuma será tão eficaz como a aglutinação do negócio da noite na zona envolvente à praça 25 de Abril. Porque, a meu ver, as ruas desertas e abandonadas do nosso centro no fim-de-semana à noite em nada dignificam a nossa cidade e, muito menos, quem tem responsabilidade política para inverter a atual situação. A manutenção do atual paradigma apenas dá razão a quem tem criticado esta autarquia (de esquerda!) de conservadorismo (próprio da direita…) e imobilismo político.

Pedro Fernandes

13 comentários:

Alex disse...

Numa coisa concordo contigo... tens realmente dificuldade em entender o que é de direita e o que é de esquerda! E fazes também confusão com outros conceitos políticos. (atenção que não estou a concordar que eles sejam confusos, estou a concordar que estás confuso em relação a eles) :)

Quanto à transformação da Praça 25 de Abril numa "queima das fitas" parece-me que tens de explicar melhor as vantagens disso...

Pedro Fernandes disse...

Já aqui enunciei que prefiro que se concentrem todos os espaços nocturnos num só local e parece-me que a praça 25 de Abril seria uma boa opção por ser a nossa mais valia da cidade. Não estou com isto a dizer que seja tudo bares e afins.
Grande parte dos centros históricos revitalizaram-se com a introdução destes negócios. Basta olhar para o lado em Guimarães...

Jony BT disse...

a ideia é boa mas esbarra na posição dos moradores e da camara.
não faz sentido haver locais tão longe uns dos outros numa cidade tão pequena. assim há queixas de barulho na recta, em frente a secundaria, etc. se tudo estivesse localizado, a tarefa da gnr era mais facilitada e os moradores saberiam bem q se comprassem um apartamento em determinado local não haveriam problemas de barulho porque os espaços nocturnos estavam num unico local identificado e com licenças para tal. bastava até as 2, (em alguns casos especiais até as 4) como funciona na maior parte dos cafes do centro.
fafe não tem capacidade para ter a praça 25 de abril cheia de bares mas é possivel coexistirem com outras actividades. assim se passa não só em guimaraes, mas em muitos centros históricos, como caminha, ponte de lima, faro, beja, évora, etc, etc, etc...
o que todos querem é festinhas de verão com emigrantes. eu que não estou satisfeito com este estado de coisas, partilhoda opinião do senhor Pedro Fernandes mas ele esquece-se de uma coisa. estamos em Fafe...

SGT disse...

A foto simboliza tudo... Mas há quem prefira Fafe assim sossegadinho...

A.Freitas disse...

Sem embargo do respeito que me merecem as opiniões alheias,estamos em presença de direitos antagónicos-descanso versus diversão-que devem,sem "cunhos" políticos,ser dirimidos com todo o bom senso.
Levar ao centro da cidade o "negócio da noite", com todas as suas consequências, por demais conhecidas, colidirá com o direito ao descanso de quem o escolheu para residir.
Estabelecer directrizes, o que equivale a dizer zonas de diversão ou zonas residenciais, será lutar por melhor qualidade de vida.
Haverá,com toda a certeza,outras alternativas para animar a Praça 25 de Abril até "horas convenientes"!

Jony BT disse...

As pessoas merecem o direito ao descanso. O centro precisa de ser revitalizado. Os jovens precisam de se divertirem. Os bares funcionavam melhor agrupados num determinado local. A câmara não tem política para nada disto. bla bla bla
e Fafe continua igual... como convém...

Se não for no centro, alguém tem sugestões?!

Anónimo disse...

Incomoda-me mais o sino da igreja nova às 8 da manha, os tunnings no parque da cidade, as colunas de verão da arcada ou o foguetório dominical mas aí nunca houve problema algum.
quando as pessoas têm um negócio aberto até as 2 fazem muito barulho mas esquecem-se que há empregos que precisam de ser salvaguardados, economia a mexer. também há pessoas que merecem descanso, como eu, mas há que definir regras. certo sitio há bares e mais barulho ate tarde. outros não. fecha a meia noite. daqui a uns tempos ainda se lembram de nos mandar todos para para a zona industrial.

Luís disse...

Como se pode falar em muito barulho quando durante a semana não se ouve um carro em Fafe a partir da meia noite?!
Se houver 1 ou 2 dias semanais em que haja barulho até às 2 é assim tão prejudicial?
Problemas têm os habitantes das grandes cidades que ouvem barulho todos os dias mas em Fafe parece ridículo estarmos a falar de muito barulho quando só ao fim de semana (e nem todos) há mais movimento.

Anónimo disse...

Ser politico de direita ou de esquerda não importa. O importante é ser pessoas de bem.
As pessoas que não conhecem Fafe, quando visitam pela primeira vez a cidade gostam do ordenamento da cidade. O centro é muito bonito. Em termos de diversão, mal aproveitado. As pessoas que moram no centro das cidades, sabem que têm um preço a pagar por isso. Quando há valores socio economicos em jogo. Não se pode ter tudo

Anónimo disse...

Ser politico de direita ou de esquerda não importa. O importante é ser pessoas de bem.
As pessoas que não conhecem Fafe, quando visitam pela primeira vez a cidade gostam do ordenamento da cidade. O centro é muito bonito. Em termos de diversão, mal aproveitado. As pessoas que moram no centro das cidades, sabem que têm um preço a pagar por isso. Quando há valores socio economicos em jogo. Não se pode ter tudo

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Joana disse...

De facto, parece-me que o facto da pertença à "esquerda" ou à "direita" é totalmente irrelevante. Até porque é uma forma de organização que não faz sentido hoje em dia e muito bem, diria, uma vez que remete para uma cada vez maior personalidade política.
Não me parece de facto que a sugestão apontada seja a melhor para a revitalização do centro. Penso que a revitalização do espaço deve passar por um maior dinamismo cultural, mesmo que nocturno.
Uma política de bares traria obviamente uma revitalização nocturna do centro, mas passageira. As pessoas que frequentassem o centro durante e noite não o fariam durante o dia depois, penso eu. E acho que o objectivo não deve ser a criação de qualquer atrito entre os jovens e os moradores, mas a comunhão de ambos no dia-a-dia (noite incluída).
Seria fantástico a aplicação de um projecto cultural para o centro que trouxesse, quer de dia quer de noite, não só jovens como todo o tipo de pessoas.
Chega de pensar que a única forma de trazer jovens aqui ou ali é através e unicamente da diversão nocturna. Não me parece que seja, de resto, a melhor opção no desejável enraizamento de hábitos culturais saudáveis nesta faixa etária. Eles não existem em grande parte e é falacioso pensar o contrário (e falo como jovem).

Rui disse...

Alex, já agora gostaria de lhe fazer a pergunta ao contrário..

Quais as vantagens de não transformar a Praça 25 de Abril numa "queima das fitas" ?

Pense nisso ;)