29 outubro 2009

Florêncio Monteiro Vieira de Castro (1853-1925)


(Casa onde foi recebido o rei D.Carlos em 1906 e 1907, actual Rua António Saldanha)

Uma das mais importantes personagens políticas fafenses na transição do séc. XIX para o séc. XX, senão a mais importante do período monárquico, Florêncio Monteiro Vieira de Castro, chegou a receber em 1906 e 1907 o rei D. Carlos I em sua casa.
O pai de Florêncio Monteiro Vieira de Castro, que almejou fortuna no Rio de Janeiro, estabeleceu-se em Fafe durante a segunda metade do séc. XIX, como importante negociante.
O monsenhor João Monteiro Vieira de Castro, como o seu irmão Florêncio foi um dos maiores dinamizadores da construção do Hospital de Fafe, ocupando um papel de destaque na política local da época. Administrador do município nos últimos anos do séc. XIX, e por diversas ocasiões Presidente da Câmara, chegou inclusive a desempenhar em Lisboa alguns mandatos como deputado.
Florêncio Monteiro Vieira de Castro, não seguiu o sacerdócio do irmão João, formou-se em direito, tornando-se num dos mais importantes advogados do município de Fafe.
A família Monteiro Vieira de Castro ocupou e desempenhou papéis sócio – políticos importantes, assumindo-se como uma elite preponderante em Fafe. No alvorecer do séc. XX, os irmãos Monteiro Vieira de Castro impulsionavam e integravam o “Club Fafense da Villa de Fafe”.
A chegada do comboio a Fafe no domingo de 21 de Julho de 1907, teve também o cunho de Florêncio Monteiro Vieira de Castro. Membro integrante da comissão de festejos, foi proponente do telegrama que foi expedido por ocasião da inauguração da linha – férrea ao rei D. Carlos I, onde era assinalada a importância desta no desenvolvimento do município.
A actividade política de Florêncio Monteiro Vieira de Castro, enquanto presidente do Partido Progressista em Fafe, levou a que fosse na “viragem do século” por diversas vezes Vereador e Administrador do concelho. Advogado e proprietário, pertencente à elite dos mais abastados do município, foi também um dos mais influentes, mantendo estreitas ligações aos centros de poder nacional, como comprovam as recepções a D. Carlos I.
O fim da monarquia em Portugal em 1910 alterou radicalmente a dimensão política deste monárquico convicto, que com a implantação da República foi profundamente afectado pelo seu posicionamento político – partidário. Contrariamente, o seu primo directo e antigo adversário monárquico regenerador, Artur Vieira de Castro, em Novembro de 1910, aparecia na primeira lista de adesões da Comissão Municipal Republicana de Fafe, tendo sido entre 1913 e 1926 diversas vezes presidente da Comissão Executiva da Câmara, assim como Provedor da Misericórdia, continuando a exercer um importante papel sócio – político como o que exercera durante a monarquia.
As exéquias do antigo líder progressista revelaram ainda as estruturas simbólicas do poder monárquico fafense: «O sr. conde d’Azevedo portou uma coroa da comissão monárquica de Fafe e o sr. Fernando de C. A. e Leite portou outra da Juventude monárquica conservadora de Fafe. A chave do féretro foi condusida por seu genro, sr. dr. Álvaro M. de Campos Carvalho».

Daniel Bastos

5 comentários:

António Daniel disse...

Peço desculpa ao Daniel, mas a casa não seria a que se dispõe ao lado desta? Espero não demonstrar muito a minha ignorância, mas creio que a recepção se fez na casa de azulejo azul. Pelo menos foi-me transmitido por um familiar anterior proprietário do imóvel. Se estiver errado, peço desculpa.

Daniel Bastos disse...

Caro António Daniel:

Primeiramente queria agradecer as suas palavras e a sua observação muito pertinente.
Pela investigação que fiz para este trabalho (este artigo é um pequeno excerto) publicado na Revista Cultural "Dom Fafes" n.º 13/14, surgiu-me também na altura a mesma questão, e as informações colhidas inclinam-se para a casa de azulejo azul.
No entanto, esses dois "palacetes" da rua António Saldanha eram contíguos, e foram recebidos pelo Dr. Florêncio Monteiro Vieira de Castro após o casamento com Gracinda Sousa Carneiro sobrinha de um abastado “brasileiro torna viagem” que os mandara construir. Pelo que penso que a perspectiva que se deve dar seja a de contiguidade, sendo que solicitei a substituição da foto (por uma que evidencia as duas casas), e estava convencido que era essa que tinha enviado.

Peço desculpa por só agora dar essa informação, mas não tive até agora oportunidade de poder prestar esta correcção.
Um abraço amigo

Daniel Bastos

António Daniel disse...

Caro Daniel, obrigado pela resposta. Já agora deixe afirmar com 90% de certeza que o Rei foi recebido na casa azul, tendo para o efeito sido construída uma escadaria até à sacada do primeiro andar. E afirmo isto por que a minha avó, já falecida, contava com orgulho que, irrequieta como era, foi até ao primeiro andar para ver o Rei. Esta história foi-me confirmada por uma tia ainda viva. Da mesma forma, um tio da minha mãe foi comprador das duas casas e sempre o ouvi dizer o mesmo. Obviamente que o que acabei de dizer não tem relevância objectiva e muito menos histórica, mas fica pura e simplesmente como título de curiosidade.

Anónimo disse...

Sou sobrinho neto do Dr. Florêncio M. Vieira de Castro e ainda passei várias férias com a minha avó nas casas em questão.
Para vossa informação as csas tinham um salão comun que ocupava grande parte do 1º andar (quando vistos desta praça)que se terminava por uma pequena capela já na casa amarela. O rei D. Carlos, cuja fotografia esteve presente no salão até as casas serem vendidas, foi recebido nesse salão.

Hugo disse...

Caro Daniel Bastos,

Se desejar, para completar o seu artigo, posso enviar lhe uma foto do Florencio Monteiro Vieira de Castro.
Tenho em posse uma fotografia antiga original dado que era meu tetra-avô.

Cumprimentos
Hugo