27 janeiro 2010

Vestígios da Cultura Castreja no concelho de Fafe

(Castro de Sto Ovídio)

Entre os numerosos vestígios arqueológicos existentes no actual concelho de Fafe, destacam-se os povoados da primeira metade do I milénio a.C., comummente conhecidos por Castros. Estes povoados, formados por casas de pedra, com cobertura de colmo eram por razões de natureza defensiva construídos em locais altos.
As características geográficas do Norte de Portugal, onde o relevo sempre desempenhou um papel importante, proporcionaram o estabelecimento nesta região de inúmeros núcleos populacionais pré-romanos. O actual território do concelho de Fafe foi claramente palco de implantação populacional pré-romana ou castreja, porquanto oferecia garantias de defesa nos sítios altos, permitia a prática de actividades agro-pecuárias e possibilitava o aproveitamento dos recursos fluviais.
Este período histórico é designado pelos historiadores de Proto-História, ou seja, é o período de transição entre a Pré-História e a História, onde o homem se torna gradualmente sedentário, dedicando-se à agricultura, pastorícia e ao artesanato. É neste período histórico que surge o elemento que faz a distinção ente a Pré-Historia e a História – a escrita.
No actual concelho de Fafe, são conhecidos vários povoados castrejos, sendo o mais afamado o povoado de Santo Ovídio, local onde no séc. XIX foi descoberta uma estátua de guerreiro, que se encontra na Associação Martins Sarmento em Guimarães. Num quadro sintético de análise é possível assinalar um conjunto de vários povoados castrejos disseminados pelo actual território concelhio, e que se constituem como elos remotos da história da Fafe:
Na freguesia de S. Gens a 550 m de altitude, encontra-se o Castro da Subidade ou Castro de Paredes. Constituído por quatro linhas de muralhas, foram já aí encontrados vários fragmentos de cerâmica.
Na freguesia de Cepães a 250 m de altitude, destaca-se o Castro da Retortinha. Este povoado teria somente uma linha de muralha, e foram aí igualmente encontrados diversos pedaços de cerâmica.
Na freguesia de Serafão a 450 m de altitude, está identificado o Castro de Vilarelho, sendo que no lugar do Fojo foi encontrada inúmera cerâmica.
Na freguesia de Quinchães a 700 m de altitude no Monte Santinho existiu igualmente um povoado pré-romano, tendo sido provavelmente na Idade Média sido utilizado como local estratégico de defesa.
Em S. Cristina de Arões a 482 m de altitude localiza-se o Castro de Santo Antonino.
Na freguesia de S. Vicente de Passos, mais concretamente no lugar de Lustoso, dada a abundante cerâmica aí encontrada presume-se igualmente a existência de um antigo povoado pré-romano.
Na freguesia de Revelhe em Outeiro Mau terá subsistido um povoado castrejo.
Na freguesia de Ribeiros a 500 m de altitude situa-se o Castro da Portela, área onde se notam importantes vestígios defensivos.
Na freguesia de S. Gens, no lugar de Povoação, supõe-se que onde estão as actuais casas de habitação existiu um Castro.

Daniel Bastos

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Daniel, não posso deixar de felicitar-te por mais este post que maturalmente me agrada muito...estamos a falar de uma incomensurável paixão que tenho pela Arqueologia.
Isto é aquilo que eu chamo democratização de uma vertente pouco conhecida da ciência ao serviço da História.
Os meus parabens!
Não posso, contudo, deixar de complementar este post, informando do infeliz desaparecimento de alguns dos povoados de origem Proto-Histórica, aqui referidos: O povoado de Vilarelho já se encontrava destruído nos anos 80; Santo Antoninho também foi arrazado; Lustoso em Paços foi alvo de fortes agressões; Outeiro Mau em Revelhe pura e simplesmente desapareceu e por último o castro da Portela em Ribeiros começou a ser urbanizado e encontra-se também fortemente ameaçado.
São os sinais dos tempos, a "furia" de um modelo de progresso muito discutível... mas, por cá, quem quer saber de um amontoado de pedras "agonizantes", à merçê da impiedosa máquina escavadora que em poucas horas apaga a memória de muitos séculos.
Isto é que é progresso?
Por vezes tenho vergonha de pertencer a uma sociedade que aos poucos vai aniquilando referências vitais da sua identidade Histórica.
Que a Deusa Minerva ilumine os que, de alguma forma "fazem" o nosso destino.

Anónimo disse...

Por lapso cliquei fora do sítio certo e não me identifiquei no comentário anterior.