Esta confrangedora imagem pode não repetir-se. De acordo com a manchete do Notícias de Fafe, a Câmara parece estar decidida a separar o sagrado do profano. Esta notícia é, na minha opinião, francamente boa, surpreendente e é a melhor homenagem à data que hoje se comemora. Já várias vezes aqui sublinhei a situação caricata da Srª de Antime fazer a vénia ao poder político. Ainda mais me parecia contraditório por estarmos perante uma Câmara PS, partido que, como se sabe, sempre advogou a separação entre a Igreja e o Estado. Se a notícia for verdadeira significa um salto civilizacional sem precedentes em Fafe. Obviamente que se encontrará quem não siga a minha opinião e se sinta revoltado por tal desiderato, quer porque deposita uma grande importância na tradição, quer porque considera desprestigiante para a fé.
As tradições devem existir. São vinculadoras, promovem laços afectivos e reforçam a pertença. Deixam de fazer sentido quando se tornam anacrónicas. A política não necessita das manifestações de fé religiosa e esta não necessita de se afirmar na política. Quando as duas manifestações se separam reforçam a sua presença. A vénia da Srª de Antime era confrangedora. A fé nunca agradece, caso contrário perde a sua transcendência. Simultaneamente, o poder político é legitimado pela racionalidade e discussão acesa e, por isso, não deve perder a sua imanência.
Se a decisão partiu do Presidente da Câmara, então subiu significativamente na minha consideração.
António Daniel
8 comentários:
Totalmente de acordo.
Com a decisão e com as tuas palavras.
Se me dá licença, faço minhas as suas palavras.
António Daniel, gostei de saber isto! Há pouco tempo escrevi um post (http://pedromiguelsousa.blogspot.pt/2014/04/presidente-da-camara-quer-imprimir-um.html) sobre uma situação que desconhecia e foi o próprio presidente que me disse, as cruzes juntavam-se em frente à Câmara, 'iam ao beija-mão' ao Presidente. Nesse artigo falo desta imagem ridícula, a Senhora de Antime a fazer vénia aos 'reis de Fafe'... Não vi o notícias, mas viste tu e basta-me para ficar agradado com essa mesma informação. Até que enfim que há um Presidente a pensar diferente em Fafe!
Na sua consideração e na minha
Já não era sem tempo de acabar com essa pouca vergonha que alguns teimavam e continuar. Era confrangedor ver, para além de outros, a imagem de Nossa Senhora a fazer a vénia ao Carlos Mota e afins...deprimente. Não sei de quem foi a ideia, mas se foi do Presidente da Câmara só tenho de lhe "tirar o chapéu" e só demonstra que o ar bafiento que se respirava na Câmara começa a dissipar-se.
pretty nice blog, following :)
Concordo por inteiro com o António Daniel. No entanto, quanto ao mérito das decisões, terá que também ser atribuído, na sua quota-parte, ao Pároco Padre Abel Maia pela correcta percepção ao demonstrar concordância com a posição do Presidente Raul Cunha.
Penso que o Pároco terá que fazer alguma pedagogia junto dos fiéis, pois, nem todos entenderão o que está em causa ao suspender tais tradições.
Quanto ao Dr. Raul Cunha, segundo a notícia, ter afirmado perante os restantes elementos do executivo camarário, não querer tirar dividendos políticos da relação com a religião, portanto mantendo as tradições, já não posso concordar. Na relação, deve e haver, da decisão de as suspender, o saldo do lado do crédito ao que parece irá dilatar… não é assim amigo António Daniel?
Abraço!
Raul Cunha nos pequenos gestos tem sido uma boa surpresa para Fafe. Eu que nem sequer votei PS, tenho vindo a concordar em todas as comunicações e decisões que tem tomado.
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