02 junho 2011

Em Redor do Associativismo

Se exceptuarmos “meia dúzia” de associações, em Fafe o associativismo está muito ligado ao desporto e, mais concretamente ao futebol, daí que não se possa considerar uma surpresa a atribuição de apoios técnicos e financeiros a associações que mobilizam centenas de jovens para a prática desportiva. A recente introdução dos relvados sintéticos veio levantar velhas questões. Sem querer desvalorizar este tipo de apoio, parece-me mais importante a construção de polidesportivos em muitas freguesias (uma excelente medida da autarquia) para tornar a prática desportiva acessível a todos, não só aos habituais desportistas. Parece-me essencial, sobretudo, dotar todo o concelho, sobretudo a cidade, de polidesportivos, de aparelhos para ginástica para a terceira idade, de espaços radicais, fomentando o bem-estar e o lazer e, dando a oportunidade das pessoas praticarem desporto livremente, sem terem de pagar por isso. Simultaneamente, iriam desviar muitos jovens de outros vícios… Sou a favor de fomentar hábitos de vida mais saudáveis primeiramente em quem não os tem e só depois incentivar a construção de infra-estruturas, ao nível das associações. Na minha opinião, os relvados sintéticos não generalizam, nem fomentam assim tanto a prática desportiva na população fafense. Primeiro porque não serão públicos, nem gratuitos, nem estarão à livre disposição da população. Mas, embora discuta a prioridade dos investimentos, não discuto o benefício que os mesmos irão trazer às associações, sobretudo ao nível da formação de jovens desportistas. Por isso, não sou contra a construção deste tipo de equipamentos. E, se em Fafe, (como em todo o país) não existe dificuldade em encontrar dezenas de associações desportivas com futebol implementadas em quase todas as freguesias do concelho, já existe maior dificuldade em encontrar associações que verdadeiramente, sejam capazes de diversificar mais a oferta desportiva ou apostar fortemente na dinamização cultural e artística. Para contrariar este estado de coisas, é necessário, também, fomentar nas associações, mesmo naquelas de cariz mais desportivo, a criação de departamentos culturais e artísticos. E, embora as associações gozem de liberdade para realizar e dirigir as suas actividades, aqui, o poder político deve ter uma palavra a dizer. Porque é muito mais útil canalizar dinheiros públicos em associações que fomentem novas formas artísticas, que inovem, criem dinâmicas, diversifiquem actividades e fomentem a prática de outros desportos, mesmo que sejam ainda pequenas. O associativismo em Fafe vive dos apoios, sobretudo públicos, que recebe. E, sobretudo nesta matéria, tem que haver uma linha de actuação clara e uma estratégia que permita, no essencial, diversificar e globalizar o desporto na população fafense e fomentar a adopção de novos hábitos culturais, levando as pessoas a procurar, cada vez mais, a cultura e os espaços e ambientes culturais. Mudar hábitos e rotinas pré-estabelecidas não é uma tarefa fácil. Levar as pessoas à cultura é mais difícil do que levar a cultura às pessoas. Existem associações (Grupo Nun Alvares, a Sociedade Recreio Cepanense, os Restauradores da Granja, entre outras) que já dedicam grande espaço às actividades culturais, sem descurar a componente desportiva, mas ainda são uma excepção à regra no actual contexto associativo concelhio.

Pedro Fernandes

1 comentário:

Juventude Sonica disse...

"Entre outros" A.R.A Bugio....