13 janeiro 2010

O futebol, nós e os outros


Quando abro um jornal local na secção desportiva, fico siderado pela confusão de tabelas classificativas, resultados e «próximas jornadas» explanadas, o que me leva a partir do pressuposto que Fafe é uma terra de futebol, o que por si só não é negativo. Contudo, qualquer constatação pode e deve despoletar em nós um juízo e, por que não, uma reflexão mais aprofundada. O primeiro juízo aparece sob a forma de uma interrogação: quantos recursos económicos são gastos em todos esses campeonatos? Muitos, certamente. Quantos recursos afectivos são pulverizados nas pseudo-rivalidades existentes? Muitos. Qual o retorno económico para o Concelho e respectivas freguesias? Zero. Algum jogo de futebol realizado no nosso Concelho convoca pessoas suficientes para que, de alguma forma, possa promover as freguesias? A não ser a «liga dos últimos» com a sua confrangedora e irónica exaltação das fraquezas, que mais resta ao futebol em Fafe?
Concluindo, o futebol presente no nosso Concelho (os outros não me interessam) serve para usufruto de alguns, a alegria de poucos e a indiferença de muitos. Sem pretender com isto promover ou sugerir sequer um atestado de óbito ao futebol regional – creio que poderá ter uma função importante ao nível da formação, embora sejam poucos os exemplos – seria muito mais interessante haver um clube de referência ao nível concelhio que certamente, com os recursos gastos em todas as equipas que participam nos campeonatos, promovesse de forma honrosa o nosso Concelho. Talvez aí houvesse retorno económico e dispêndio de energias para questões bem mais importantes. O exemplo mais concreto que me apraz registar é o caso do Andebol. É uma modalidade que ombreia com os emblemas nacionais mais representativos, projecta o nome de Fafe, dando-lhe até, por que não dizer, alguma modernidade. Creio que um dos aspectos a levar em consideração é a unidade à volta do clube. Ora, nada disto se passa ao nível do futebol. Ou será que queremos fazer do Antime um clube de primeira, ou o Arões um digno representante nas competições europeias? Ou será que o Moreirense tem legítimas aspirações (para aplicar o «futebolês») na Taça de Portugal? Obviamente que tudo o que escrevi tem a sua residual importância, mas gosto de «alfinetadas».

(Declaração de interesses: sou sócio da ADF há vinte e quatro anos.)
António Daniel

8 comentários:

Hermínio Soares disse...

Há um grande promenor que falta na sua análise, talvez por desconhecimento, quando se refere ao transportar o emblema e nome de Fafe, o Andebol é muito novo a fazer isso, pois existem colectividades que o fazem à mais de sete décadas, nomeadamente o GRUPO DESPORTIVO DE SILVARES, que noutros tempos já teve diversas modalidades desportivas e culturais, infelizmente, por falta de apoios, agora só futebol. Mas num concelho onde se preza muito, e ainda bem, os valores históricos, é bom lembrar esta e outras colectividades que fazem parte da história desportiva e cultural do concelho.

António Daniel disse...

Caro Hermínio, antes demais quero agradecer-lhe ter comentado o post. A ideia fundamental não será querer ocultar todo o historial das várias colectividades. Não tenho esse direito nem o dever para aqui fazer isso. A tese que procuro defender é a quantidade de recursos, financeiros e humanos, que as várias colectividades gastam sem que haja o retorno para o Concelho. O que ganha o Concelho com toda a pulverização de recusos, inclusive do orçamento camarário. originada pelos inúmeros clubes que participam nos diversos campeonatos? O que me parece é que o divertimento é só de alguns. Já alguma vez se inventariaram os orçamentos de todos os clubes de Fafe? Gostaria de saber. Não falo de outros aspectos que, embora sejam assessórios, corroem a acção ppolítica e social. Só pelo facto do presidente da junta gostar ou não do clube, depender as acções junto dos clubes para promoções políticas. Enfim, um rol de situações de desgastam e não levam a lado algum.

Anónimo disse...

Por muito respeito que me merecem todas as associações desportivas fafenses, enquanto tivermos dirigentes tão fracos como temos em Fafe, não vamos a lado nenhum!

Nabais disse...

A AD Fafe necessita de uma revitalização que passa pela construção do novo complexo desportivo e de uma nova estratégia de marketing que aproxime os fafenses da AD Fafe.
Por outro lado, a AD Fafe embora tenha a sua importância maior no concelho, não é a única associação desportiva. Infelizmente, existem algumas que até rivalizam com a AD Fafe. Acho também que a Câmara tem ajudado muito a AD Fafe senão esta já estaria nos distritais.No entanto, não pode ajudar só a AD fafe. Existem outras que também merecem e fazem por isso.
Já agora, tem-se falado muito nos elevados custos de manutenção do estádio. Porque não começam a reduzir despesas e fazem um investimento num campo sintético. Poupa-se água e tratamento de relva a médio prazo.

António Daniel disse...

Nabais, obrigado pelo seu comentário. As suas ideias são pertinentes, mas não concorda que essa pulverização de clubes de futebol é um entrave à possibilidade de Fafe ter um clube que retribuisse o investimento feito?

Nabais disse...

Concordo sim mas o facto de Fafe ter tantas freguesias com futebol na regional é sinónimo de orgulho para muitas delas e não as vejo a abdicar disso em prol do clube da cidade...

António Daniel disse...

Porque não todos abdicarem de algum orgulho e formar-se um clube representativo do Concelho?

Anónimo disse...

A verdade disto tudo é que enquanto os jovens andam ocupados com o futebol não se metem noutros males