06 setembro 2009

Meu querido mês de Agosto


Agosto sempre funcionou como o mês do "dolce far niente", que ainda hoje se faz sentir sobretudo na nossa terra. É o mês dos foguetes sem sentido e intermináveis, das festas desgarradas e do respectivo folclore das vozes esganiçadas. É o mês dos nossos emigrantes que, apesar de considerar benvinda a sua presença, infelizmente não trazem mais valia cultural. É um constante passeio dos símbolos da FPF, é a exibição de musicalidades mais que duvidosas nos seus bólides descapotáveis. Não sabem que o país mudou, que exige mais e, acima de tudo, melhor. É o rococó minhoto no seu máximo expoente. Muito sinceramente, apesar de reconhecer que Agosto representa uma espécie de catarse e uma fuga ao quotidiano, considero que seria importante que quem se dirige à nossa cidade começasse a olhá-la e a vivê-la de outra forma. Contudo, a responsabilidade não se esgota em quem visita mas também quem é visitado deve mostrar bom gosto. Não me pareceu nada agradável ir visitar uma exposição ao espaço exclusivo da Casa da Cultura e ouvir nas colunas colocadas à entrada uma musicalidade que lembra o baile decadente de uma interioridade que ansiamos por fugir.

16 comentários:

Anónimo disse...

creio que este comentário está a ser demasiado generalista. também fui emigrante e la fora, dei mais valor a esta cultura "rococó" de que fala e, se na cultura os emigrantes podem não dar grande valia cultural ate porque estão ca de ferias apenas durante 3 semanas, a nivel economico, Fafe melhora.
exige-se mais participação obviamente mas não so aos emigrantes, também aos de ca, fafenses que estão em casa ou que estão por esse pais fora.

António Daniel disse...

Como autor do texto agradeço ao caro anónimo a sua intervenção. Aliás, este texto, como qualquer outro aqui escrito tem uma intenção fundamental: promover a intervenção e a crítica. Quanto à ideia fundamental do seu texto, é óbvio que não me apoiei em qualquer dado estatístico que poderia dar maior objectividade às minhas ideias, contudo o caro anónimo acaba por concordar comigo que diz «os emigrantes podem não dar grande valia cultural...». Reconheço, efectivamente que, numa situação de ausência das raízes, há uma certa tendência de se exacerbar determinados ritos de origem e de se promover determinados símbolos. Também concordo com o argumento económico. Longe de mim pensar o contrário. Reconheço o peso desse facto. Mas, a minha intenção foi chamar a atenção para a visão redutora dessas mesmas manifestações. Actualmente, Portugal e, por que não dizê-lo, Fafe, são realidades diferentes. Os nossos símbolos ultrapassam a mera alusão «futeboleira» ou folclórica. São símbolos que merecem reconhecimento universal e que passam pela literatura, música e artes em geral, ciência, filosofia. Podia ser por aqui que «os de cá» mostrassem a sua participação, como diz bem no último parágrafo do seu comentário. Infelizmente o que se vê e o que se ouve (nas estridentes colunas de som presentes nas ruas - quem teve essa ideia à Passeio Alegre?) é precisamente o contrário. Mais uma vez, obrigado pelo seu comentário.
PS: O anonimato é um direito que lhe assiste, mas não se identifica com um dever.

António Daniel disse...

onde se lê «contudo o caro anónimo acaba por concordar comigo que diz «os emigrantes podem não dar grande valia...», deve ler-se «contudo o caro anónimo acaba por concordar comigo quando diz «os emigrantes podem não dar grande valia...»

OTB_PunK disse...

Isto Aqui é tudo mesmo muito fantastico pois podemos exprimir as nossas opiniões acerca dos acontecimentos que se vão passando por Fafe, mas penso que há uma coisa que acho e já agora faço sugestãom que é o seguinte:
Ok tudo bem e até reconheço que a maioria das pessoas não saberão mas é que na edição deste ano da Festa Do Avante no Seixal, participaram no Palco Novos valores a banda fafense "ESTROINA" e posso dizer com toda a certeza e com toda a convicção que deram um grande espectaculo, o melhor que aconteceu naquele palco e uma excelente actuação alias se houver aqui mais algum utilizador que esteve lá pode comprovar o que estou a dizer pois eles rebentaram com tudo!! Acreditem não estou só a falar por eles serem nossos conterraneos mas eh pá eles são mesmo bons no que fazem. Já agora para finalizar deixo-vos aqui o myspace deles - www.myspace.com/estroinaataca

António Daniel disse...

Punk, é isso mesmo. Embora de forma imediata o seu comentário não se vincule ao artigo, de forma mediata percebo perfeitamente o que disse. Interpreto-o no sentido de OTB_Punk pretender focar a existência de manifestações em Fafe que poderiam ser muito bem aproveitadas. Concordo inteiramente consigo e, como fafense, sinto-me orgulhoso pela banda. Não conhecia, também por que há muitos anos que não vivo em Fafe mas fiquei a conhecer e estarei, por isso, atento. Obrigado OTB_Punk.

Rui disse...

Conheço os ESTROINA também mas não sabia que tinham ido ao avante.
ja tivemos muitas bandas em Fafe com alguma projecção e qualidade mas são mt pc consistentes. esperamos que eles sejam a excepção

António Daniel disse...

seria interessante alguém fazer um levantamento das bandas que existem e existiram em Fafe. Na minha juventude os Lex Injusta deram cartas, com o Pedro Clash na voz (e que voz), o Filipe Silva na guitarra, o Artur Costa no Baixo e na bateria não me recordo. Depois houve os The Pende...E agora?

Anónimo disse...

na bateria era o Rui

Unknown disse...

Sinceramente é uma alegria.

Fafe ganha vida com os emigrantes!

Eu penso que começa a existir é uma desvalorização dos fafenses pelo que é de Fafe e do comodismo, "do aí eu já conheço tudo em Fafe!" , "aqui não se faz nada..."

:(

Maria F. disse...

Nas manifestações festivas de origem popular, o folclore está quase sempre presente. Folclore é o tipo de cultura de origem popular constituída pelos costumes, lendas, tradições e festas. Folclore (povo e saber). Caracteriza a formação cultural de um povo, por isso deve ser preservado. As manifestações folclóricas são: musicas, danças, artesanato, festas, jogos, religiosidade, usos e costumes e outras actividades culturais que se desenvolveram com o povo. Os portugueses da diáspora também se empenham em manter vivas as tradições

António Daniel disse...

Maria F, fico feliz por dar a conhecer o seu enciclopédismo. Contudo, o que gostaria mesmo é que tivesse um ponto de vista crítico sobre o texto. Obrigado.

António Daniel disse...

Corrijo: onde se lê «enciclopédismo» deve ler-se «enciclopedismo»

Maria F disse...

A religiosidade a que me refiro é precisamente a dos foguetes sem sentido associados às festas religiosas, que nada têm a ver com a Fé ou religião. Também, quem organiza as festas, são os portugueses que residem em Portugal. Quanto aos bólides descapotáveis, acho muito bem que os exibam, para isso tiveram que abandonar as suas terras e viver e trabalhar em outro país. Agosto é um mês de encontros, abraços e apertos de mãos, por isso um mês mais fraterno. No fim do mês, quando todos partem sentimos como que uma espécie de nostalgia. Quanto ao contributo cultural, cada um só dá aquilo que tem e algumas pessoas talvez estejam um pouco desenraizadas da realidade portuguesa apesar de vivermos num mundo global. A maior parte visita o país para arejar as casas, descansar e conviver com amigos e familiares.

Maria disse...

Será exigível aos emigrantes uma qualquer mais valia cultural? Não creio. Conforme também não é de exigir dos milhares de turistas – portugueses ou estrangeiros – que invadem as nossas praias uma participação cultural nas cidades costeiras. Os “banhistas” vêm a procura de sol, calor, mar e areia… de chinelos e biquínis. Os emigrantes vêm a procura de abraços, de matar saudade, de raízes…
Quando diz “não sabem que o país mudou” está enganado. Sabem… mas não querem ver! E pelos vistos Fafe também não quer mostrar.

Mila polícia disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Edward Soja disse...

Olá,

ando à procura de informações sobre os Lex Injusta e, como não sou da zona (sou de Braga) gostava de saber se alguém sabe em que ano se terá formado a banda?

:)