01 abril 2011

Dinheiros

Todos sabemos que as Câmaras Municipais são instituições que, apesar do muito trabalho feito, são gastadoras. A Câmara de Fafe prepara-se para isto. É muito dinheiro e muito tempo. A duração é de vinte e cinco anos. Não haveria possibilidades de gastar menos reconvertendo equipamentos já existentes? Por exemplo, não seria possível fazer um alargamento da piscina actual ou simplesmente construir uma exterior aproveitando os campos de ténis? Não seria possível construir campos de ténis no Parque da Cidade juntamente com outras estruturas pouco dispendiosas? Há necessidade de grandes obras de requalificação das praças mencionadas, sabendo que, por exemplo, o hospital irá ser transferido? Ou não vai ser? O que irá acontecer aos projectos já aprovados do Hospital e da Escola. Face ao esperado desinvestimento central e à alternância do poder, qual o desenlace? Os próximos anos para Fafe, assim como para o resto do país, não serão brilhantes. Não diria que será uma oportunidade única para a oposição fazer valer as suas propostas, mas não andarei longe.

António Daniel

6 comentários:

Luís disse...

Se o interesse público destas opções é discutível, qual a razão destes investimentos? Será Fafe o principal beneficiado disto? Ribeiro sempre foi um mestre a gerir a sua carreira pessoal, dando uma imagem de "santo", e de uma humildade bacoca. Será que estamos agora a ver Ribeiro a gerir a carreira dos seus filhos? Com um filho arquitecto e uma filha engenheira civil talvez o futuro deles esteja assegurado nessas empresas... Será?
Eu quero acreditar que não hajam outros interesses nestes investimentos para além do óbvio mas parece-me uma solução muito discutivel e duvidosa para Fafe por isso pergunto-me quem irá sair beneficiado com estas parcerias?!
O município ou as empresas? Os fafenses todos ou alguns fafenses?

Camarada Liberal disse...

Caro Luís. A preparação da saída do Dr. Zé Ribeiro está à vista... Fafe vai pagar a sua reforma dourada. Estas PPP são o hipotecar a gestão do concelho nas próximas décadas. Tudo de mansinho, como sempre foi, pela calada da noite. Quem vier atrás que feche a porta.as obras são necessárias.Assim como era necessário todos sermos ricos e felizes. Não faz sentido nada disto. Mas a gestão socielista em Fafe, nunca fez sentido. Por isso Fafe é uma terra sem qualquer fio condutor. Somos cada vez mais uma terrinha do interior, sem recursos, sem empresas, sem emprego, sem estratégia. Que fazer... as pessoas ainda acham que está bem...

Pedro Fernandes disse...

Já manifestei aqui no Blog num artigo de opinião a minha discordância relativamente a parcerias publico-privadas, especialmente no período de recessão económica em que estamos.
Espero que se discutam muito bem a pertinência de alguns investimentos. Compete, por isso, também à oposição lançar ideias e discutir os valores envolvidos para que os fafenses possam estar mais informados sobre este assunto tão importante para o presente e para o futuro concelhio. Acho que há uma grande falta de informação da sociedade perante esta opção neoliberal da autarquia fafense. E quando há uma sociedade desinformada, a acção dos governantes é mais facilitada, mesmo que as opções sejam, no mínimo, muito discutíveis!
Os fafenses têm o direito de saber todos os pormenores deste negócio e o dever de de contribuir com a sua opinião.

Miguel Summavielle disse...

Para não correr o risco de ser extenso demais, deixo o endereço de alojamento da intervenção efectuada na Assembleia Municipal de Dezembro de 2010. Peço-lhes que tenham a paciência de ler…

http://www.ipfafe.com/assembleia/parcerias-publico-privadas-a-nossa-opiniao/

Desde o dia em que escrevi o texto, a situação do País apenas se agravou.
As taxas de juro não param de aumentar. O Governo caiu. Vem aí o FMI e novas eleições. Os bancos não se conseguem endividar e, como tal, não podem “injectar” dinheiro na nossa economia.
Enfim…
Valha-nos, pelo menos, no meio de toda esta tristeza, que a incapacidade de financiamento dos Parceiros Privados deverá impossibilitar as obras de avançar. Isto, claro está, se o Município não decidir garantir o financiamento aos Privados…
Será que o Sr. Presidente não conhece a realidade do País?
Seria bom que os nossos políticos profissionais (todos!) aprendessem a ver o dinheiro público como seu. Certamente não teriam a mesma vontade de o gastar.

Miguel Summavielle disse...

Caro António Daniel,
Na minha opinião, disse-o na última Assembleia Municipal, não haverá novo Hospital. Se com um governo socialista, o Sr. Presidente teria dificuldades em fazer cumprir as promessas (o novo Hospital de Braga foi sendo adiado por quase 3 décadas), o que acontecerá agora com um mais que provável governo PSD.
Como curiosidade, e para podermos medir o conceito de compromisso dos Governos, vejam o que estava previsto, relativamente à Educação, no PEC IV, que não foi, como sabem, aprovado, originando a queda do Governo:

8 - Mais cortes na educação
O Governo quer poupar 450 milhões de euros em 2012 e 2013 com a reorganização da rede escolar e a racionalização de recursos das escolas. Estas são duas das medidas apresentadas na proposta de actualização do PEC, apresentado ontem no Parlamento, e permitem poupar 300 milhões de euros em 2012 e 150 milhões de euros em 2013. O PEC IV diz que as escolas vão aderir aos contratos de Agência Nacional de Compras Públicas e que as escolas do 1º ciclo do Ensino Básico com menos de 21 alunos vão encerrar. A reorganização de agrupamentos escolares vai continuar e os sindicatos já avançaram que serão 280 os novos mega-agrupamentos no próximo ano lectivo. O PEC IV REFERE, AINDA, QUE VÃO SER REVISTOS OS CALENDÁRIOS DA CONSTRUÇÃO DE EQUIPAMENTOS ESCOLARES QUE ESTAVAM PREVISTOS PARA 2011.

Fafe foi um dos primeiros Municípios a assinar a carta educativa, avançando com a reforma do parque escolar de que resultou o encerramento de inúmeras Escolas Primárias. Curiosamente (ou talvez não!!!), a construção da nova Escola Secundária ainda não arrancou. Na Assembleia Municipal, o Sr. Presidente foi reafirmando o compromisso do Governo na construção, manifestando-se tranquilo e confiante.
Como podemos ver, nem iria avançar…

Alex disse...

Segundo o sítio do Ministério das Finanças, "O lançamento e a contratação da parceria público-privada pressupõem uma clara enunciação dos objectivos da parceria, definindo os resultados pretendidos e permitindo uma adequada atribuição das responsabilidades das partes, bem como o desenvolvimento de estudos que evidenciem as vantagens relativamente a formas alternativas de alcançar os mesmos fins"

Existem esses estudos? E já agora, é público e transparente quanto investe cada um e quanto vai ganhar cada um?

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Quanto à escolha destes investimentos em detrimento de outros é uma escolha política e não "técnica". Mas ela foi pelos vistos aprovada pela Câmara e pela Assembleia, ou seja, pelos responsáveis políticos eleitos.

E a escolha parece-me fácil de fazer.. entre saneamento ou parque de estacionamento, entre melhores escolas ou novos campos de ténis, entre melhoria das acessibilidades aos edifícios públicos e novas piscinas...

E julgo que a escolha dos fafenses não seria a escolha que está a ser feita pelos eleitos pelos mesmos fafenses.
E aí é que fica desvirtuada a democracia.

Quanto ao recurso às PPP é uma moda desta "esquerda moderna" e da "nova direita". Por isso tenham cuidado ao dizerem mal destas parcerias porque podem ser catalogados de "retrógrados" ou de "ingénuos", e de estarem a fazer "aproveitamento político".